América Futebol Clube
O América Futebol Clube do Rio Grande do Norte, carinhosamente chamado de "Mecão" completa hoje 99 anos de glórias.
Apesar dos precários registros documentais, o clube foi fundado no dia 14 de julho de 1915 na residência do juiz Joaquim Homem de Siqueira, no Beco da Lama (hoje rua Vaz Gondim), bairro da Cidade Alta, quinze dias depois da fundação do ABC. Contudo, sob o prisma legal, o América é o clube mais antigo do Rio Grande do Norte, haja vista que o seu registro em Cartório aconteceu no dia 03 de junho de 1919, enquanto nosso maior rival só providenciou o seu registro em 13 de dezembro de 1927.
Há
uma outra versão sobre a oficialização do clube, narrada pelo velho americano
Lauro Lustosa, que diz que num treino no campo da praça onde hoje é a Catedral,
“o então Coronel Júlio Canavarro de Negreiros Melo, Comandante do 40º Batalhão
de Caçadores, que ali passava no dia 3 de junho de 1918, foi atingido por um
chute e mandou o seu ordenança, com um sabre, furar a única bola que o clube
tinha para treinar e jogar, tendo sido o América obrigado a buscar sua personalidade
jurídica para poder entrar com uma ação indenizatória, através do advogado
Bruno Pereira. Para tanto, os estatutos foram registrados pela primeira vez no
dia 3 de julho de 1918, no Primeiro Ofício de Notas, em documento assinado pelo
então presidente Oswaldo da Costa Pereira.” Essa ação não chegou a ser julgada
porque o Governador Ferreira Chaves resolver indenizar o clube, evitando
maiores consequências do incidente, com cujo valor foi adquirida nova bola,
marca “olimpic” e uma sobra ficou para as comemorações. Mas o América então
passou a ter existência legal.
O Alvirubro começou glorioso, como
primeiro campeão oficial da cidade em 1919, ano do registro, enquanto o ABC foi
campeão oficial em 1928. Nesse intervalo de tempo (1919 a 1927), o América
ganhou todos os títulos disputados, exceto no ano de 1925, que foi ganho pelo
Alecrim Futebol Clube.
O clube, quase secular, atuou em
muitas modalidades esportivas, apesar do nome incluir somente o futebol. Por
isso, tem um caminho notável de conquistas e se mantém firme no carinho da
sociedade potiguar, como o clube de futebol mais simpático, com uma
extraordinária e fiel torcida, das maiores do nordeste brasileiro.
Dos clubes do Estado do Rio Grande
do Norte, foi o único a disputar a série A do Campeonato Brasileiro, promovido
pela CBF atualmente e a participar de uma competição internacional - a extinta
Copa Conmebol, por ser campeão da Copa do Nordeste no ano de 1998 e campeão da
Taça Norte-Nordeste em 1973.
Segundo defendeu Gil Soares, os fundadores foram em número de 27, todos jovens idealistas, entre os quais alguns membros da família Siqueira, embora outros depoimentos falem em apenas 15 rapazes entusiastas.
Segundo defendeu Gil Soares, os fundadores foram em número de 27, todos jovens idealistas, entre os quais alguns membros da família Siqueira, embora outros depoimentos falem em apenas 15 rapazes entusiastas.
Muitos fundadores arcavam com os gastos para manter o clube, registrando-se Aguinaldo Tinôco, que também era zagueiro e capitão do time.
Ganhar o campeonato daquele de 1922 na disputa da Taça da Independência em homenagem ao centenário da Independência do Brasil. Na final, João Maria Furtado, conhecido como "De Maria" fez o único gol da partida frente aos eternos rivais americanos, o ABC Futebol Clube.
Daí por diante a sua trajetória foi
de muitas outras glórias, alguns campeonatos repetidos.
Após o
terceiro bicampeonato de 1930-1931, o América amargou 10 anos sem vitórias
locais, voltando a ser campeão só em 1942. Esse período, denominado período negativo
do futebol potiguar, ficou marcado pelo Deca-campeonato do ABC, cujas conquistas
têm uma história pouco lisonjeira, conforme anota a Wikipédia.
Nos anos 1940
e 1950, a equipe alvirrubra repetiu o bom desempenho em competições estaduais,
conquistando o bicampeonato em mais três ocasiões: 1948, 1949, 1951, 1952 e
1956, 1957. O destaque dessa época foi o atacante Saquinho, tido como maior
centroavante que já vestiu a camisa alvirrubra potiguar.
A 9 de
dezembro de 2005 pela Lei Municipal Nº 5.697 foi criado o ‘Dia do América
Futebol Clube’. A data comemorativa no calendário da cidade homenageia a
fundação do clube, sendo comemorada mesmo no dia 14 de julho.
Na data de 3
de outubro de 2003, foi publicada no Diário Oficial do Município a Lei n°
5.493, de autoria do vereador Hermano Morais, que foi seu Presidente,
reconhecendo o América Futebol Clube, como de Utilidade Pública Municipal.
Saliente-se que em 7 de Novembro de 1928, através da Lei nº 707, o clube foi o
primeiro a ser reconhecido como de Utilidade Pública Estadual.
Por
necessidades internas do clube, esteve licenciado da Federação no período de
1959 a 1966, enquanto promovia a construção de sua nova Sede Social da Avenida Rodrigues
Alves, esquina com a Rua Maxaranguape, aproveitando o maravilhoso terreno comprado
por iniciativas do presidente José Gomes da Costa, em 1929, juntamente com
Orestes Silva, Tenente Júlio Perouse Pontes, Clóvis Fernandes Barros e Osmar
Lopes Cardoso com recursos dos mesmos e doado ao América, todo o quarteirão
onde hoje está plantado o seu maior patrimônio – “A Babilônia da Rodrigues
Alves”, sem esquecer que anteriormente construiu a primeira sede, aliás, o
primeiro clube de futebol do Estado a possuir uma sede social própria, fato
ocorrido na gestão do Presidente Humberto Nesi e levantada a primeira pedra no
dia 14 de julho de 1945, com entrada pela Rua Maxaranguape, nela incluído um
campo de futebol. A obra foi inaugurada na gestão de José Rodrigues e que foi marcada
por um amistoso frente ao ABC, ganho pelo América por 6 x 2 (gols de Marinho,
Pernambuco -duas vezes, Alínio, Tico e Gargeiro contra, descontando Albano duas
vezes para o ABC) no dia 10/07/1948.
Graças à
generosidade dos amigos Manuel Fagundes e Jairo Procópio, tive acesso aos
documentos referentes à compra do terreno onde o América Futebol Clube ergueu a
sua sede, constatando os exatos termos da transação, retificando versão então
divulgada: o referido imóvel da Rodrigues Alves nº 950, bairro do Tirol,
naquele tempo considerado como do Quarteirão da Av. Campos Sales, bairro de
Cidade Nova, foi adquirido ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte, na
gestão do meu pai José Gomes da Costa, então Presidente em dois períodos,
iniciados, respectivamente, em 08 de abril de 1929 e 10 de maio de 1939,
conforme inúmeros artigos e livros sobre o fato, pela quantia de nove contos de réis, conforme
autorização feita pelo Ofício nº 368, datado de 21 de maio de 1929, emitido no
Palácio da Presidência, tendo sido objeto de escritura pública lavrada no livro
134, fls. 36 a 38, em 02 de junho daquele ano, no Cartório de Notas do tabelião
Miguel Leandro, hoje pertencente ao acervo do 1º Ofício de Notas desta Capital,
tendo sido a escritura assinada, em nome do América, pelo Tenente Júlio Perouse
Pontes, Vice-Presidente, em exercício, e pelo Governo do Estado o Procurador
Fiscal do Departamento da Fazenda e do Tesouro Doutor Bellarmino Lemos, sendo
objeto da Carta de Aforamento nº 429, da Municipalidade de Natal, medindo uma
área de 15.100 m2. Como testemunhas assinaram Orestes Silva e Omar Lopes
Cardoso, perante o escrivão substituto Crispim Leandro, tendo sido efetuado o
pagamento em moeda corrente e o Imposto de Transmissão pago em 26 de junho de
1929 ao Dr. Aldo Fernandes, Administrador e Sr. F. Pignataro, Tesoureiro, sendo
registrado no Livro “3-C”, de Transcrição das Transmissões, sob o nº 24, fl.
61v. s 62, presentemente do acervo do 3º Ofício de Notas, com o nº de matrícula
828.
Com estes
registros, podemos concluir que são verdadeiros os relatos de Luiz G.M.
Bezerra, no artigo do jornal “O Potiguar” nº 42 (março/abril/2005) de que o
terreno fora adquirido com a ajuda de abnegados como Orestes Silva, José Gomes
da Costa e Júlio Perouse Pontes e outros, sendo acrescido o nome de Omar Lopes
Cardoso no livro de Everaldo Lopes “Da bola de pito ao apito Final”, p. 40,
embora tenha omitido o nome do meu pai José Gomes da Costa. Nos registros não
consta nenhuma cláusula que impediria a sua alienação, mas a legislação da
época somente permitia alienar bem adquirido do Governo por pessoa privada,
para permanecer com a sua destinação social, salvo autorização do alienante,
que neste caso teria o direito de retomada.
Foi
por tal desprendimento que os sócios José Gomes e Orestes Silva foram
agraciados com o título de “beneméritos” e tiveram duas quadras de tênis
construídas e colocados os seus nomes, na parte da Rua Maxaranguape, onde hoje
foi erguido um prédio de apartamentos.
A
versão da “doação” pode ser considerada verdadeira, pois aqueles abnegados
americanos perdoaram a dívida ao América, destruindo as promissórias que
garantiam o dinheiro emprestado para a aquisição do terreno.
Em
1967 o América voltou a ser campeão, contando com um time bastante caseiro, mas
com jogadores de destaque como Véscio e Evaldo "Pancinha". Nesse ano,
a final foi contra o Riachuelo, do então jovem Marinho Chagas. Essa vitória
propiciou a participação do América na Taça Brasil de 1968.
É uma história
longa e muito bonita, que orgulha toda a família americana e o desporto
potiguar.
O “Mecão” marcou presença em campeonatos brasileiros, ganhou o troféu Norte-Nordeste, também conhecido como ‘Taça Almir’, torneio disputado entre equipes do Norte-Nordeste, valendo-se do confronto entre eles pelo Campeonato Brasileiro, título inédito ao futebol potiguar e confirmado pela Placar nº 192 de Novembro de 1973.
A partir daí,
o América passou a ser conhecido como Orgulho do RN, após essas campanhas, e
desde 1979, o clube iniciou a sua maior série de vitórias no campeonato
estadual, sendo tetracampeão de 1979 a 1982, ficando 2 anos e vários jogos sem
perder para nenhuma equipe do Rio Grande do Norte.
Atravessou a turbulência da decadência do futebol potiguar por quase uma década, mas deu a volta por cima logrando outras conquistas marcantes e voltou a ser notícia no cenário do futebol brasileiro. Em 1996, Liderado pelo habilidoso meia Moura, a equipe do Rio Grande do Norte conquistou o vice-campeonato nacional da segunda divisão, estando no ano seguinte entre os principais clubes do Brasil, voltando à Série A.
Venceu a Copa
do Nordeste de 1998, derrotando o Vitória na final por 3 a 1, gols de
Kobayashi, Biro Biro e Carioca.
Marcou seu nome no Estádio Machadão,
demolido desnecessariamente, e ganhou o direito de participação numa competição
internacional, a Copa Conmebol de 1998. O Mecão entrou em campo naquela noite
chuvosa de 4 de junho com a seguinte escalação: Gabriel; Gilson, Paulo Roberto,
Lima e Rogerinho; Montanha, Carioca, Moura e Biro Biro; Kobayashi e Leonardo.
Técnico: Arthur Ferreira.
Em 2000, o time chegou às oitavas de final da Copa do Brasil, desclassificando entre outras equipes o Sport, em plena Ilha do Retiro, perdendo a chance de passar para quartas, ao perder para o São Paulo.
Amargou reveses em 2004, mas
conseguiu o acesso para a Série B em 2005, sendo vice-campeão da Série C, fazendo
grande campanha em 2006, sob a liderança do maestro Souza, craque
"nascido" no América.
O América marcou o primeiro gol do estádio Arena das Dunas,
através do zagueiro Adalberto e foi também o seu Primeiro Campeão Estadual na
noite da quarta-feira 30/04/14, perante um público de 19 mil torcedores.
Continua a
galgar vitórias e glórias, enchendo a sua torcida de justificado orgulho.
VIDA LONGA AO AMÉRICA FUTEBOL CLUBE,
NOSSO SUPERCAMPEÃO.
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor e americano.
Parabéns pelo relato, dr. Carlos. Sem dúvida uma grande contribuição para quem ama o seu clube e precisa conhecer a sua história e a historia do futebol no nosso Rio Grande do Norte.
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