sexta-feira, 29 de agosto de 2014

GUGA



                                                                  Eduardo e Mônica
Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil
                Lá em épocas passadas, anos 60, quando em Natal podia-se andar tranqüilamente pelas ruas, fazer serenatas pelas madrugadas, dormir nas casas de praia nos terraços com as portas e janelas abertas, sair dos bares a pé pelas madrugadas, tudo isto sem ser molestado por ninguém, conheci dois jovens que moravam em um hotel/pousada localizado na Rua Felipe Camarão, Cidade Alta.

                Eduardo e Mônica, ele universitário, calmo e meio recatado, estudioso, não bebia, não fumava, ela ao contrário, extrovertida, gostava de fumar (cigarro normal), tomar umas e de um papinho nos bares das noites e madrugadas mal dormidas. Tipo do casal para se dizer- não dá certo, Tomé com Bebé.

                Bom, a nossa amizade foi aumentando e passei a freqüentar o Hotel onde tinha as tardinhas um bom bate papo, um violão e uma cervejinha com tira gosto. O dono um senhor que se chamava Renato, muito parecido com um cidadão que trabalhava no Programa do Chacrinha, da Rede Globo de Televisão cujo apelido era Russo. Eu como sou muito brincalhão passei a chamá-lo Renato Russo, não existia o cantor nem o conjunto Legião Urbana.   Como o senhor Renato tratava com muito carinho Eduardo e Mônica passei também a afirmar que os dois eram filhos de Renato Russo e assim ficou enquanto a minha freqüência na pousada.

                Pois bem, o destino nos prega umas peças que custamos a acreditar. Os dois passaram a namorar do namorico passou para namoro sério, noivado, e aí vem o mais trágico, casaram-se e são felizes até hoje.

                Trágico, porque depois do casamento, não nos vimos mais até este mês de agosto. Os dois viajaram para Brasília e perdemos o contato.

                Pois bem, como dizia o grande filósofo Brenju “esse mundo dá muitas voltas” estava eu sentado na Confeitaria Atheneu, em uma tarde de uma quinta feira (nossa turma só vai no sábado) tardinha quase noite, quando para um táxi e dele desce um casal. A mulher muito bonita, a sua beleza corporal logo me chama a atenção. Olhei bem, fitei o seu rosto, aproximei-me do casal e disse baixinho – Eduardo e Mônica? Eles se viraram, fitaram-me e gritaram.  Gugaaaaa.  Levantaram-se e foi aquele abraço a três, alegria total naqueles segundos, sentamos e vêm às perguntas de praxes para quem não se vê há muito tempo. Como estás? Continuas trabalhando? Em que? Casou? Quantos filhos? Estão casados? Quantos netos? E a esposa? Pois bem respondidas todas as perguntas deste longo questionário vem os comentários.

                Mônica mais alegre e “faladeira” vai abrindo a “caixa de ferramenta e falando tudo que tem direito.

                - Guga como Natal mudou, puxa vida cara, muito diferente do nosso tempo. Guga o trânsito em Natal está uma verdadeira bagunça, que coisa horrível, os semáforos quase todos como iluminação precária, as arvores cobrindo esses semáforos e ninguém respeita nada, se dirige em baixa velocidade na faixa da esquerda, se você pede passagem não é atendido,  faltam policiais. Olha Guga o trânsito em Natal é uma lástima.

                - Olha Mônica, na Avenida Campos Sales estão colocando cones dividindo as faixas para pedestres caminharem e a outra para os veículos. Bom até aí tudo bem, mas, entretanto e, no entanto, essas faixas ficam além das sete horas, em uma das artérias principais da nossa cidade. É como você disse, Natal mudou muito e sete horas da manhã para muita gente “é meio dia” é hora de trabalho, então essas pessoas têm que esperar a boa vontade de algumas dondocas e marmanjos que não podem acordar mais cedo para caminhar, e o mais grave não diz qual a faixa para pedestre que normalmente deve ser à direita, mas... Olha diz o aviso – se não souber lê pergunte ao guarda- Como não sei, ia um “amarelinho” recolhendo os cones, aproveitei para perguntar – para que esses cones? O amarelinho respondeu que era para separar os veículos dos pedestres. E qual a faixa de veículos? Sabe o que ele me respondeu? Qualquer uma das duas pode?  Só fiz ri e pensei comigo mesmo “meu Deus onde fui me meter.” Mas, já falei muito, continue.

                - Guga você não tem saudade de Maurílio Pinto, seu pai coronel Bento, Hernani Hugo. Na época desse povo bandido não tinha vez. Hoje lendo os jornais e vendo a televisão fico espantada Guga, a segurança pública é uma vergonha amigo. Onde vamos parar? O povo não vai reagir? Sei não no nosso tempo era diferente, os estudantes iam para as ruas, Palácio do Governo, Quartel da Pólicia e exigiam atitudes. Hoje estamos mudos, passivos “tô vendo , tô vendo tudo, mas fico calado faz de conta que sou mudo.” Como canta Zé Ramalho.

                Eduardo mais calmo comenta: Guga é verdade que uma vereadora denunciou e provou que existe cargos fantasmas na Câmara Municipal de Natal? E que ainda teve um outro vereador que teve a petulância de dizer que era politicagem da oposição. Quando é que esse povo vai criar vergonha e aprender a respeitar o dinheiro público.  Está na hora de dar um basta nisso, e a justiça começar a agir.

                - Amigo por falar em justiça você leu a entrevista do professor e subprocurador geral da República Edilson França quando ele declara: JUSTIÇA NÃO É INDEPENDENTE E ESTADO BRASILEIRO ESTÁ FALIDO. E acrescenta. “Como vou acreditar numa justiça em que a cúpula dela é toda trazida pelo Presidente da República?” É amigo acho que quando chegamos a um ponto de um membro da justiça ficar descrente dessa Justiça é porque a coisa ta feia demais. Mas  vamos falar em coisas boas, se lembra do nosso tempo...

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