O LÍDER HORÁCIO DE OLIVEIRA NETO - POR GILBERTO AVELINO.
O LÍDER HORÁCIO DE OLIVEIRA NETO,
Por Gilberto Avelino.
GILBERTO AVELINO
Com licença, mas agora não vou falar. No centenário do nascimento de Horácio de Oliveira Neto, meu pai, falará por mim o poeta, o orador Gilberto Avelino. Como? Já não vive? É engano. Mais uma ilusão do tempo inventado. Gilberto vive em seus escritos, no lirismo de sua poesia, na memória dos amigos, na saudade de sua terra, Macau, em Deus. O texto a seguir, de sua autoria, escreveu-o por volta do ano 2000, pouco antes de nos deixar. Uma homenagem póstuma a meu pai, a quem admirava, e a quem acompanhou politicamente, falecido em 1º. de maio de 1999, dia do trabalho. O trabalho, que era um de seus lemas: "Organização e Trabalho”, anunciava sempre o homenageado.
Horácio Paiva
Horácio Paiva
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“De Horácio de Oliveira Neto, sempre se acercaram a saga do trabalho, o poderoso espírito de organização e a mística da honradez. Além de constituir-se, entre nós, no vitorioso homem de comércio, sobressaiu-se na qualidade de político sensível e talentoso. Egresso da condição de Vice-Prefeito, sob o signo de um poder oligárquico, dele desabraçou-se, atendendo ao imperativo da sua consciência democrática. Veio para as hostes da brava resistência da oposição macauense, passando a comandar, com obstinação e coragem, ponderáveis parcelas dos operários da sua terra, especialmente os vinculados à classe marítima, aos quais se devotava com lealdade e inexcedível solidarismo. Pelos méritos, aliás, por todos proclamados, fez-se, com singular legitimidade, candidato ao cargo de Prefeito Constitucional, de Macau, enfrentando vigorosa oligarquia, que dominava o povo há mais de vinte anos. Luta, terrivelmente, desigual, a que se atrelavam os benefícios públicos e a elite burguesa da terra, em favor do candidato situacionista. Horácio, o “Horacinho”, como o povo, carinhosamente, o chamava, não recebia, de ninguém, qualquer ajuda financeira; tudo era custeado às suas expensas, vindos os meios pelo canal do seu suor e do seu sacrifício. Afora o peso eleitoral da cidade, a enfrentar-se, eram agregadas, a esse expressivo contingente de eleitores, as forças subordinadas à oligarquia, que se concentravam no distrito de Pendências. Horácio e o velho Pedro Alves de Medeiros (o seu vice) não resistiram. Perderam a eleição. Perdemos, pois eu era um liderado do comandante Horácio de Oliveira Neto. O povo estava atento, e desdobrava-se em vigilância. Não se conformava, sob nenhuma hipótese, com a dominação dos oligarcas. Queria Macau sem dono, sem chefe. Macau encontrando-se com o futuro, com o seu “bom destino”. Conspirava-se, com permanência, pela liberdade na terra do sal. Horácio e os amigos avaliávamos aliança e, depois de bem cerzida, veio a evidência: aliar-se a Venâncio Zacarias, o patriarca dos “salineiros”. E a luta ganhou proporções ou dimensões gigantescas, só terminando com a retumbante e soberana vitória de Venâncio Zacarias de Araújo e Horácio de Oliveira Neto, o nosso “Horacinho”, para Prefeito e Vice-Prefeito da nossa “terra calma e boa”. É oportuno pôr, em letras acesas, as palavras minhas, no discurso que proferi, ao aproximar-se o encerramento da memorável campanha: “Parafraseando Bonaparte, eu vos digo - do alto desta tribuna, vinte e três anos de oligarquia vos contemplam; e, a partir desta data, jamais voltarão a contemplar-vos.” Sou, ainda, profundamente grato ao demorado aplauso da multidão, em incontida alegria cívica. Macau deve muito a Horácio, e a sua memória, com os seus exemplos, há de ser preservada. Reafirmo: se ele houvesse obtido o mandato, os rumos ou os caminhos da nossa gente seriam outros. Se, algum dia, amigo meu vier a conquistar o poder (executivo) nesta terra, eu lhe pediria - com a concordância da família, é o obvio, trasladem-se os restos mortais, para o chão salgado do cemitério “Monsenhor Honório”, do grande líder falecido (1º. de maio de 1999) e sepultado (02 de maio de 1999) em Natal, aos 86 anos de idade, e, a uma bonita rua desta terra, consagre-se o seu nome.
Gilberto Avelino”
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Horácio Paiva, poeta
E-mail: horacio_oliveira@uol.com.br
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Crédito: LÚCIA HELENA
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