1964 - A DEMOCRACIA ESPEROU 21 ANOS - 2
Geniberto Paiva Campos -
Brasília - Fevereiro / 2014
II) Origem e Formação do Pensamento
“Revolucionário” no Brasil
1.Passados 50 anos do
“golpe militar” ou da “revolução
redentora” - a definição depende dos
critérios de quem avalia o Movimento de 1964 – talvez esteja chegando o momento
adequado de estudar, com a isenção possível, as suas causas e
consequências : políticas, sociais, econômicas, institucionais. Enfim, o que de
fato representou a tomada do poder pelas
Forças Armadas do Brasil e a consequente adoção de um modelo autoritário de
gestão pública, durante 21 anos. Tal avaliação é por demais importante para a
história política contemporânea do país. Dizem que se deve buscar o passado
para orientar o presente e o futuro. Não
se trata, no caso, de punir os que cometeram crimes ou, como dissemos,
perseguir os perseguidores. Mas colocar o Movimento de 64 em seu exato contexto
histórico. E dar sequência, enfim, ao
processo de reconciliação nacional.
Meio século de distância dos acontecimentos ,
infelizmente, ainda não possibilita que estes venham a se tornar História
ou, pelo menos, matéria de Memória para que possam, finalmente, ser analisados
com a isenção que o tempo histórico permitiria. Parece que 1964 vai se tornando
“ o passado que não passa”. Ou como
dizem alguns,” uma história sem ponto final”.
É correto supor haver um acordo
tácito entre os eventuais protagonistas remanescentes que vivenciaram o
episódio, tanto do lado que apoiou o Movimento, como dos que lhe opuseram
resistência ,no sentido que permaneça, para sempre, obscuro, polêmico,
incompreendido. Inserido, definitivamente, no rol dos temas insolúveis. Uma
espécie de assunto proibido, semelhante aos que existem no âmbito de tantas
famílias e nações espalhadas pelo mundo.
Há que se reconhecer os esforços
de acadêmicos, historiadores, jornalistas e instituições como OAB, CNBB, ABI,
Comissões de Anistia, entre outras, que lutaram pelo volta ao estado democrático de direito. Cujos
documentos e testemunhos constituem importante acervo para a compreensão e
interpretação deste período. O livre acesso aos Arquivos Oficiais, inclusive
das Forças Armadas, constituiriam outra fontes de preciosas informações sobre o
período em estudo.
Os eventos históricos
relacionados a 1964 começam cerca de quatro décadas antes, quando o mundo
enfrentava períodos de grave turbulência, com a ocorrência de conflitos armados
generalizados, iniciados no continente europeu, envolvendo povos e nações.
Esses fatos bélicos que mudariam o mundo
iriam, naturalmente, repercutir na América
Latina e no Brasil.
2. “Graças a Deus, é a Grande
Guerra!” Escreveu o general Vikctor
Dankl, do exército austro húngaro, em final de julho de 1914. Marcando o
início do I Guerra Mundial. (1) A partir deste período o mundo jamais seria o
mesmo.
Para alguns historiadores
atentos, o primeiro conflito de escala mundial marca o início do “breve século
vinte”(2). Que veria a eclosão de outra “Grande Guerra”, a Segunda, em 1939,
duas décadas após a Primeira, ainda de maiores proporções que a anterior. E que
redesenhou o mapa geopolítico do globo terrestre. Quando a humanidade descobriu
dispor de armas letais, utilizando energia atômica, jamais imaginadas, capazes de destruição em grande escala.
Conflitos dessas proporções,
envolvendo povos e nações, não se repetiram até o presente. Os confrontos
assumiriam outras características. Tornaram-se mais sutis, localizados,
circunscritos a cidades, no limite, a países. Guerras não formalmente
declaradas. A maioria com motivação ideológica. Outros de cunho religioso.
Nunca na amplitude e na escala de um guerra mundial. A humanidade entrou,
talvez de maneira definitiva, no que se convencionou chamar de “Guerra
Fria”. Caracterizada por confrontos
bélicos não declarados, cheios de nuances. Geralmente encobrindo golpes de
estado, assassinatos, exílios e inúmeras violências camufladas. Outras, nem
tanto.
O breve século vinte foi marcado
por conflitos de forte conteúdo ideológico. Foi chamado de “século da
violência“. Na perspectiva da Europa e
de seus impérios foi uma espécie de matadouro. “ E por toda parte os vemos
perecer, devorando-se uns aos outros e destruindo a si próprios” (3)
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