CARTAS
DE COTOVELO 2014 (11)
Por: Carlos Roberto de
Miranda Gomes
Fazer
registro de partidas não me oferece satisfação, ao contrário de quando me é
ofertada a oportunidade de falar em chegadas.
A vida, no entanto, nos prega peças
inusitadas, que tolhe o nosso pensar, sem alternativa de reparo.
Nem ao menos o tempo de recuperação
da partida de três amigos e já contabilizamos mais duas – Moacy Cirne, meu
colega de Faculdade de Direito da Faculdade da Ribeira até o 3º ano, quando foi
atraído pela cidade grande de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Lembro-me bem de ter sido escalado
para, em nome da Turma, demovê-lo da interrupção do seu Curso, mas não tive
competência para convencê-lo e Moacy ganhou espaços na Cidade Maravilhosa onde
permaneceu por longos anos.
Eventuais retornos a Natal, para
suspender a prescrição, como dizia Dr. Mário Moacyr Porto, com ele tive alguns
encontros informais no Sebo Vermelho de Abimael ou em lançamentos de livros,
sem que nos envolvesse algum tema específico.
Um elo, porém, nos permitia
afinidade – os quadrinhos, os quais sempre foram do meu gosto desde o ocaso dos
anos 40 e ainda guardo os ‘Gibis e Guris’, genericamente falando, na minha
biblioteca, todos encadernados por títulos, alguns desde o primeiro número;
como relicário da minha feliz infância em Macaíba e em Natal até que a força do
destino me tenha feito presa dos trágicos deveres, usando uma expressão do
poeta Cruz e Souza.
Vai o homem, fica a fama. Lembranças
e saudades!
O outro foi Mário Luiz Cavalcanti
Moura, meu companheiro conscrito da turma de 1959 do 16º RI, a quem
carinhosamente apelidamos de ‘estaca de queixo’ (peça de madeira que segurava
as cordas das barracas de campanha).
Dele recordo de dois episódios – o
primeiro quando perdera o seu sabre num exercício durante a manobra militar
daquele ano, em Capim Macio, o que lhe renderia um processo. Mas a
solidariedade dos colegas de farda e da CCS, com a permissão do Comandante
Mílton Freire de Andrade e do Tenente Carvalho, saiu em diligência numa grande
coluna na direção do lugar dos exercícios, em toda a sua largura obtendo
resultado positivo. Achamos o artefato e tudo voltou como antes no quartel de
Abrantes.
O outro acontecimento se deu ainda
na manobra quando a gaiatice de um colega (possivelmente o presepeiro Tarcísio
Motta), imitando um animal fuçava abarraca de Mário e este, com o sabre na mão
bradava: ‘saí daí raposa; chô raposa’.
Ao derredor as gargalhadas eram muitas.
Lembranças e saudades, também!
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