Fim da linha
para havelange
D
urante muitos anos, João Havelange
levou ao Brasil o futebol mundial,
como também a Fifa, que demonstrou
determinação. Milionário, antes de
ser personagem e agora com 96 anos, ele
decidiu renunciar o importante cargo de
presidente de honra da entidade. O desti
no
foi cruel com ele no fim da vida, a co
meçar
por um processo de investigação.
Para partir, a liturgia com a decisão
acabou de vez com todo o caráter, sob
a suspeita de receber suborno para defender
interesses da ISL, que administrava
o marketing. Em 1958, passou a
presidir a Confederação Brasileira de
Desportos, onde ficou até 1973, depois
de conquistar três Copas do Mundo.
Um ano depois foi eleito presidente da
Fifa, que concedeu prestígio ao Brasil
em todo o mundo.
O que se constata é que ele renunciou o
cargo de presidente de honra por causa da
Fifa. Escândalos de corrupção e propinas
de R$ 40 milhões pagas por seu exgenro,
envolveram-no em maus lençóis,
atingindo Havelange de tal maneira, que
permanece doente diante de tudo isso,
por ser envolvido em uma crise e em um
“propinoduto” de milhões de dólares.
João Havelange acabou com uma rasura
em sua biografia diante das investigações,
que constataram seu envolvimento na
aquisição dos milhões de dólares. Ele
optou então pela renúncia e a partir
daí não poderia mais ser punido, o que
não aconteceu com Ricardo Teixeira e
Nicolas Leoz.
O ex-genro é visto como causador do
estrago na vida de Havelange, mas só se
chegará à verdade quando for aberto o
relatório que será exposto durante um
Congresso da Fifa, que reunirá 209 federações
nacionais, entre 30 e 31 maio, nas
Ilhas Maurício.
Já consta uma explicação no relatório
que será aberto: “Do dinheiro que passou
pelo grupo ISMM/ISL, existe a certeza
de que desviaram quantidades consideráveis
para o ex-presidente da Fifa,
João Havelange, e seu genro,
Ricardo Teixeira, assim
como para o doutor
Nicolas Leoz, sem
que se possa comprovar
que algum
serviço tenha
sido prestado.
Esses pagamentos
também foram
feitos através
de emprego
de fachada com
a finalidade de
encobrir os verdadeiros
destinatários
e devem ser
classificados como
comissões, conhecidas
hoje como
suborno”.
O alemão Hans-Joachim Eckert acrescentou
que poderia até existir uma investigação
interna, ressaltando que a Fifa vai
levar apenas 12 dias para admitir a renúncia
de João Havelange, diante de uma de
cisão
que não poderá ficar esquecida, até
porque o caso ISI está encerrado para o
Comitê de Ética.
O João Havelange do passado era muito
diferente do de hoje. Quando perguntavam
por quê o Brasil, que já exibiu
o melhor futebol do mundo,
agora se apresentava capenga
e sem o prestígio mundial
que conquistou durante
décadas, ele respondia
com o dedo apontando para o próprio peito:
“Nome e sobrenome do culpado: João
Havelange!”.
Mas a confissão feita pelo homem que
durante 24 anos comandou a organização
de futebol com sede em Zurique, na Suíça,
seguiu-se por uma explicação. Duran
te
todo esse tempo ele procurou profis
sionalizar
o futebol, que hoje é o esporte
mais popular do mundo. Aqui no Brasil,
esse elevado nível de profissionalismo
não foi atingido.
Ele sempre demonstrava que o nível
técnico é baixo e que qualquer jogador
quando encerra sua carreira, acaba como
candidato a treinador, o que não acontece
em outros países, onde é exigido o curso
superior.
Aos 85 anos, ele convidou
Brasília Em
Dia
para comemorar. Na época, encerravam-
se as revelações e as de análises sobre
a força do futebol no mundo.
Antigamente se dizia que o Brasil era um
celeiro de craques porque até em um terreno
baldio se improvisava uma partida
de futebol. Perguntávamos como é que
se explicaria a Brasil se destacar mais no
tênis do que no futebol. Ele explicava:
“Se nós analisarmos nossos grandes jogadores
do futebol, 600 eram contratados
na Europa e daqueles mais desconhecidos
o número era superior a 2000. Com
o tempo chegou-se a conclusão de que o
dinheiro não prejudicou o futebol.
“Vamos esquecer a questão do dinheiro.
Se isso fosse problema, o basquete nos
Estados Unidos já teria desaparecido”,
disse. “Quem se apaixona, começa a ter
preocupações, mas se você se apaixonar
por uma mulher bonita, faz tudo que não
deve. Não é por causa disso, porém, que
não se pode ter paixão por mulher, filhos,
netos e bisnetos... O outro valor que eu
guardo para mim, como diz o francês,
é: ‘Nós somos do outro mundo!’”,
completa.
João
Havelange
04 a 10 de maio de 2013
27
O que se constata é que
ele renunciou o cargo de
presidente de honra por
causa da Fifa. Escândalos
de corrupção e propinas
de R$ 40 milhões
pagas por seu ex-genro,
envolveram-no em
maus lençóis, atingindo
Havelange de tal maneira,
que permanece doente
diante de tudo isso,
por ser envolvido em
uma crise e em um
‘propinoduto’ de milhões
de dólares.
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FONTE: Rev. BRASÍLIA EM DIA
(FUTEBOL)
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