Cartas
de Cotovelo – Verão de 2023 – 2
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes
NADA
E TUDO MUDOU
Estava com
saudade dos meus leitores, mas, sinceramente, tive dificuldades para desemperrar
as minhas Cartas, posto que terminou 2022 e chegou 2023 e nada ou tudo mudou
neste meu Brasil.
Em verdade,
tudo mudou na estrutura administrativa pública do País e no Rio Grande do Norte
– novos dirigentes (ou os velhos), auxiliares diferentes. Mas o emperramento
continua. O ódio voltou a enodar a vida do nosso povo.
São tristes as notícias sobre
acontecimentos recentes, mostrando o movimento de protesto contra o resultado
eleitoral. Brasília virou baderna, com depredação ao patrimônio material e imaterial
dos Poderes, roubos de peças históricas e mancha na história da Democracia.
Ninguém jogue a primeira pedra, pois
são as mesmas águas de março de 1964, com métodos semelhantes, engodos,
mentiras, infiltrações deletérias, tendo por traz ideologias importadas,
enganando a massa que ama seu torrão natal, mas não tem educação e cultura
suficientes para discernir o joio do trigo.
Da minha parte repudio, como sempre
o fiz, à baderna, pois ela não nos conduzirá à estabilidade democrática, a
restauração da economia e melhores dias para a nossa população, cada vez mais
empobrecida.
Os ricos continuam ricos, distantes
da realidade desintegradora dos demais, Os políticos, de qualquer nível,
permanecem demagogicamente soltando seus discursos ultrapassados, dúbios,
apontando a sujeira, nos outros, da qual saíram a bem pouco tempo.
Esse filme dos dias presentes eu já
havia assistido em 1964, com pessoas constrangidas em sua liberdade, culpadas
ou não, o que, após muitos transtornos, serão devolvidas ao contexto social,
mas com sequelas dolorosas.
O
cinismo continua tendo vez, agora com o auxílio da modernidade – bem mais
rápido em sua difusão. O Poder Judiciário confuso.
Assim,
reafirmo, nada mudou (os hospitais continuam sucateados e o uso do solo
verticalizou-se, para ficar mais distante dos gritos dos sofridos) e, tudo
mudou na ocupação dos postos – eles, os mesmos que já foram, com a
possibilidade do revezamento futuro, também dos mesmos outros).
Estarei
sendo incoerente, exagerado, revanchista e +? Afinal, comigo tudo mudou – já não
tenho saúde e estou no acréscimo do tempo bíblico de existência.
Não
perdi a fé, que continua o meu alimento espiritual, a única razão de continuar
na labuta, depois que perdi a causa maior da minha vida (Therezinha).
Aguardo
a atenção dos meus poucos leitores enquanto espero algum aviso dos Castelos
Celestiais.
Mais um texto extremamente lúcido, do professor e amigo! Avante, dias melhores virão! - Flademir Dantas.
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