SEXTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2012
AINDA SOBRE O MENSALÃO - TEXTO DE SILVIO CALDAS.
Ainda sobre o Mensalão
Autor: Sílvio Caldas
O julgamento ainda não terminou e pelo andar da carruagem, na prática Zé pegará no máximo prisão em regime semi-aberto ou coisa menor. Esse é o sistema e temos que nos submeter. Entretanto o julgamento passará para a História do país, não tanto pelo resultado, mas por certos pronunciamentos e certos comportamentos de alguns ministros. Hoje em dia, graças aos recursos tecnológicos, podemos apreciar através da televisão não só os pronunciamentos, mas as expressões faciais e o cinismo ou a sinceridade de todos os presentes. Quem quiser, por exemplo, pode tornar a assistir o grande ministro Celso de Melo dizer: “A ordem jurídica, senhor Presidente, não pode permanecer indiferente a condutas de membros do Congresso Nacional ou de quaisquer outras autoridades da República – que hajam eventualmente incidido em censuráveis desvios éticos e reprováveis transgressões criminosas, no desempenho da elevada função de representação política do Povo Brasileiro. Sabemos todos que o cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros, por legisladores probos e por juizes incorruptíveis. O direito ao governo honesto – nunca é demasiado reconhecê-lo – traduz uma prerrogativa insuprimível da cidadania. A imputação, a qualquer membro do Congresso Nacional, de quantos que importem em transgressão ao decoro parlamentwr revela-se de fato que assume, perante o corpo de cidadãos, a maior gravidade, a exigir, por isso mesmo, por efeito de imposição ética emanada de um dos dogmas essenciais da República, a repulsa por parte do Estado, tanto mais se se considerar que o Parlamento recebeu, dos cidadãos, não só o poder de representação política e a competência pra legislar, mas também, o mandato para fiscalizar os órgãos e agentes dos demais Poderes.” O voto do Ministro foi longo – merecidamente longo. Não dá para reproduzir tudo aqui. Pronunciamento digno de um Rui Barbosa, no mínimo. Nada obstante, outro ministro acabou por defender na sessão seguinte a tese que Zé não sabia de nada e de nada participou em relação ao Mensalão. É ver para crer.
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