quarta-feira, 13 de julho de 2022

 

 

AREIA PRETA
Paulo Venturele de Paiva Castro
Segundo registra Câmara Cascudo, Areia Preta era um recanto de pescadores até 1920. Com o tempo, os pescadores foram vendendo suas casas e novas construções apareceram. Era a mais distante das terras à leste da cidade, e por isso local de festas, serenatas, banhos de mar e piqueniques.
Ali veraneava o comerciante Jorge Barreto, aclamado pelos amigos como Conde D'Areia Preta. A praia foi a primeira escolhida pela Intendência para a função balneária, por ser considerada em boas condições para tal fim. A partir de 1º de fevereiro de 1915, os bondes elétricos da Empresa Força e Luz estenderam seu percurso de Petrópolis a Areia Preta.
Até a década de 40, Areia Preta era a praia da moda. No veraneio de 41/42, escreve o historiador Lenine Pinto, lá foi erguido um enorme tablado ao ar livre onde dançaram oficiais da Marinha americana com moças das mais ilustres famílias natalenses da época. Esse e outros eventos visavam promover a confraternização entre grupos de recém chegados e as famílias norte-rio-grandenses, organizados por Mrs. Knabb, coordenadora americana de eventos com o apoio local das senhoras Eutália Dantas e Cecília Oliveira.
A seu respeito Cascudo informa, "Areia Preta não tem história. Praia Feliz". Para ele, ir a Areia Preta de bonde era o mais delicioso passeio da época.
Seu nome provém da cor das falésias ou barreiras ali existentes.
Falando sobre esta praia, que ele conheceu na década de 70, o jornalista Carlos de Souza a ela se refere: “Areia Preta tinha aquele jeitão de praia de veraneio. E, no entanto, era a mais urbana das praias. O casario baixo dava uma visão poética do bairro de Mãe Luíza que se formava lá em cima. O farol piscava ciumento cuidando de suas redondezas.
Era tempo do Yara Bar, aquele barzinho que avançava mar adentro, com suas palhoças que abrigavam os sonhos adolescentes de meninos e meninas mal saídos das fraldas, mas que já amavam a cidade e a vida com uma sofreguidão de legionários". Comparando a situação da década de 70 com a história mais recente do bairro, no final dos anos 90, ele assim se expressa:
“Para quem vem caminhando no sentido da Praia do Meio para a Via Costeira, já se torna necessário certo malabarismo para se ver o farol. As humildes casas do morro de Mãe Luíza vão perdendo aos poucos a visão do mar. Os grandes edifícios imperam majestosos na velha praia” (A Metamorfose de um bairro. Diário de Natal, 29 de agosto de 1999).
Hoje, a praia detém o metro quadrado mais caro de Natal, com edifícios residenciais de alto padrão e que conseguiu encobrir a visão do mar e do farol, um dos símbolos da nossa capital. Recebeu a construção de espigões a partir de 2001 visando proteger as encostas da erosão e revitalização da área. Está previsto um aterro hidráulico para aumentar a praia em 65 metros de extensão, a partir da cortina de concreto com os três espigões ali construídos.
Foi determinado como bairro pela Lei nº. 4.328, de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994.

 

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