sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (11)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
            Fazer registro de partidas não me oferece satisfação, ao contrário de quando me é ofertada a oportunidade de falar em chegadas.
            A vida, no entanto, nos prega peças inusitadas, que tolhe o nosso pensar, sem alternativa de reparo.
            Nem ao menos o tempo de recuperação da partida de três amigos e já contabilizamos mais duas – Moacy Cirne, meu colega de Faculdade de Direito da Faculdade da Ribeira até o 3º ano, quando foi atraído pela cidade grande de São Sebastião do Rio de Janeiro.
            Lembro-me bem de ter sido escalado para, em nome da Turma, demovê-lo da interrupção do seu Curso, mas não tive competência para convencê-lo e Moacy ganhou espaços na Cidade Maravilhosa onde permaneceu por longos anos.
            Eventuais retornos a Natal, para suspender a prescrição, como dizia Dr. Mário Moacyr Porto, com ele tive alguns encontros informais no Sebo Vermelho de Abimael ou em lançamentos de livros, sem que nos envolvesse algum tema específico.
            Um elo, porém, nos permitia afinidade – os quadrinhos, os quais sempre foram do meu gosto desde o ocaso dos anos 40 e ainda guardo os ‘Gibis e Guris’, genericamente falando, na minha biblioteca, todos encadernados por títulos, alguns desde o primeiro número; como relicário da minha feliz infância em Macaíba e em Natal até que a força do destino me tenha feito presa dos trágicos deveres, usando uma expressão do poeta Cruz e Souza.
            Vai o homem, fica a fama. Lembranças e saudades!
            O outro foi Mário Luiz Cavalcanti Moura, meu companheiro conscrito da turma de 1959 do 16º RI, a quem carinhosamente apelidamos de ‘estaca de queixo’ (peça de madeira que segurava as cordas das barracas de campanha).
            Dele recordo de dois episódios – o primeiro quando perdera o seu sabre num exercício durante a manobra militar daquele ano, em Capim Macio, o que lhe renderia um processo. Mas a solidariedade dos colegas de farda e da CCS, com a permissão do Comandante Mílton Freire de Andrade e do Tenente Carvalho, saiu em diligência numa grande coluna na direção do lugar dos exercícios, em toda a sua largura obtendo resultado positivo. Achamos o artefato e tudo voltou como antes no quartel de Abrantes.
            O outro acontecimento se deu ainda na manobra quando a gaiatice de um colega (possivelmente o presepeiro Tarcísio Motta), imitando um animal fuçava abarraca de Mário e este, com o sabre na mão bradava: ‘saí daí raposa; chô raposa’.  Ao derredor as gargalhadas eram muitas.
            Lembranças e saudades, também!    


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