domingo, 20 de fevereiro de 2011


ANDANTE
Ciro José Tavares

Cavaleiro sou, castelos conquistei
e corações das damas com canções de amor.
As inquebráveis cordas do alaúde,
São dos cabelos de Dandrane, irmã de Parsifal,
meu condutor na jornada à Terra Santa
para juntos encontrarmos o cálice sagrado,
com o sangue recolhido do corpo de Jesus.
Na volta ao rei mostramos mãos vazias, sonhos fugidios.
E vaguei por vagar, além do Mosela e do Loire,
ouvi nas cantigas das ninfas as lembranças.
Longos vestidos rendilhados das senhoras,
O crepitar dos archotes suspensos nos salões,
a suavidade musical das sarabandas,
o arrebatamento no bailado dos casais,
diáfanas brumas dos albores nas campinas,
vésperas sob vermelhos e amarelos dos ocasos,
luz dos plenilúnios derramada nos jardins,
a beleza céltica dos gestos refletida nas donzelas.
Cavaleiro fui, consumido pelo tempo,
Que me fez cúmplice da dor e da saudade,
Andarilho solitário, vigia de estrelas.
E vaguei por vagar despido de escudos e armaduras,
na busca do Santo Graal que jamais encontrarei.

Fevereiro de 2011.

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