terça-feira, 13 de agosto de 2013

TN 13.8.2013


Na estrada das palavras 

com José Castello

Lívio Oliveira - livioliveira@yahoo.com.br

Na semana que passou tive a alegria de conhecer pessoalmente o importante jornalista, escritor e crítico literário brasileiro (nascido no Rio) José Castello.  Desde um primeiro café, a convite do jornalista Tácito Costa, que contou com a participação de outros bons amigos das letras numa noite natalense de quarta-feira, passando por uma palestra do escritor sobre Vinicius de Moraes e Rubem Braga na quinta, até a longa e quente viagem retornando de Mossoró no domingo – onde tínhamos nos encontrado e tomado mais alguns cafés por ocasião da nona edição da Feira do Livro – vivi momentos de prazer intelectual e diálogos pra lá de agradáveis com esse autor que admiro há  tempos.

Eu já conhecia Castello à distância, pela leitura de seus saborosos e inteligentes textos e por ter conseguido fazer com ele uma entrevista através de e-mail e que foi publicada no site cultural Substantivo Plural, do nosso dinâmico Tácito. Através das diversas oportunidades de conversas em Natal e em Mossoró fiquei ainda mais convicto da grandeza humana e intelectual de Castello. Falamos sobre muitos temas. E vi e ouvi um interlocutor com profundidade de alma e reflexões sensíveis e perspicazes acerca de assuntos como política, jornalismo, novas mídias sociais, arte em geral, música, viagens, psicanálise. Chegamos até mesmo a um diálogo sobre o novo Papa e debatemos se suas posições e discursos são realmente revolucionários ou disfarçadamente conservadores.

Evidentemente falamos muito sobre poesia e prosa, livros, escritores, leitores, festivais e prêmios literários, além de um tema complexo (e bem árido para os escritores potiguares) que é o mercado editorial, suas possibilidades e suas limitações. Nesse ponto expus o quanto é difícil se assumir como escritor num estado como o Rio Grande do Norte, em que o mercado é dificílimo para a chamada “prata da casa”. Castello me aconselhou a continuar me dedicando e enfrentando as dificuldades, percebendo que o meu desejo é muito forte nesse sentido. Óbvio que são palavras que guardarei na memória e no afeto.

Castello me surpreendeu, também, com uma grande admiração e peculiar interesse que demonstrou pela paisagem do Seridó (entre a vinda a Natal e a Feira do Livro de Mossoró, fez uma palestra para o público caicoense). E o escritor me revelou que há a possibilidade de vir a escrever um conto ou outro texto de ficção ambientado no Seridó. Perguntou-me sobre o povo, a geografia, o clima, a vegetação, a culinária, a cultura dos seridoenses. Como filho e neto de seridoenses, fiquei muito à vontade para responder. Talvez eu tenha colaborado (e ainda farei mais, enviando alguns livros sobre a região para Castello) com mais uma obra de sua notável produção literária.

Uma coisa a mais me agradou especialmente nesses diálogos inesquecíveis: ao lembrar ao escritor que um dos personagens do seu premiado romance “Ribamar” é o seu avô que se chamava Lívio, Castello brincou com a coincidência e firmou que isso aumentaria ainda mais a nossa amizade, situando-me numa linha genética imaginária e afetuosa. Já me considero, sim, um novo e firme amigo de Castello, um familiar seu, em palavra e gesto. Gostaria de vê-lo logo de volta a Natal e ao Rio Grande do Norte. Os que amam as letras por estas bandas de cá têm muito a ganhar com esse escritor que mantém altivez literária e ao mesmo tempo sabe ser simples, sensível e dedicar respeito à pluralidade caracterizadora do contexto humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário