SAUDADE
DE DOSINHO
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Conheci
Dosinho em 1950, quando fazia parte da SAE – Sociedade Artística Estudantil e
acompanhava as caravanas artísticas com vários companheiros da vida musical –
Haroldo e Hianto de Almeida, os meninos que viriam a formar o Trio Irakitan,
Paulo e Pedro Dieb e outros, capitaneados por Francisco Sales, então
funcionário Civil da Base Aérea de Natal e empresário artístico.
Naquela
época eu atuava na radiofonia potiguar, mais precisamente na Rádio Poti de
Natal, em seus programas de auditório de fim de semana.
Para
aperfeiçoar a minha arte eu recebi permissão para ensaiar com a banda de música
da Aeronáutica, para onde me deslocava em ônibus da Base no início da manhã, tendo
o privilégio de encontrar na paisagem do trajeto a névoa circundando algumas
dunas do caminho (pista de Parnamirim). Ficava naquela unidade militar até o
final do expediente, pois o meu arranjador era um sargento, cujo nome já não
lembro e Dosinho atuava na referida banda, na condição de soldado da unidade.
Sabendo
das minhas aptidões nos aproximamos e ele levou-me ao seu alojamento e me
entregou uma música para eu colocar entre outras do meu repertório – era uma
bela canção, que pretendia gravar, denominada Ponta Negra.
Sua
letra assim dizia: “Ponta Negra, praia
linda e bem tristonha. Quem dorme contigo sonha, vendo os encantos que tens.
Tuas ondas, portadoras de saudade, saudade de quem tem amizade de um alguém
muito além. Os teus coqueiros que crescem bastante querendo o céu alcançar, mas
os teus frutos que descem constante, querendo ficar com o mar. Mas se não fosse
a tristeza que em Ponta Negra tem, a filha da natureza a todos seria um bem.”
Nunca
cheguei a gravá-la, mas ainda espero fazê-lo antes da viagem final. Contudo fez
parte do meu repertório durante todo o período em que atuei no rádio – 1950 a
1955.
Nossos
encontros eram espaçados, mas sempre fomos bons amigos. Na Academia Macaibense de Letras indiquei
o seu nome para receber um título juntamente com Ademilde Fonseca (ainda viva)
e, posteriormente apoiei a sua escolha para uma cadeira na Academia. Ele não
chegou a tomar posse e agora só nos resta torná-lo Patrono.
Tive
a alegria de ser professor e depois colega do seu filho na UFRN, a quem
transmito as minhas condolências.
Velho
Amigo, você deixa uma lacuna e uma imensa saudade por tudo o que você foi e fez
pelo nosso Estado. Fique em Paz com Deus na Eternidade.
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