segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

RELÍQUIAS DA HISTÓRIA DA MÚSICA III
Na sequência das nossas informações sobre a história da música, obtidas na internet, através de trabalho denominado "A fábrica de melodias", atribuído aos pesquisadores: Moacir Barbosa de Souza (2) e Luiz Maranhão Filho(3), trazemos a participação do Rio Grande do Norte nesse contexto musical.

Em Natal,por exemplo, em 1955, o compositor Dozinho convidou o Trio Puracy (do qual fez parte o cantor Agnaldo Rayol) para gravar um disco na Mocambo. A gravadora exigiu do produtor (o próprio Dozinho) a garantia de serem colocados no comércio natalense pelo menos quatro mil discos para evitar um fracasso financeiro, já que o trio era desconhecido. O impasse foi resolvido por Aldo Medeiros, diretor-superintendente da recém-inaugurada Rádio Nordeste e proprietário da Importadora Omar Medeiros, que tinha uma seção de comercialização de discos. A venda superou as expectativas e lançou Agnaldo Rayol, na sua primeira gravação profissional.

O cantor ficou pouco tempo no trio; em 1956 seu pai, Agnelo Rayol, que era militar, foi promovido a suboficial e transferido para o Rio de Janeiro para reger uma banda. Como Agnaldo ainda dependia financeiramente do pai, acompanhou-o ao Rio onde deu início à sua carreira artística.
Outro nome que fez a Mocambo Dozinho – Seu nome verdadeiro é Claudomiro Batista de Oliveira. Embora ficasse conhecido como compositor de frevos, sua carreira teve início com composições
para campanhas publicitárias e políticas. Foi assistente de orquestra da Rádio Nacional no Rio de Janeiro e trabalhou na Gravadora Copacabana como agente e na Mocambo como representante (em Natal, nos anos 1960, produziu e apresentou um programa na Rádio Trairy, aos domingos, denominado Fábrica de Melodias, onde tocava os últimos sucessos da gravadora Mocambo, que ele recebia com exclusividade; foi em
homenagem à Mocambo que este trabalho leva aquele título). Começou a compor na
década de 1940. Em 1952, teve suas primeiras composições gravadas, o samba-choro
Há sinceridade nisso, e o baião Se tocá eu danço, feitos em parceria com Manezinho
Araújo e Carvalhinho e gravados por César de Alencar, dois de seus maiores sucessos.
Compôs a música de carnaval "Marta Rocha", em homenagem à então miss Brasil, que visitava a cidade de Natal e que permaneceu inédita. Em 1955, Os Cancioneiros gravaram, de sua parceria com Genival Macedo, o baião Menino de pobre.
Em 1957, Os Cancioneiros gravaram pelo Mocambo os frevo-canções Tempero de
pobre e Fantasia de capim, que também figuram entre seus maiores sucessos. Quando
lançou o LP "Primeiro ensaio", recebeu o seguinte elogio de Câmara Cascudo:
"Dozinho tem a linguagem musical. Diz todas as suas emoções na linha melódica, doce,
clara, fácil, com uma naturalidade de fonte. E uma grandeza espontânea de
predestinado". Compôs também O mais querido, hino do ABC Futebol Clube, popular
clube de futebol de Natal. É considerado um dos grandes do carnaval brasileiro ao lado de nomes como Capiba e Nelson Ferreira. Depois de atuar no Rio de Janeiro e no
Recife, retornou para a cidade de Natal, onde vive atualmente. Foi homenageado no
carnaval natalense de 2007.
_____________________
2 Professor adjunto da UFRN, coordenador do curso de Comunicação Social. Pesquisa a história da mídia sonora, com ênfase na indústria fonográfica e a evolução tecnológica da radiodifusão. Blog:http://www.historiadoradio.myblog.com.br E-mail: moacirbs8@oi.com.br; moacirbs@click21.com.br
3 Professor adjunto da UFPE e Faculdade Maurício de Nassau. Pesquisa a história do rádio pernambucano. Foi diretor da TV Universitária e Rádio Universitária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário