quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021


 

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-14

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

UMA QUARTA-FEIRA DE CINZAS DIFERENTE

Estamos vivendo, realmente, momentos estranhos daqueles tempos de poucos anos atrás, quando terminava a folia, fisicamente cansados e psicologicamente felizes com dias de tanta felicidade com a família e os amigos.

De repente, entramos num, já longo, período de resguardo em decorrência de uma pandemia do corona-vírus (covid19), que vem sofrendo mutações e criando dificuldades de combate pela ciência, a par de noticiários, nem todo verdadeiros, com o uso do desespero ou mesmo da desgraça como braço político, tendo a população usada tal qual bolinha de ping-pong.

Nosso confinamento tem oportunizado o recebimento de Whatsapp estranhos, com pronunciamentos surpreendentes de amigos, obrigando-nos a meditar com mais profundidade para entender o que está ocorrendo com as pessoas.

O resultado, confesso, não me agrada e por isso preferi estimular o silêncio e a fé como condutores do meu comportamento nos dias tormentosos que atualmente vivemos, na permanente saudade de THEREZA, razão maior da minha existência.

A minha idade não afetou a capacidade intelectiva, nem fez crescer a inatividade normal dos idosos. Procuro manter firme o corpo e acesa a chama da criatividade, morando temporariamente numa comunidade pequena, simples, onde não existe tempo para cultuar maldades. Sinto-me bem entre pessoas assim, trazendo-me os dias ditosos da minha infância e começo da adolescência nas cidades do interior.

Tomando emprestado os versos de Moacyr Franco, digo que “a nossa vida é um Carnaval. A gente brinca escondendo a dor. E a fantasia do meu ideal. É você, meu amor. Sopraram cinzas no meu coração. Tocou silêncio em todos os clarins. Caiu a máscara da ilusão. Dos Pierrots e Arlequins.”

De qualquer forma, acredito que este continuar de ano deveremos encontrar caminhos seguros para restabelecer a confiança no porvir, na recuperação financeira da população, no reiniciar o tempo da afetividade, das confrarias, das criações – nunca nos distanciando da fé, sustentáculo maior dos tempos de dificuldades.

A todos deixo o meu abraço e os convoco para o início da Quaresma, recebendo as cinzas, período que vem da palavra "quarenta", fazendo referência ao tempo em que Jesus esteve sozinho no deserto e o demônio fez-lhe várias provocações.

É um tempo reservado para reflexão, arrependimento dos pecados cometidos e para fazer jejum (sacrifícios), homenageando a vida e sacrifício do nosso Redentor Jesus.

 

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