Futebol, Carnaval
e Cinzas
Por
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor
Foi uma tarde sombria, uma derrota
drástica para um pentacampeão do mundo. Mas amanhã será outro dia.
Futebol é um esporte que nos fornece
alegrias ilusórias, pois depende de muitos fatores: preparo físico,
conhecimento dos fundamentos, amor à camisa e desempenho dos adversários.
Tive o privilégio de acompanhar o
Brasil na Copa do Mundo, desde 1950, onde os craques foram Barbosa, Augusto e
Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico e que
perderam na última etapa para o Uruguai.
No jogo de hoje contra a Alemanha
foi demais, mas não culpo ninguém em particular. Tivemos torcida, conforto,
apoio, promoção, carnaval, mas o adversário foi mais valoroso, sério, eficiente
e soube respeitar a nossa seleção jogando cuidadosamente e com integral
responsabilidade.
A derrota não é o fim, mas pode ser
um começo para todos – governantes, dirigentes e desportistas. O futebol de
hoje é mercenário, diminuindo aquele amor que existia nos atletas, que até
levavam as camisas para lavar em casa diante da precariedade financeira dos
clubes. Hoje, já no intervalo, a roupa do atleta é descartada, pois por trás
disso existem os patrocinadores que ganham muito dinheiro, como igualmente os
jogadores, que dividem a sua tarefa com propaganda lucrativa.
Quando se tornam craques são
cobiçados pelos times tradicionais do País, como mercadoria de grande valor e
vão logo para o estrangeiro, criando um espaço entre o seu interesse e o do seu
País de origem.
Enfim, são as coisas dos tempos
atuais, de difícil compreensão e recuperação.
Vamos aprender uma lição com esse
resultado – primeiro mostrando aos nossos governantes que existem prioridades
para a qualidade de vida do povo e o excessivo gasto com estádios ou arenas bem
que poderia ser dividido com inúmeros outros equipamentos urbanos de primeira
necessidade. Terminou a Copa e o legado foi muito menor do que deveria ser. A
FIFA não perdeu nada, e certas categorias do comércio e da indústria, também.
Mas o povo continua mal servido de hospitais, escolas, mobilidade urbana,
segurança.
Em segundo lugar, os times precisam
olhar com mais carinho para o elemento humano das suas equipes, dando-lhe condições
materiais de vida e capacidade profissional, deixando em segundo plano o lucro
com a negociação dos jogadores.
Terceiro, uma boa parcela da imprensa
carece de mais profissionalismo e deixar de tanto besteirol, escalando time,
comentando bobagens e enchendo o saco.
A Alemanha desenvolveu um trabalho
com sua equipe por anos seguidos, enquanto o Brasil só faz convocação às
vésperas.
Não sejamos hipócritas, desde os
primeiros jogos já sentíamos a má qualidade da seleção, mas o “oba-oba” era
mais forte. Agora o resultado foi Futebol, Carnaval e Cinzas.
Aprendemos muito, principalmente com
o belo comportamento do torcedor do Brasil, que em verdade foi só quem acertou.
Vamos dar a volta por cima, encarar com mais seriedade esse negócio de futebol
e já podemos começar sábado, com uma demonstração de mais amor ao Brasil.
Tenho esperança de assistir, ainda, a próxima Copa e continuo firme na
torcida: SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO E MUITO AMOR.
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