EU SOU UM RIO QUE PASSA
Sussurrando a melodia das águas
E carregando vestígios de lua e sol.
E carregando vestígios de lua e sol.
Eu sou um rio que passa
Lambendo as beiradas dos muros
Das vegetações luminosas
Reluzinho no seu espelho d´água
Num bordado de reflexos verdes
Riscando vales e planícies.
Lambendo as beiradas dos muros
Das vegetações luminosas
Reluzinho no seu espelho d´água
Num bordado de reflexos verdes
Riscando vales e planícies.
Sou um caminho de águas perfumadas
Beijando a sombra das nuvens
Correndo nas curvas dos caminhos
Sob o olhar das árvores
E onde os pássaros saciam sua sede!
Beijando a sombra das nuvens
Correndo nas curvas dos caminhos
Sob o olhar das árvores
E onde os pássaros saciam sua sede!
Eu sou um rio que passa na corredeira da poesia
E descansa, à sombra dos arbustos espalhados
Onde o sol desmaia o seu ouro,
Onde a lua cospe seus lumes
E as estrelas abortam flores esmaecidas.
E descansa, à sombra dos arbustos espalhados
Onde o sol desmaia o seu ouro,
Onde a lua cospe seus lumes
E as estrelas abortam flores esmaecidas.
Sou o canto da cigarra ao pé do arvoredo
E consigo gemer sem deixar a dor me ferir
E calo o grito fundo que dói na alma
Desse meu rio que passa
E leva estradas de chegadas...
E consigo gemer sem deixar a dor me ferir
E calo o grito fundo que dói na alma
Desse meu rio que passa
E leva estradas de chegadas...
Sou um beija-flor perdido,
Tonto de luz no mistério da manhã
Onde a música amanhece ensurdecedora
No coro dos anjos das florestas...
Onde a música amanhece ensurdecedora
No coro dos anjos das florestas...
Enquanto o rio segue orquestrando melodias!
Eu quero o meu rio de infância,
Meus olheiros perfumados,
Minhas raízes fincadas no húmus de cada rio
Que segue rolando na estrada
Onde a ilusão serpenteia alegrias
Na alegoria do carnaval de minhas poesias...
Meus olheiros perfumados,
Minhas raízes fincadas no húmus de cada rio
Que segue rolando na estrada
Onde a ilusão serpenteia alegrias
Na alegoria do carnaval de minhas poesias...
Eu sou um rio que passa!
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Lúcia Helena Pereira
(Poetisa das Flores)
De Ceará-Mirim
(Poetisa das Flores)
De Ceará-Mirim
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ODE
BRANDEMBURGO
Ciro
José Tavares.
São os teus mágicos portais,
senhora de Brandemburgo,
que me convidam atravessá-los e a ficar preso no coração.
A tibieza dos passos indica
o temor de avançar ao teu encontro.
No interior do templo de
Diana, comandas sentimentos.
Estás submersa nos mistérios
e neles pressinto
os goles trágicos da dor e
da saudade quando derramas
tuas madeixas de ouro sobre
o frio mármore dos altares.
Queres que seja eu cativo
dos teus alvos braços alongados,
a ave apaixonada suspensa na
fragilidade dos teus dedos.
Deixa-me refletir, senhora
de Brandemburgo, se devo cruzá-los
antes que eu saiba se o
tempo esgotou o resto de minh´alma
e que fiquem abertos até que
como aurora eu amanheça em ti.
O que sabes de mim? Dos
sonhos, do passado, das andanças?
Muito pouco ou quase nada. Venho
das lendas de Camelot,
onde é sempre primavera, o
sol brilha forte e não se põe.
Recebi asas de Mab para voar
aos castelos do Moselle e do Loire.
Nas margens do Reno
cavalguei Grani e desafiei os nibelungos.
Ouvi o tropel dos cavalos
das Valquírias, sepultei Siegfried, beijei
as louras melenas de
Brunilde e vi o crepúsculo dos deuses.
Chorei toda uma tarde pelas
mortes de Isolda e de Tristão.
e como Tanhäuser o Santo
Pontífice jamais me perdoou.
Hoje, Senhora de
Brandemburgo, diante de ti venho fatigado
revelar todos os erros e derrotas na impaciência das noites.
Abre os mágicos portais,
quero lavar-me na pureza do teu corpo,
Sem medos de ser definitivo
na distância, na dor e na saudade.
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RONDÓ
Ciro
José Tavares.
“É
a tua tristeza o que antiquíssimas estrelas
Dançando com sandálias de prata sobre o mar,
Cantam em sua alta e solitária
melodia.”
W. Yeats, in À
Rosa na Cruz do Tempo.
Ah! Musa divina
que solitária habitas
estrela nascente de constelação inatingível.
Apenas tu sabes da adônica paixão que me domina.
Alongo-me total para inexistir distância entre nós dois e peço
Que doída atravesses meu doído corpo e venhas
ao meu encontro inspirar minha canção.
Não tardes musa dos sonhos quero sentir
o aroma
de dálias e rosas desprendido do louro acobertado
pelo
azul celeste da tua túnica inconsútil.
Desejo
embriagar-me dos teus beijos e neles ser eterno,
ao
beber na taça dos teus lábios de romã o néctar dos deuses.
Amanhã,
musa estelar, ao voltares à amplidão do universo,
antes
que eu me afogue na tristeza da ausência,
leva-me
na ternura das mãos entrelaçadas
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DESPEDIDA
Ciro José Tavares.
No fim
da madrugada veio e despediu-se,
a
claridade de miríades de acesos candelabros.
que sumiram
quando corri à janela para abraçá-la e falar de amor.
Ressentido
gritei para que deuses escutassem:
Foges de
mim, Selene porque tens medo. Não queres a revelação
da
enlouquecida e tardia paixão do teu poeta solitário.
Amanhã
serás quarto minguante, no escuro do céu abandonada,
como se
fosses uma cimitarra suspensa na tristeza.
Ainda assim seguirei
esquecido amante dos mistérios,
até voltares plenilúnio, explosão
de luz de acessos candelabros
a mostrar sombras
silenciosas dos teus mares inalcançáveis.
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