Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-47
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
GEMELLAGGIO
O tema da minha Carta de hoje já vinha sendo meditado há algum tempo. Contudo, passei uns dias em Natal e não senti legitimidade de desenvolvê-lo com o nome de “Minhas Cartas de Cotovelo”. Agora que retornei à minha Pasárgada litorânea senti o momento de fazê-lo.
E o que significa essa palavra “Gemellaggio”? um simples nome comum em língua estrangeira ou algo mais? Na verdade é esta alusão do final da frase anterior: significa em tradução não rigorosa “Cidades Gêmeas”, que em meu sentir aqui e agora corresponde a Natal e Cotovelo, onde divido o restante do tempo da minha vida.
Tomei conhecimento dessa denominação num interessante livro que tem o mesmo título e conta o entrosamento entre duas cidades – uma a Cidade de Cássia, na Itália e a outra Santa Cruz no Brasil (Rio Grande do Norte), em torno da devoção pela Santa Rita de Cássia, na cidade italiana onde guarda o seu corpo insepulto e na potiguar onde foi erguida a maior estátua religiosa do mundo.
Tais sentimentos convergiram para uma troca de visitas que culminou com a entrega do título à Cidade de Santa Cruz, como um verdadeiro “Gemellaggio”, face as coincidências devocionais e propósitos religiosos, em solenidade cativante, que logrou o recebimento de uma “relíquia” daquela Santa, hoje depositada na Capela de Santa Cruz.
O livro foi escrito por autores brasileiro Adriano Nóbrega e italiana Marta Ferraro (Ideia Editora, João Pessoa/PB, 2014).
Agora a justificativa do por quê “Gemellaggio” entre Natal e Cotovelo – primeiro porque praia vizinhas, isto é, a primeira depois de Ponta Negra; segundo em decorrência de que os holandeses quando invadiram o Rio Grande do Norte na expedição de 1633, o fizeram pelo litoral, fundeando seus navios nas cercanias de Cotovelo, proximidade da curva de Pirangi. No dia seguinte levantaram âncoras e partiram para Natal, fundeando em Ponta Negra em 08 de dezembro, pela manhã, e ajudados pelos índios, sem encontrar resistência, de onde saíram a pé para tomarem o Forte dos Reis Magos.
Para não me alongar, em terceiro lugar, em decorrência de que, hoje, Cotovelo é uma cidade dormitório de grande parte da população que trabalha em Natal.
Quem tiver o interesse ou curiosidade para desenvolver este assunto, leia o livro referido e as muitas publicações sobre os holandeses no Rio Grande do Norte, onde ocuparam a Fortaleza dos Reis Magos e a Casa Forte de Pedra de Pium, onde residia João Lostau Navarro.
A expedição, que foi a segunda tentativa, foi comandada pelos chefes militares Jan Corlisz Lichthardt e Baltazar Bijma, acompanhados de Mathijs van Keulen e Servaes Carpenter.
É um tema cativante, que merece ser estudado com mais profundidade. Mãos à obra...
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