quinta-feira, 30 de junho de 2022

 


GUARAPES, VALE A PENA COBRAR DE NOVO

 

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

 

O chamado Engenho dos Guarapes foi o marco expressivo do desenvolvimento econômico dos Séculos XVIII e XIX, através da comercialização de produtos agrícolas exportados para outros Estados e para o Exterior. Viveu o seu apogeu ao tempo de Fabrício Gomes Pedroza, rico comerciante, até chegar o seu declínio econômico no inicio deste século. O prédio situado no alto de uma colina, próximo a divisa dos municípios de Natal e Macaíba, embora em péssimo estado de conservação, a ele podem ser aplicadas as técnicas arquitetônicas utilizadas na reconstrução do Solar do Ferreiro Torto em Macaíba, cuja situação física era semelhante ou pior que o Casarão dos Guarapes, mas que para a sua consecução, houve empenho e verbas do Governo do Estado e do Patrimônio Histórico da União.

A Arquiteta Jeanne Fonsêca Nesi na sua análise técnica, assim se expressou: “Edificação majestosa e imponente, construída em alvenaria de tijolos, dentro das técnicas e padrões do século passado. Por volta de 1861, Guarapes era o centro comercial de repercussão, conhecimento, fama e poder. O seu proprietário e administrador era Fabrício Pedroza, o mais rico, mais poderoso e mais influente negociante da região. Exportava milhares de cargas de algodão, açúcar, sal, couros, peles, etc.”

Tarcísio Medeiros, no seu livro – Aspecto Geopolíticos e Antropológicos da História do Rio Grande do Norte – descreve: “...De lá, galeras, briques, caravelões, uma quantidade enorme e variada de embarcações a vela, transportava mercadorias para o estrangeiro. Somente no ano de 1869/70, 22 ganharam o mar alto, pejadas em busca da Inglaterra. De Natal, apenas 09.”

Em 1989, propus ao Conselho Estadual de Cultura o seu tombamento. O secretário da Educação e Cultura, por ofício, consultou o Sr. Gerold Gerppert que respondeu por carta, datada de 02 de abril de 1990, a sua anuência ponderando a realização do levantamento topográfico a ser efetuado pela Fundação José Augusto e o desmembramento legal do terreno para a sua averbação em cartório. Em 18 de dezembro de 1990, o Casarão dos Guarapes foi finalmente tombado pelo Governo do Estado através da Portaria nº 456/90.

E agora? Passado tanto tempo, de concreto, nenhuma medida foi tomada. Sei do interesse da Fundação José Augusto em resgatar esse sítio histórico. E daqui, renovo o meu apelo ao presidente da Fundação José Augusto escritor Crispiniano Neto que já visitou a área e ficou entusiasmado com a beleza da vista que se descortina do alto do Casarão, para que juntos, possamos dá a largada sensibilizando a governadora Fátima Bezerra, com quem já conversei este ano. É o resgate de uma etapa importante da vida econômica do Rio Grande do Norte, para a qual, o Governo, a FIERN, a Fecomércio e de outro lado dos rios Jundiaí/Potengi, o Santuário dos Mártires de Uruassu se conectam e avancem para o futuro e que não esqueçam que existiu um passado histórico.

Os apelos em favor da ressurreição desse ambiente, através da imprensa, televisão e rede social foram intensos desde os governos de Vilma de Faria (08 anos), Rosalba Ciarlini (04 anos) e Robinson Faria (04 anos). Esse último governador chegou a devolver uma dotação de hum milhão de reais enviados pelo Ministério do Turismo (governo Michel Temer), depositado na Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Norte, iniciativa do ex-ministro Henrique Eduardo. Ano passado dirigi correspondencia a todos os deputados federais e estaduais para que apresentassem  emendas paralamentares em prol da restauração do Empório dos Guarapes. Apenas o deputado Eliéser Girão Monteiro Filho (General Girão) atendeu. A Prefeitura de Macaíba vai receber insuficientes trezentos mil reais. Os outros políticos que querem receber votos este ano ignoraram a importancia do benefício. Mas, vão pedir votos em outubro.

(*) Escritor.

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