terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

 
  Foto de Canindé Soares
      

HIPOCRISIA

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Nos últimos dias estamos assistindo uma polêmica em torno da demolição ou não do velho Hotel dos Reis Magos.

            Já existem decisões judiciais a respeito, autorizando a demolição. Contudo, pessoas que dizem participar de um movimento em favor da preservação do patrimônio histórico e artístico da cidade, insistem na preservação daquele prédio carcomido pela maresia e considerado irrecuperável para algum aproveitamento.

            Ficamos então a meditar sobre esse tão grande interesse por um prédio sem história, sem estilo merecedor de resguardo e com danos irreparáveis, em detrimento de outros prédios que esses amigos esqueceram de abraçar, como o caso do Machadão, que teve uma petição para o seu reconhecimento para efeito de tombamento, mas o processo sumiu e ninguém se indignou. Este sim tinha história. Nele foram realizadas partidas inesquecíveis, como o jogo da seleção brasileira e a realização da Mini-Copa com a presença de grandes equipes europeias e craques de fama mundial.

            Esqueceram do Machadão e ele foi irremediavelmente demolido para ter em seu lugar um excelente novo estádio, é verdade, mas que não preservou a harmonia da paisagem que então existia, numa combinação de formas com a natureza. O que agora temos é um equipamento volumoso, sem nenhuma delicadeza, agressivo mesmo.

            O imediatismo parece ser algo muito próprio da pouca cultura do nosso povo, que ainda gosta do “oba-oba” das grandes festas. Ninguém atenta para as exigências da FIFA, que impõe as suas regras em detrimento da população nativa.

            Sem dúvida, estamos diante de uma demonstração de hipocrisia e despreparo, fazendo-se o jogo da especulação imobiliária e econômica da exploração de negócios – somente para os autorizados.

            Mas existe uma desculpa para a construção da Arena das Dunas – as obras de mobilidade urbana que são proclamadas como “legado”. Deus permita que essas obras sejam concluídas antes da Copa, pois correm o risco de cair no esquecimento.

            De qualquer maneira, já que o fato está consumado, vamos esperar o sucesso da Copa de 2014, recebendo bem os visitantes nacionais e estrangeiros, procurando mostrar uma cidade hospitaleira e bela como é Natal, investindo na segurança e na infraestrutura de hospitais e equipamentos urbanos que permitam o conforto aos visitantes, sem tumulto, sem manifestações violentas e inconsequentes.

            Esse movimento contra a realização da Copa é histérico, sem lógica, verdadeiramente deletério. Somos integralmente contra isso.

            Vamos ajudar a fazer da cidade do Natal um cartão de visita para os que aqui adentram pela primeira vez, deixando um vínculo de amizade e fidalguia, próprios dos potiguares desde priscas eras.

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