terça-feira, 7 de junho de 2011


MOACYR GOMES DA COSTA – 84 anos de grandeza

Primogênito da família, veio ao mundo em sete de junho de 1927, de parto laborioso, na gloriosa terra de Caicó, que contou com a assistência das mãos santas de “Mãe Quininha”, daí a herança da têmpera e determinação do seridoense.
Infância feliz, mas sem nenhuma fartura, o que lhe rendeu logo cedo, a busca do trabalho, com passagem pela Base Aérea Americana de Parnamirim. Terminada a II Guerra Mundial, com 18 anos apenas, foi até Penha, onde papai era Juiz e contou que estava desempregado e precisava buscar outras plagas – o Rio de Janeiro. Após relutância, papai concordou e passou a deslindar o problema: arranjar dinheiro para a viagem e comprar uma passagem. Conseguiu 500 mil réis e foi até o seu amigo Ruy Paiva, gerente da Companhia Costeira de Navegação, propondo-lhe comprar a passagem de 3ª. Ruy protestou e disse que não admitia que o filho de um amigo viajasse nessa classe e lhe arranjou um camarote, dizendo mais que papai lhe pagaria quando e como pudesse. Dessa forma Moacyr “pegou um Ita (Itanagé) e foi pro Rio morar”, levando os trocados que papai conseguiu e uma carta para o tio Luiz. Lá, quando chegou, já estava uma comitiva de amigos, dos quais recordo ele ter falado, dentre outros, em Armando e Aníbal Cavalcanti, Inácio Meira Pires, Uilon Cabral e o tio Luiz.
Neste particular vale relatar um acontecimento inusitado. No dia da partida (dia dos Reis Magos de 1946), papai veio de trem para Natal e foi levar Moacyr no Cais do Porto. Pelas 5 da tarde o navio zarpou. O velho não pôde evitar uma lágrima atrevida de saudade do filho. Em alto mar e já com o cair da noite, surge uma avião fazendo razantes sobre o navio, atraindo todos para o convés. Parece que no navio estaria uma namorada do piloto. E, em dado momento, viu-se um clarão – o avião caiu e o Comandante deu ordem para procurar sobreviventes e realmente os encontrou – eram dois. Diante do quadro de gravidade, teve de voltar a Natal para deixá-los e somente zarpando no outro dia. Moacyr voltou para a casa de vovô onde papai estava dormindo. Bateu à porta e o velho assustou-se. E tudo recomeçou até o embarque definitivo.
Na escola regular, se sobressaiu pelo seu traço nos desenhos ilustrados dos seus cadernos, o que atraiu a atenção da família, inclusive do Tio Luiz Gomes da Costa, já então consagrado engenheiro na Capital Federal, já falecido.
Desde então despontava como promessa de um futuro arquiteto, com a ajuda desse tio vencedor no Rio de Janeiro.
Na cidade maravilhosa rendeu-se às suas belezas, ao seu povo e à sua boemia. Conheceu muita gente boa e celebridades, deixando lembranças. Uma dessas personalidades foi Dinarte de Medeiros Mariz, cuja afinidade decorrera do fato de virem da mesma região, além da amizade com papai, que o trouxe de volta ao Rio Grande do Norte, dando-lhe várias incumbências e daqui não saiu mais. Aliás, sobre Dinarte, constatei o fato marcante que tem muito a ver com Moacyr, pois quando mamãe corria risco de vida durante o seu parto, mãe Quininha, temerosa, procurou Dinarte e pediu ajuda e ele foi até Currais Novos e de lá trouxe o médico Mariano Coelho que resolveu o problema. Isso Moacyr soube do próprio Dinarte, o que esclarece a razão da grande amizade que papai lhe dedicava.
Apesar de “craque da prancheta”, com projetos divulgados até no exterior e apesar dos convites insistentes, optou pela vida pacata, feliz e romântica de Natal, o que curte até os dias presentes, prestigiado pela família e por amigos.
Moá, como carinhosamente o chamamos, não tem inimigos, pois perdoa a todos, inclusive os que procuram desmerecê-lo em algum jornal ou injustiçá-lo na administração pública, gestões próxima e remota. As paixões ocuparam uma boa parte de sua existência, tanto que custou a casar, mas quando o fez, acertou em cheio, completando-se com Iris, seus filhos José Neto, Flávio, Eduardo, Maria da Graça e seus netos Flavinho e Gabiel.

É o homem que desconhece o ócio, continua trabalhando, com o mesmo traço firme e idéias avançadas. Está na história da cidade de Natal, com pelo menos dois monumentos – o Estádio Machadão, cognominado de “Poema em Concreto Armado” pelo ex-governador Cortez Pereira


e o Pórtico da Cidade. Em relação ao primeiro, tem movido uma campanha lúcida e corajosa, porquanto a insensatez dos governantes anunciam a sua demolição, para em seu lugar erguer a “Arena das Dunas”, assunto que vem ocupando destaque nos noticiários da imprensa local e nacional.
No dia de hoje, em que atinge os 84 de vida, fazemos esta singela homenagem, afirmando nossa gratidão e o orgulho por tudo o quanto você representa para a família e para a nossa terra potiguar. Um grande abraço do irmão Carlos Gomes

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