quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

mjg UOL
Para 'eduardo antonio gosson'mjguerra uol
Jan 10 em 11:20 PM
Caro Gosson

Vi seu comentário na edição de ontem da TN, em cartas do leitor.

Sei do seu sofrimento, e compreendo sua posição.
Tenho estima e respeito por você, e por isto tomo a iniciativa de lhe responder, embora ainda comocionado com o falecimento de J Faustino.
( outra vitima da “inexorável” sapiência que afronta direitos e viola dignidade e vidas ).

Não o disse, nem cabia, mas perdi entes próximos em situações similares. 
Inclusive tenho amigos q foram viciados em droga como forma de tortura feita por militares na operação condor, para na premência da droga falarem o que os esbirros queriam ouvir,
justificando novas repressões no circulo infernal.
Um dos que pretenderam destruir, e prejudicaram seriamente em sua dignidade, personalidade, fidelidade a princípios e visão poética do mundo, é o Geraldo Vandré.
Não vou me alongar, não vem ao caso.

Ouvi seu convite/apelo.
O que defendo é que não se continue a tentar MAIS DO MESMO.  Os fatos, e os escritos do próprio comandante da policia demonstram que a politica atual fracassou, e vai fazer cada vez mais vitimas, por um lado,
E cada vez mais milionários dentre os traficantes e os que eles corrompem.  Milionarios ou gente com “mais poder”, maquinas, homens, tecnologias, poder de mando.
( veja-se o caso recente do helicóptero de 2 politicos, que a PF prendeu no Espirito Santo – quando algum “combinemos” não deu certo ... )

Ganham, e muito, e pouco se importam com as verdadeiras vitimas.
IRÃO SE OPOR ATÉ O ULTIMO MOMENTO PARA NÃO PERDEREM SEUS PRIVILEGIOS, SUA DINHEIRAMA, SUA FORMA DE EXERCER O PODER.

( veja-se a historia da Colombia, de alguns países asiáticos, dentre os mais exemplares ).

E as vitimas são os pequenos, os mais jovens, os inexperientes, alguns puros, consumidores ou mulas. 
Os que conhecemos em nossas casas, nossas famílias, nossas ruas, lugares que frequentamos.

E nas prisões, gente com o mesmo perfil.  Hoje, por amor, uma grande percentagem de jovens mulheres, enganadas.
Ouvi que representam a maior parte das mulheres estrangeiras em nossas prisões.

Tento entender as coisas pensando em como ATACAR AS CAUSAS.
Sem temor, apesar das contradições.
Para isto, temos que fazer analises lucidas, muitas vezes contra paradigmas.

Isto que defendo:  é hora da sociedade brasileira ter coragem de abrir o debate, sem pre-conceito  (conceito previamente formado )
Sabemos o que não deu certo, e que não adianta tentar continuar.  Continuar somente vai reforçar os que ganham com a situação atual.
E ferir cada vez mais as vitimas, em sua maioria indefesas.

Não sabemos o que pode vir a dar certo.
Mas não podemos continuar a fazer MAIS DO MESMO, por falta de horizonte e perspectivas novas.
O Paulo Freire chamou isto de “inédito viável”.
Apelando para uma construção coletiva para as mudanças necessárias.
Está com todas as letras em sua PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, dentre outras obras.

A coragem de encarar, de não temer a contradição, de incentiva e abrir um debate honesto, ético, positivo, com a coragem de mudar de posição, eu a tenho.
Desconheço quais serão os caminhos futuros.  Não penso q devamos copiar nenhuma forma existente nos 20 paises, e o disse no artigo.
Mas tenho a convicção que sei a quem serve a situação atual, quem ganha com ela, e quantas famílias são dilaceradas para satisfazer à cobiça dos traficantes e seus assalariados,
Independente de quem são e que funções estão exercendo.

Poderiamos imaginar alguma forma de abrir um tal debate em nossa sociedade.
Objetivo, sereno, responsável, procurando construir com coragem algo que atinja nossos objetivos.  Sem ficar prisioneiros das causas. 

Atenciosamente
Marcos GUERRA

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