quarta-feira, 15 de agosto de 2012


                                                                      José? E agora?
               Augusto Coelho Leal

José. Te escrevo esta carta com muita tristeza. Primeiro você é um profissional competente. Segundo meu amigo. Mas, tudo que escrevi esta acontecendo e eu lhe pergunto, e agora José?  A festa nem começou? O povo sumiu? Não José, o povo está aqui e está vendo tudo! Você se lembra José, que eu disse que derrubar o Machadão era burrice? Que íamos acabar de enterrar o nosso futebol? Que ali não era local ideal para construir um novo estádio? Mas a teimosia e a incompetência de gerenciar os serviços públicos prevaleceram, agora estamos vendo o América ter que ir jogar em Caruaru. Uma vergonha José, mas essa vergonha não é só sua, é de todos os governos, da imprensa esportiva (em tese) que achava que quem combatia a derrubada do Machadão eram os coveiros do futebol do Rio Grande do Norte, que não sabíamos o que estávamos falando. O que estão dizendo agora estes cronistas? As pessoa leigas que eram a favor estão perdoadas, eram e são leigas no assunto.
                Você tem nome José, não zomba dos outros, não faz versos, mas ama e protesta. Te pergunto! E agora José? Sem cavalo branco, sem dinheiro, sem torcida jogando em Caruaru o America vai ser penalizado ou não vai? Pergunto também aos cronistas esportivos que tanto nos combateram, se eles agiram corretos? Pergunto ainda e isto quero deixar bem claro. Só tinha aquele local para construir um estádio de futebol? Eu José infelizmente estou convencido que aqueles que lutaram para não derrubar o Machadão estavam corretos, e o pior, derrubaram e não documentaram nada sobre detalhes estruturais daquela obra, que serviria para mostrar que naquela época já fazíamos por aqui uma das obras mais arrojadas do pais em termos de estruturas em concreto armado.
                A noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, não veio a utopia e tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou, e agora José?
                Não veio a utopia José. Algumas pessoas acreditaram que Natal ia virar uma megacidade, o oba oba foi tão grande que a população acredita que Natal iria passar Dubai ou ia ser a nova Dubai do Nordeste. Que íamos assistir desfiles de super carros em super ruas e super rodovias  policiadas com policiais equipados, falando Inglês, frances, espanhol, os marginais expulsos da cidade, transportes urbanos de primeiríssimo mundo, hospitais equipados com UTI com vagas suficiente para atender um desastre de trem com mais de cinquenta vagões de passageiros. Vamos continuar vendo os nossos VLT circulando – Veículos Lotados de Transportes.  A utopia não veio José, e o que estamos vendo é que das obras anunciadas nenhuma ou quase nenhuma vão estar prontas até 2014. O povo como sempre foi e está sendo engano pelas falácias dos políticos, não há tempo para construção de grandes obras.
                E agora Jose?, Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca. Sua biblioteca? Você é uma pessoa capaz José, sei disto e reconheço o seu valor como profissional e como amigo e ser humano. Mas você sabe que nunca fui de faltar com a verdade por isto que estou lhe escrevendo. Você como um dos últimos do Moicanos, tem condições e dignidade para chegar para os governantes e dizer - Para, vamos gerenciar melhor as coisas públicas, vamos ter mais responsabilidade, o povo não deve e não pode mais ser enganado, o serviço público está uma baderna e precisamos melhorar, não é hora de politicagem, é hora de trabalho.
                Se você gritasse,se você gemesse, se você tocasse a Valsa Riograndense, talvez a melodia tivesse sido outra José. Ainda há tempo, como já disse, você é capaz. Lute, tente fazer do serviço público um serviço para bem do povo, não um serviço para o bem de poucos.
                Amigo, empenhe-se para mudar isto, o erro foi cometido, mas existe muita coisa que pode ser feito. Drummond termina seus versos assim - Sozinho no escuro, qual bicho- do- mato, sem teogonia, sem parede nua, para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
                Amigo, faço votos para que você não vire bicho do mato, você tem condições para que isto não aconteça, e lembro aqui. Pode até faltar uma parede nua, mas um ombro amigo você sempre terá, sozinho no escuro você não vai ficar.

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