domingo, 1 de julho de 2012

EIS QUE O DOMINGO RETORNA À NORMALIDADE. É DIA DE VIVER E RECORDAR, NUNCA ESQUECER.
PARABÉNS MINHA FILHA THEREZA RAQUEL PELOS SEUS 45 ANOS DE EXISTÊNCIA

Zé Martins
PALAVRAS

A noite tritura comigo tuas palavras
Ouve, atenciosamente, como novas palavras
Suaves exterminadoras da paz cardíaca
Nave morfológica mortífera, letal.

A noite replica, na noite, a confusão,
Ouve nas palavras videntes tua libertação
Expressões verbais liberadas que aliviam
Teu pobre, nobre, desloucado poder vil.

Os caminhos soltos são livres na noite
E o desespero passa na porta da frente
Acelerando insistente ataque cardíaco

A noite ouve palavras decifrar segredos,
Ouve, na brisa fria, ressoar o cântico,
E o descanso encontra o medo.




MIRANDELA

(cidade à qual fiz uma curta visita em 18/10/09)


Deslumbra o nosso olhar, descendo a estrada,
vê-la espalhada ao fundo pelo vale...

- As casas debruçadas sobre o Tua
onde vem ter o curso (e continua)
das águas do Tuela e Rabaçal

Pelas encostas são extensos olivais
e outra vegetação enchendo espaços...

- Um acenar como quem ama
mostrando com carinho esses sinais
e com fulgor!

São gentes de Valpaços,
Torre de Dona Chama,
Macedo, Vila Flor...

Gentes de Trás-os-Montes cuja glória
se espalha bem por séculos de História
no passado!
E que hoje ainda ostenta
nas coisas, nos espaços que apresenta,
um brilho que quer ver continuado!

Paremos no jardim à beira-Tua...
Olhemos o espectáculo de luxo
que dá aquela altura do repuxo
espumando sobre a água onde flutua
um ar bem merecido de descanso

(Que o Tua nasce ali, tem seu remanso
formando os sonhos seus à luz da lua)

Olhemos a romana ponte bela
de arcos desiguais que lhe dão graça!
Vejamos a alegria de quem passa
sobre ela:
- Com ar de tanto orgulho os habitantes
- Com fotos em sorriso os visitantes

Ao lado a ponte nova.
Em frente a rua principal
que por mais concorrida
é apenas pedonal;
E a graça da cidade continua
por extensa avenida,
até ao seu final

Cidade onde um comboio tão atraente
nos guia até ao sonho...

Na calma trasmontana que se sente
ali desde o começo!

Mirandela,
são pobres estes versos que componho
já que ao de leve apenas te conheço...

Mas prometo voltar com tempo e calma
para melhor te visitar!
A ti, que entraste fundo na minha alma
Já que comigo vieste no olhar!



João Salvador

Visto-me de pensamentos

Hoje sinto-me desnudado … de sentimentos.
Sou um ser errante, um caminhante perdido,
Sem rumo, olvidado no esquecimento, de mim próprio.
Deambulo num sonho inócuo e desabitado!
Não encontro o pensar no espírito.
Vivo o agora numa lentidão que me sufoca,
Vivo num corpo inabitado e despido de vida.
Sinto-me um ser errante,
Levitando em penosas nuvens suspensas.
O vazio acariciar-me, beijar-me a mente!
Sou um espectro que vagueia pelo tempo,
Que passa lento e pachorrento,
Sorvendo pensamentos gastos,
Que lembro mas não apago!
Sinto-me ausente, no entanto …
Nesse pensar incoerente e confuso,
Vislumbro as trevas de mim próprio.

De repente, a névoa desvanece … sinto-me gente!
Sou um ser nu que recusa velhos sentimentos,
Que se veste de repente dos mais belos pensamentos;
Alimento-me agora de sorrisos, de momentos,
Dos instantes, das caricias que inflamam a vida!
Uma recompensa, em cada ensejo vivido.
Em cada sorriso que esboço,
Em cada gesto que me move,
Em cada beijo que sinto …
Em cada paixão,
Mesmo que mascarada pelo amor!
Em cada dia …
Nesses confusos sentimentos experimentados,
Nutro a vida que me veste a alma e me enxuga as lágrimas!

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