RÉQUIEM PARA UM EXTRAORDINÁRIO SUCESSO
Em
1953, sob forte pressão da oposição política e midiática, mas com apoio
de parcela de militares, o Presidente Getúlio Vargas consegue
criar, no dia 3 de outubro, a Petrobrás.
Aumentam
as pressões, deturpam-se fatos e envenenam-se reputações. Getúlio é
levado ao suicídio em 24 de agosto de 1954. E prossegue,
após 65 anos, a campanha contra a Petrobrás, embora ela não mais exista
desde que Fernando Henrique Cardoso, Iris Rezende, Raimundo Brito e
Luiz Carlos Bresser Pereira assinaram a Lei 9.478, em 6 de agosto de
1997.
Por
que? Porque a Petrobrás seria mais uma empresa a competir, no interesse
nacional brasileiro, no concentradíssimo universo do petróleo;
um cartel mundial, hoje controlado pelo sistema financeiro
internacional (a banca, como abreviadamente o designo).
Vejamos
um pouco desta história, uma história de muitas mortes, corrupções,
guerras e golpes de estado que nada fica a dever a outros
cartéis de crime.
O
petróleo é conhecido deste a antiguidade pelas exudações. Sucintamente o
petróleo é um produto oriundo da matéria orgânica que sofreu,
ao longo do tempo, as transformações e pressões físico-químicas e
geológicas que resultaram no bem número um da civilização industrial
sobre rodas.
Esta
civilização foi criada nos Estados Unidos da América (EUA) e imposta no
mundo inteiro pela mais intensa e bem sucedida campanha
de comunicação de massa, com o suporte de agências de espionagem e
golpes e das forças armadas estadunidenses.
O
petróleo é a energia mais usada no planeta. Em 2016, ele representou,
sob as formas líquida e gasosa, 57, 41% do que o mundo consumiu.
Apenas na forma líquida superou um terço (33,28%), conforme dados da BP
Statiscal Review of World Energy.
A
história deste indispensável produto para a civilização do consumo
(lembrar o uso de petroquímicos no seu cotidiano) passou por fases
que, em síntese, definem onde se exerceu o poder sobre o petróleo.
Pode-se
determinar que da origem de seu empoderamento, final do século XIX, até
as crises da segunda metade do século XX, o domínio do
petróleo foi do que a indústria denomina “downstream”, isto é, dos
produtores de derivados, em oposição ao “upstream”, os produtores do
petróleo bruto ou cru e do gás natural.
Isto
fica claro ao se confrontar os preços do barril de petróleo cru,
praticamente imutável ao longo de todo período de 1900 a 1974.
Enquanto os derivados sofriam grandes variações, com as guerras, as
demandas dos crescimentos e quedas das recessões.
Em
dólares de 2013, podemos verificar que o preço do barril de petróleo
ficou, no início do século passado, em torno dos US$ 15. Entre
1913 e 1923, quando os EUA deixaram de ser autossuficientes na produção
de cru, US$ 20. Após esta data, com o domínio dos EUA de produções no
estrangeiro, volta, até 1974, ao entorno dos US$ 15.
A
partir daí o petróleo atenderá também ao “upstream”. Este fato levará a
diversas oscilações com patamares mais elevados sendo de US$
30, para os períodos de menor preço, e de US$ 50, para os de maior
preço, com o máximo de US$ 115,22, em 2011, sempre a dólares de 2013.
Atualmente
a banca domina a indústria do petróleo. A consulta aos maiores
acionistas das empresas internacionais de petróleo indicará
tão somente empresas financeiras. E este capital é constituído de
investidores que nos remetem a empresas em paraísos fiscais.
A
Petrobrás foi constituída para abastecer o Brasil de derivados. Logo
teve diante de suas diretorias, por todos os governos, excluído
o iniciado em 1995 e seus seguidores, os desafios das
autossuficiências: na disponibilidade de reservas de petróleo, no
processamento dos óleos nacionais e importados, na malha de dutos,
terminais, frotas marítimas que levassem o cru e os derivados a todos
os pontos do território nacional.
Também
pelas deficiências das empresas privadas de distribuição, a Petrobrás
criou a segunda maior empresa brasileira, a Petrobrás Distribuidora,
que, durante todo período anterior a 1995, enfrentando as mais diversas
crises, manteve o Brasil com produtos do petróleo.
Mesmo
assim, a Petrobrás, lutando contra as permanentes campanhas da mídia,
de governantes aliados ao capital estrangeiro, das espionagens,
das sabotagens e toda sorte de mentiras a seu respeito,
de corruptos que se apossaram de cargos em sua estrutura
organizacional, cumpriu as metas desejadas por Getúlio Vargas: tornou o
Brasil inteiramente autossuficiente de petróleo,
não apenas pela existência dos recursos naturais descobertos, mas pelo
domínio integral das tecnologias desde a prospecção exploratória até a
produção de derivados petroquímicos e
fertilizantes. Também, adiantando-se ao fim da
era do petróleo barato (muito bem descrita pelo engenheiro Felipe
Coutinho, “O Fim do Petróleo Barato e do Mundo que Conhecemos”, GGN o
jornal de todos os brasis, 16/09/2017), a Petrobrás,
com sucesso, ampliou para a área da bioenergia sua atuação: produzindo
etanol da cana de açúcar e biodiesel.
E,
ainda, foi para o exterior, demonstrando competência exploratória, ao
descobrir grande reserva de petróleo onde as “majors” fracassaram
(Majnoon). Por fim, como mais outra prova de capacitação, está
produzindo, em menos de 10 anos de descobertos, 50% do petróleo
brasileiro do pré-sal, uma fronteira tecnológica dominada.
Sadia
econômica, financeira, tecnicamente, a Petrobrás está sendo destruída
pelas legislações casuísticas, inconstitucionais emendas
constitucionais e pela gestão de prepostos da banca.
O
povo brasileiro, desinformado pela mídia antinacional e mentirosa, não
vê, nem entende, que tão bem sucedida e competente empresa,
seja fragmentada, vendida a preços verdadeiramente ridículos para o
controle do sistema financeiro. E, por favor, não me venham com
corrupção, pois a maior de todas é aquela praticada pela banca, como
demonstra o judiciário brasileiro.
Réquiem ou revolução?
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
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