quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


RELÍQUIAS DA HISTÓRIA DA MÚSICA (final)
Com o presente texto, encerro a série em que procurei contar um pouco da história da música no nordeste, reproduzindo o trabalho denominado "A fábrica de melodias", atribuído aos pesquisadores: Moacir Barbosa de Souza, Professor adjunto da UFRN, coordenador do curso de Comunicação Social. Pesquisa a história da mídia sonora, com ênfase na indústria fonográfica e a evolução tecnológica da radiodifusão. Blog:http://www.historiadoradio.myblog.com.br E-mail: moacirbs8@oi.com.br; moacirbs@click21.com.br e Luiz Maranhão Filho, Professor adjunto da UFPE e Faculdade Maurício de Nassau. Pesquisa a história do rádio pernambucano. Foi diretor da TV Universitária e Rádio Universitária. em que nos aponta os grandes nomes da música pernambucana, ainda através do selo “Mocambo”. O meu objetivo foi incentivar os leitores a acessarem na internet as pesquisas desses dois professores e as suas referências publicadas.
O fim da fábrica de melodias
Mesmo com a indústria consolidada e já sendo conhecida em todo o nordeste, atraindo valores desde o Ceará até a Bahia, o fim da gravadora Mocambo é atribuído, em primeiro lugar, à perda gradativa de espaço na cultura regional, a partir do aparecimento do rock’n’roll. Em segundo lugar, como golpe de misericórdia, aparece a tragédia que se abateu sobre a capital pernambucana em 1977: fortes chuvas fizeram com que o Rio Capibaribe, que banha a cidade, sofresse um transbordamento atingindo
afluentes e canais, provocando o caos em vários bairros e deixando quarteirões inteiros alagados e destruídos.

José Rozenblit se encontrava no eixo Rio-São Paulo, fechando contratos, quando recebeu a notícia da catástrofe. Embarcou no primeiro avião e assistiu, desolado, lá do alto, o cenário dantesco. Do desembarque no Aeroporto Guararapes, seguiu direto para a Estrada dos Remédios e não teve acesso à sua fábrica. A rua estava interditada pelo Corpo de Bombeiros e a Mocambo estava embaixo dágua. Os jornais do dia seguinte registraram a sua imagem aos prantos diante do ocorrido. Não teve para quem apelar.
Autoridades públicas não lhe deram respaldo: apenas promessas vãs. Foi o melancólico
fim de um sonho.
Referências:
BANDEIRA, Manuel. Os maracatus de Capiba. In: ___. Poesia e prosa. Rio de Janeiro:
J. Aguilar, 1958. v.2, p.274-276.
CÂMARA, Renato Phaelante da; BARRETO, Aldo Paes. Capiba: é frevo meu bem. Rio
de Janeiro: Funarte - Instituto Nacional de Música, 1986.
FERNANDES, Aníbal. Estudos pernambucanos. Recife: Editora Massangana/Fundação
Joaquim Nabuco, 1982.
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Por oportuno, quero dizer do grande prazer que tive em reviver momentos inesquecíveis dessa história, que em parte acompanhei, quando entre 1948 e 1954 participei da vida artística do nordeste, como artista da Rádio Poti de Natal, com passagem por Fortaleza, onde gravei um disco com a orquestra do maestro Mozart Brandão, na PRE-9 - Rádio Clube de Fortaleza, de cuja orquestra participava o consagrado compositor Evaldo Gouveia.
Foi exatamente em Fortaleza onde conheci o Sr. Jones, representante da Rosenblit e que me convidou a ir a Recife fazer uma temporada na Rádio Tamandaré e gravar na Mocambo, o que deixei de atender por exigências familiares (eu tinha 11 anos), sendo substituído pelo cantor Agnaldo Rayol, levado pelo meu então empresário Francisco Gomes de Sales. Certamente se eu tivesse cumprido esse contrato a minha história teria sido outra, pois eu já conhecia e cantara junto com outro jovem da minha geração chamado Paulo Molin, nome já consagrado no mundo artístico do nordeste e já tinha em meu repertório a música de Dosinho - "Ponta Negra" e ele era um representante da Mocambo em Natal. De qualquer forma veleu a pena relembrar os tempos de ouro da minha juventude.
A propósito, recomendo a leitura do "Dicionário da Música do Rio Grande do Norte",

da autoria da escritora Leide Câmara.


Obrigado pela atenção dos meus leitores e amigos.

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