quinta-feira, 24 de janeiro de 2019





CARTAS DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 11) 

            Já estava virada a primeira metade do dia nesta maravilhosa praia de Cotovelo, que hoje esteve nos seus maiores encantamentos.
O mar exuberante nesta lua minguante convidou os meninos da casa para um mergulho reconfortante em suas águas mansas, apesar de ser mês de janeiro.
Vencida a hora do almoço aconchego-me na rede próxima à varanda para a “madorna” da tarde. Tento antes terminar o livro “Dom Helder Camara, um modelo de esperança”, da autoria de Martinho Condini, mas as cortinas dos olhos estão quase fechadas, o que só foi possível fazê-lo após bons cochilos.
Da leitura retornei ao tempo da minha juventude e recordei os comentários na velha Faculdade de Direito da Ribeira sobre aquele Santo Padre, cuja parte de sua vida pude acompanhar pelos noticiários, haja vista a sua coragem, mesmo com a censura do período do governo instalado em 1964.
Lembrei-me de amigos engajados nos movimentos sociais da JAC (Juventude Agrária Católica), JEC (Juventude Estudantil), JIC (Juventude Independente), JOC (Juventude Operária) e JUC (Juventude universitária), da Igreja de Dom Eugênio, no Pontificado de Paulo VI.
Mas a minha mensagem de hoje tem outra direção, eis passava das 15 da tarde quando, inusitadamente, vislumbro um movimento diferente a metro e meio da minha rede – era um camaleão sobre o telhado. Chamei Thereza para fazer fotografias e apreciar aquela presença, ao mesmo tempo em que acompanhávamos sua trajetória, logo no oitão da casa, onde as pitangueiras estão abundantes. Ali deu-se o encontro com outro lagarto da mesma espécie, só que com dimensão assustadora.
Ficamos a contemplá-los e comentamos que estava concretizada a situação que antes já falara, argumentativamente, em outras cartas. Fizemos fotos, embora seja difícil encontrá-los entre as folhagens e frutos, porque a camuflagem é a arma característica desse réptil, pertencente à família Chamaeleonidae, oriunda da África do Sul.
Somente ficou um pensamento, como marca desse episódio – a real confraternização da natureza com seus habitantes.
Ficamos felizes.

(Cotovelo/Natal, 24 de janeiro).

Um comentário:

  1. Encantada com o texto tão bem elaborado e por tratar, dentre outras, de questões que me remeteram a minha infância.

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