"DOSSIÊ MEGAEVENTOS" - (XXVI)
- Dra. Lúcia Capanema ______________
A DESTRUIÇÃO DO NÚCLEO DE TERRAS E HABITAÇÃO DA DEFENSORIA DO RIO DE JANEIRO
Em carta aberta à sociedade, datada de março de 2011, o Conselho
Popular do Rio de Janeiro denuncia que as comunidades ameaçadas de remoção, as que estão
sendo mal indenizadas ou removidas para casas nos confi ns da cidade, e as que foram
despejadas e dependem do “aluguel social” por prazo indeterminado, estão vendo reduzidos o seu
direito de defesa.O atual Defensor Geral trabalha para desorganizar o Núcleo de Terras e Habitação da
Defensoria Pública do Rio de
Janeiro (NUTH), única instituição estadual que se dedica a
defender e a buscar minorar os impactos da perda da moradia promovida pela prefeitura em razão da
construção de vias e outras obras que preparam a cidade para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
O novo Defensor Geral, Nílson Bruno, foi eleito por seus pares com
o slogan: Defensoria para os Defensores, com a pretensão de aumentar o distanciamento dos
assistidos e dos movimentos sociais e aumentar a intimidade com as autoridades. Ao amarrar os núcleos
mais produtivos como o NUTH e o Núcleo de Direitos Humanos (NDH), fere de morte o
princípio da independência funcional dos Defensores, que se dedicam à primazia da dignidade
da pessoa humana e à redução das desigualdades sociais, objetivo primeiro determinado no
Estatuto dos Defensores Públicos
(Lei Complementar n.º80/1994).
O Conselho Popular tem procurado o diálogo e já realizou uma
reunião no início de 2011 com o Defensor Geral, mas agora assistimos à diminuição do quadro de
estagiários do NUTH e à destituição da coordenadora, desestabilizando ainda mais os trabalhos. A
recentemente aprovada Resolução DPGE n.º 569, que cria o Comitê Extraordinário no
período de execução da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, enfraquece ainda mais o NUTH e
o Núcleo de Direitos Humanos,
além de ensejar acordos com as autoridades estatais em detrimento
dos interesses dos assistidos, pois não contempla a participação da sociedade e nem
de defensores historicamente comprometidos com a defesa dos cidadãos.
6.2. Acesso a bens públicos
A liberdade de ir e vir, nesta seção tratada como acesso a espaços
públicos e direito à locomoção pela cidade, tem sido ameaçada em alguns casos de “faxina social”
associados à realização da Copa e dos Jogos Olímpicos.
Em audiência pública sobre os impactos da Copa, ocorrida em Belo
Horizonte, o representante do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em
Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis denunciou que os
moradores de rua, independentemente de idades e condições físicas e mentais, têm sido submetidos a
truculentas ações em que são abordados durante a madrugada por fi scais da
Prefeitura. “Com um caminhão e escolta da Polícia Militar, estes fi scais
recolhem os utensílios pessoais dos moradores de rua e em seguida lavam com jatos de água fria a
calçada em que estes moradores dormiam.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário