domingo, 28 de abril de 2013

QUANDO A POESIA É MAIS FORTE



POEMA
Mario Quintana

Oh! aquele menininho que dizia
"Fessora, eu posso ir lá fora?"
Mas apenas ficava um momento
Bebendo o vento azul ...
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
Somente cimento
O vento não mais me fareja a face como um cão
                                                                [amigo...]
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.


LEMBRANÇAS APAGADAS
Cruz e Sousa

Outros, mais do que o meu, finos olfatos,
Sintam aquele aroma estranho e belo
Que tu, ó Lírio lânguido, singelo,
Guardaste nos teus íntimos recatos.

Que outros se lembrem dos sutis e exatos
Traços, que hoje não me lembro e não revelo
E se recordem, com profundo anelo,
Da tua voz de siderais contatos ...

Mas eu, para lembrar mortos encantos,
Rosas murchas de graças e quebrantos,
Linhas, perfil e tanta dor saudosa,

Tanto Martírio, tanta mágoa e pena,
Precisaria de uma luz serena,
De uma luz imortal maravilhosa! ...


NATUREZA
Yuri Hícaro

As cores são marcantes
Quando o céu está nublado,
E vi ...
O que ninguém vê,
A beleza do invisível
Que faz parte ...
Dessa natureza.


SILÊNCIO
Jorge Davim

É na tua presença
Que encontro
A sinfonia da ausência
Do escutar
É elementar
Refletir
Pensar
Basta estar
Em paz
Consigo mesmo
Feito um ás
E driblar o que não digo
Pensamentos de Francisco
Simples
Como um risco
E encontrar dentro de você
O que eu diria
Amadurecer
Crescer
Sabedoria.


AO AMANHECER
Américo Macêdo

Essas canções, tão ternas e saudosas,
Que ouço logo ao despertar do dia,
Por entre os hervasais, por entre as rosas ...
Cheias de amor e cheias de harmonia ...

Vão espancando as trevas rumorosas,
Dessas noites repletas de agonia!
São lenitivos para às pesarosas
Almas que vivem da melancolia!

Vates dos bosques, meigos, delicados,
Sois as delícias desses desgraçados,
Que como eu, vão percorrendo a estrada

Desta existência triste e sem descanso,
Que antes da morte o perenal remanso,
Levasse-a logo ao báratro do nada! ...


VATICÍNIO
Diógenes da Cunha Lima

Toca longe
Vale sino
Voz de bronze a
Repetir:
O destino
Do menino
É servir.

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