ENQUANTO OUTUBRO NÃO VEM
Valério Mesquita*
O Rio Grande do
Norte é conhecido e estigmatizado por gastar o tempo com discussões marginais,
supérfluas e estéries. Soou a trombeta eleitoral do inicio da campanha do ano
2.022. E com ela fica decretado que os homens públicos estão livres do jugo da
ação da mentira. Não mais será preciso usar a carcaça da desfaçatez para
denegrir o seu semelhante. A praça pública não pode transformar-se em rinha
real, escarlate, com suas armadilhas e surpresas. Que a baba e a saliva dos
profissionais da política não estilhacem vidraças. E que os ácidos
laboratoriais com seu chiado contínuo e enfadonho não prevaleçam sobre os lares
honrados.
É preciso exorcizar
as teorias esquisitas do pântano enganoso das bocas detratoras. Pelos caminhos
do litoral e do agreste não vamos esquecer o andarilho alísio caminheiro
portador de boas novas de milho e feijão verde. Do Mato Grande o vento carpidor
e viajante vai modelar no dorso a canção triste de antigas estiagens. No
palanque do dono da eleição nenhum vento plangedor romperá a brida do cavalo
aboiador.
Nessa eleição é
preciso que a verdade seja servida antes da sobremesa. Lembrem-se que candidato
e eleitor são lobo e cordeiro e que jantarão juntos . O pasto do político é
qualificado mas ele sabe que a fome é certa. Determinados candidatos possuem
uma malandra e esperta fome de guaxinim. E o eleitor sempre foi um ser
privatizável, inconsciente e circunstancial. Vamos cultivar as boas ações. Tudo
vai passar. Aquelas de melhores dividendos serão leiloadas pelo Banco da
Providência. Imprivatizável. Indevassável. Anti-Proer. Inassaltável. Lugar onde
o dinheiro jamais poderá comprar o sol das manhãs vindouras. Local onde os
moedeiros falsos do papel podre do FPM, do ICMS, do FUNDEF jamais entrarão.
Mesmo diante do difícil e corruptível instituto da reeleição, que os eleitos
saiam das urnas limpos e acreditados. O processo eleitoral não pode se cobrir
de manchas e distorções irreparáveis. O político é um ser que ama somente a si
mesmo. É tempo de divórcio. É obrigatório flertar com o povo porque no baile da
eleição é proibido o uso de máscaras. Passou a pandemia.
(*) Escritor
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