terça-feira, 14 de junho de 2011


Palocci e a professora Amanda
Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)

- O que eles têm em comum?
- Ambos nasceram no Brasil. Só isso.
De resto, são bem diferentes.


Palocci, homem inteligente, de rara competência, é capaz de sozinho ganhar vinte milhões de reais em um ano de eleições. Depois, volta ao núcleo do poder, assume um ministério ainda mais influente que o do tempo do escândalo da Caixa Econômica Federal e volta a ser a grande eminência parda da Nação. Blindado, não tem satisfação a dar da mágica que o transformou num dos milionários do país, a ninguém.

Já a professorinha, não.

Refiro-me à norteriograndense Amanda Gurgel, que notabilizou-se na internet graças ao seu brilhante e patético depoimento na nossa Assembléia Legislativa.

Amanda começou seu depoimento apresentando o contracheque aos atônitos deputados. Apenas R$ 930,00 por mês.

“Com esse salário os senhores não conseguiriam nem pagar a indumentária que usam para estar aqui” – começou entrando logo de sola, como se diz no jargão do futebol.

O destino da professora é incerto e não sabido. Afinal, como se diz na gíria, ela se queimou, concluindo seu depoimento desaforando a classe política em geral: - “Eu falaria aos governantes para deixarem de usar essa máscara de pessoas sérias, honestas, e que tratassem os educadores como eles merecem”.

Amanda é mais uma dessas heroínas anônimas, que honram a terra em que nasceram, mas que está fadada ao fracasso econômico-financeiro. Deus queira que não venha a ser demitida. Em tempos de golpe seria taxada de perigosa comunista. Como agora o próprio comunismo só existe em Cuba e em Macau, acho que irão taxá-la de doida. Deus queira que permaneça no emprego, com o mísero salário de R$ 930,00. Bem menos que um motorista de ônibus. Não que o motorista de ônibus não mereça o que ganha. Afinal de contas, ele conduz vidas humanas para o trabalho e para a escola. O problema é que Amanda também conduz vidas humanas para a vida a fora, como a maioria das educadoras que se empenham em fornecer elementos para que os alunos se apropriem das ferramentas necessárias para circularem em uma sociedade letrada. Deveria ser bem mais valorizada, portanto.

No primeiro governo de Lula eu admirava muito o Palocci. Mas agora admiro muitíssimo mais a Amanda em nome de quem saúdo as professoras desse Estado. Palocci, este da forma como enriqueceu não merece mais a admiração de ninguém.
_________________
Colaboração de José Hélio Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário