Eduardo e Mônica
Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil
Lá
em épocas passadas, anos 60, quando em Natal podia-se andar tranqüilamente
pelas ruas, fazer serenatas pelas madrugadas, dormir nas casas de praia nos
terraços com as portas e janelas abertas, sair dos bares a pé pelas madrugadas,
tudo isto sem ser molestado por ninguém, conheci dois jovens que moravam em um
hotel/pousada localizado na Rua Felipe Camarão, Cidade Alta.
Eduardo
e Mônica, ele universitário, calmo e meio recatado, estudioso, não bebia, não
fumava, ela ao contrário, extrovertida, gostava de fumar (cigarro normal),
tomar umas e de um papinho nos bares das noites e madrugadas mal dormidas. Tipo
do casal para se dizer- não dá certo, Tomé com Bebé.
Bom,
a nossa amizade foi aumentando e passei a freqüentar o Hotel onde tinha as
tardinhas um bom bate papo, um violão e uma cervejinha com tira gosto. O dono
um senhor que se chamava Renato, muito parecido com um cidadão que trabalhava
no Programa do Chacrinha, da Rede Globo de Televisão cujo apelido era Russo. Eu
como sou muito brincalhão passei a chamá-lo Renato Russo, não existia o cantor
nem o conjunto Legião Urbana. Como o
senhor Renato tratava com muito carinho Eduardo e Mônica passei também a
afirmar que os dois eram filhos de Renato Russo e assim ficou enquanto a minha
freqüência na pousada.
Pois
bem, o destino nos prega umas peças que custamos a acreditar. Os dois passaram
a namorar do namorico passou para namoro sério, noivado, e aí vem o mais
trágico, casaram-se e são felizes até hoje.
Trágico,
porque depois do casamento, não nos vimos mais até este mês de agosto. Os dois
viajaram para Brasília e perdemos o contato.
Pois
bem, como dizia o grande filósofo Brenju “esse mundo dá muitas voltas” estava
eu sentado na Confeitaria Atheneu, em uma tarde de uma quinta feira (nossa
turma só vai no sábado) tardinha quase noite, quando para um táxi e dele desce
um casal. A mulher muito bonita, a sua beleza corporal logo me chama a atenção.
Olhei bem, fitei o seu rosto, aproximei-me do casal e disse baixinho – Eduardo
e Mônica? Eles se viraram, fitaram-me e gritaram. Gugaaaaa.
Levantaram-se e foi aquele abraço a três, alegria total naqueles
segundos, sentamos e vêm às perguntas de praxes para quem não se vê há muito
tempo. Como estás? Continuas trabalhando? Em que? Casou? Quantos filhos? Estão
casados? Quantos netos? E a esposa? Pois bem respondidas todas as perguntas
deste longo questionário vem os comentários.
Mônica
mais alegre e “faladeira” vai abrindo a “caixa de ferramenta e falando tudo que
tem direito.
-
Guga como Natal mudou, puxa vida cara, muito diferente do nosso tempo. Guga o
trânsito em Natal está uma verdadeira bagunça, que coisa horrível, os semáforos
quase todos como iluminação precária, as arvores cobrindo esses semáforos e
ninguém respeita nada, se dirige em baixa velocidade na faixa da esquerda, se
você pede passagem não é atendido,
faltam policiais. Olha Guga o trânsito em Natal é uma lástima.
-
Olha Mônica, na Avenida Campos Sales estão colocando cones dividindo as faixas
para pedestres caminharem e a outra para os veículos. Bom até aí tudo bem, mas,
entretanto e, no entanto, essas faixas ficam além das sete horas, em uma das
artérias principais da nossa cidade. É como você disse, Natal mudou muito e
sete horas da manhã para muita gente “é meio dia” é hora de trabalho, então
essas pessoas têm que esperar a boa vontade de algumas dondocas e marmanjos que
não podem acordar mais cedo para caminhar, e o mais grave não diz qual a faixa
para pedestre que normalmente deve ser à direita, mas... Olha diz o aviso – se
não souber lê pergunte ao guarda- Como não sei, ia um “amarelinho” recolhendo
os cones, aproveitei para perguntar – para que esses cones? O amarelinho
respondeu que era para separar os veículos dos pedestres. E qual a faixa de
veículos? Sabe o que ele me respondeu? Qualquer uma das duas pode? Só fiz ri e pensei comigo mesmo “meu Deus
onde fui me meter.” Mas, já falei muito, continue.
-
Guga você não tem saudade de Maurílio Pinto, seu pai coronel Bento, Hernani
Hugo. Na época desse povo bandido não tinha vez. Hoje lendo os jornais e vendo
a televisão fico espantada Guga, a segurança pública é uma vergonha amigo. Onde
vamos parar? O povo não vai reagir? Sei não no nosso tempo era diferente, os
estudantes iam para as ruas, Palácio do Governo, Quartel da Pólicia e exigiam
atitudes. Hoje estamos mudos, passivos “tô vendo , tô vendo tudo, mas fico
calado faz de conta que sou mudo.” Como canta Zé Ramalho.
Eduardo
mais calmo comenta: Guga é verdade que uma vereadora denunciou e provou que
existe cargos fantasmas na Câmara Municipal de Natal? E que ainda teve um outro
vereador que teve a petulância de dizer que era politicagem da oposição. Quando
é que esse povo vai criar vergonha e aprender a respeitar o dinheiro
público. Está na hora de dar um basta
nisso, e a justiça começar a agir.
-
Amigo por falar em justiça você leu a entrevista do professor e subprocurador
geral da República Edilson França quando ele declara: JUSTIÇA NÃO É INDEPENDENTE
E ESTADO BRASILEIRO ESTÁ FALIDO. E acrescenta. “Como vou acreditar numa justiça
em que a cúpula dela é toda trazida pelo Presidente da República?” É amigo acho
que quando chegamos a um ponto de um membro da justiça ficar descrente dessa Justiça
é porque a coisa ta feia demais. Mas vamos
falar em coisas boas, se lembra do nosso tempo...
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