terça-feira, 8 de julho de 2014

Copa do Mundo 2014


Futebol, Carnaval e Cinzas
Por CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

            Foi uma tarde sombria, uma derrota drástica para um pentacampeão do mundo. Mas amanhã será outro dia.
            Futebol é um esporte que nos fornece alegrias ilusórias, pois depende de muitos fatores: preparo físico, conhecimento dos fundamentos, amor à camisa e desempenho dos adversários.
            Tive o privilégio de acompanhar o Brasil na Copa do Mundo, desde 1950, onde os craques foram Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico e que perderam na última etapa para o Uruguai.
            No jogo de hoje contra a Alemanha foi demais, mas não culpo ninguém em particular. Tivemos torcida, conforto, apoio, promoção, carnaval, mas o adversário foi mais valoroso, sério, eficiente e soube respeitar a nossa seleção jogando cuidadosamente e com integral responsabilidade.
            A derrota não é o fim, mas pode ser um começo para todos – governantes, dirigentes e desportistas. O futebol de hoje é mercenário, diminuindo aquele amor que existia nos atletas, que até levavam as camisas para lavar em casa diante da precariedade financeira dos clubes. Hoje, já no intervalo, a roupa do atleta é descartada, pois por trás disso existem os patrocinadores que ganham muito dinheiro, como igualmente os jogadores, que dividem a sua tarefa com propaganda lucrativa.
            Quando se tornam craques são cobiçados pelos times tradicionais do País, como mercadoria de grande valor e vão logo para o estrangeiro, criando um espaço entre o seu interesse e o do seu País de origem.
            Enfim, são as coisas dos tempos atuais, de difícil compreensão e recuperação.
            Vamos aprender uma lição com esse resultado – primeiro mostrando aos nossos governantes que existem prioridades para a qualidade de vida do povo e o excessivo gasto com estádios ou arenas bem que poderia ser dividido com inúmeros outros equipamentos urbanos de primeira necessidade. Terminou a Copa e o legado foi muito menor do que deveria ser. A FIFA não perdeu nada, e certas categorias do comércio e da indústria, também. Mas o povo continua mal servido de hospitais, escolas, mobilidade urbana, segurança.
            Em segundo lugar, os times precisam olhar com mais carinho para o elemento humano das suas equipes, dando-lhe condições materiais de vida e capacidade profissional, deixando em segundo plano o lucro com a negociação dos jogadores.
            Terceiro, uma boa parcela da imprensa carece de mais profissionalismo e deixar de tanto besteirol, escalando time, comentando bobagens e enchendo o saco.
            A Alemanha desenvolveu um trabalho com sua equipe por anos seguidos, enquanto o Brasil só faz convocação às vésperas.
            Não sejamos hipócritas, desde os primeiros jogos já sentíamos a má qualidade da seleção, mas o “oba-oba” era mais forte. Agora o resultado foi Futebol, Carnaval e Cinzas.
            Aprendemos muito, principalmente com o belo comportamento do torcedor do Brasil, que em verdade foi só quem acertou. Vamos dar a volta por cima, encarar com mais seriedade esse negócio de futebol e já podemos começar sábado, com uma demonstração de mais amor ao Brasil.
Tenho esperança de assistir, ainda, a próxima Copa e continuo firme na torcida: SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO E MUITO AMOR.

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