UMA ALEGRIA
RELATIVA TOMA CONTA
DO MEU SER
- Para meu
amado pai Fernando Rezende –
Por
Flávio Rezende*
Sou
aquele tipo de pessoa que se reclamar de algo na vida, pode afirmar seguramente
que estou fazendo isso de “bucho” cheio, como se diz no popular.
Com
uma constelação de amigos, familiares próximos, esposa e filhos presentes, tenho
caminhado pela vida colecionando sorrisos e catalogando amizades, podendo
escrever sem medo de errar, que se existe felicidade, venho tendo o êxtase de
ser parente dela, diante de tantos momentos mágicos e de experiências benfazejas
nesta existência material que passo na presente encarnação.
Apesar
de estar tendo o gostoso prazer de sentir muitas satisfações interiores e de
poder gozar das preciosidades que a vida oferta em generosos momentos desde o
meu nascimento, ultimamente, um vácuo assume lugar vez por outra e, a alegria
passa por relativização, principalmente quando gostaria de potencializá-la, ao
querer compartilhá-la com um dos seres mais importantes: meu amado
pai.
Ele
despediu- se da vestimenta corpórea há pouco tempo e, desde então, todas as
maravilhosas notícias que gostaria de dizer-lhe - quase sempre em primeira mão,
experimentam a desagradável sensação de sua não audição, me deixando um pouco
triste, pois, ao dar uma importante entrevista, passar numa seleção de mestrado
ou receber uma importância financeira que pudesse realizar algum projeto
material, teria nele a interlocução agradável, a partilha saudável, a divisão do
prazer adequada.
Meu
pai era muito mais que um simples pai, era amigo, era conselheiro, era
psicólogo, ouvinte e, vibrava com cada conquista, com cada passo que fui dando
como escritor, jornalista e ativista social. Meu amado pai Fernando Rezende era
um porto seguro, uma segurança, uma verdadeira bem aventurança para meu
ser.
Não
sou dado à depressão, só tristezas ligeiras, que vem e passam, mas elas estão
dizendo sim às vezes, principalmente nos fins de tarde, quando invariavelmente
ligava para dizer algo de bom ou que o amava. Sempre começava com uma
brincadeira, fazia imitações, ele sorria de lá e eu de cá, juntos confessávamos
coisas e, não era incomum terminar um dizendo que era igual ao outro.
Não
sei se agora digo se somos ou que fomos parecidos em doenças, casamentos,
gostos, passagens pessoais na vida, enfim, papai gostava de repetir que éramos
uma cópia fiel um do outro e eu feliz, aceitava a sina de bom grado, pois sempre
o amei profundamente e o admirei apaixonadamente.
Continuo
tendo muitas coisas para lhe dizer meu querido pai. O tenho feito no silêncio.
Apesar de ter crenças espíritas, sou meio fraco nestas certezas e, nas minhas
dúvidas existenciais, não sei ao certo se o senhor me ouve de fato.
Na
dúvida continuarei compartilhando minhas vitórias e pedindo auxílio nas minhas
vacilações. Na dúvida continuarei revelando meu amor por ti papai e, torcendo
para que não se apresses em voltar, pois quero um dia lhe abraçar ai, nas
nuvens, neste lugar que dizem ser bom, neste paraíso que dizem existir, pois
pelo que aqui fizeste, sei que numa boa morada deves estar.
Ilumina
meus passos querido pai, para que possa ter crédito suficiente para em teus
braços me afundar quando um dia por ai chegar. Inspira minhas decisões
amantíssimo PAI, para que meus débitos terrenos não me afastem de sua área
divina, torcendo eu para que trilhando a estrada dos seus ensinamentos, possa
pavimentar a rota de estar em sua presença, quando a hora adequada
chegar.
Pretendo
levar na bagagem uma tonelada de bondades, quilos e quilos de boas ações, para
que no abrir das malas em sua doce presença, possas presenciar o quanto fui fiel
ao que me ensinou e, na comunhão do pai e do filho, o espírito santo possa
reinar, absoluto, nos amalgamando em divina e maravilhosa unidade de amor
filial.
Papai
passe um cotonetezinho angelical em seu ouvido e ouça que seu apaixonado filho
está repetindo diariamente feito mantra, te amo, te amo, te amo...
· É
escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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