CARTAS
DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 11)
Já estava virada a primeira metade do
dia nesta maravilhosa praia de Cotovelo, que hoje esteve nos seus maiores
encantamentos.
O mar exuberante nesta lua minguante
convidou os meninos da casa para um mergulho reconfortante em suas águas
mansas, apesar de ser mês de janeiro.
Vencida a hora do almoço aconchego-me
na rede próxima à varanda para a “madorna” da tarde. Tento antes terminar o livro
“Dom Helder Camara, um modelo de esperança”, da autoria de Martinho Condini,
mas as cortinas dos olhos estão quase fechadas, o que só foi possível fazê-lo após
bons cochilos.
Da leitura retornei ao tempo da minha
juventude e recordei os comentários na velha Faculdade de Direito da Ribeira
sobre aquele Santo Padre, cuja parte de sua vida pude acompanhar pelos
noticiários, haja vista a sua coragem, mesmo com a censura do período do
governo instalado em 1964.
Lembrei-me de amigos engajados nos
movimentos sociais da JAC (Juventude Agrária Católica), JEC (Juventude
Estudantil), JIC (Juventude Independente), JOC (Juventude Operária) e JUC
(Juventude universitária), da Igreja de Dom Eugênio, no Pontificado de Paulo
VI.
Mas a minha mensagem de hoje tem outra
direção, eis passava das 15 da tarde quando, inusitadamente, vislumbro um
movimento diferente a metro e meio da minha rede – era um camaleão sobre o
telhado. Chamei Thereza para fazer fotografias e apreciar aquela presença, ao
mesmo tempo em que acompanhávamos sua trajetória, logo no oitão da casa, onde
as pitangueiras estão abundantes. Ali deu-se o encontro com outro lagarto da
mesma espécie, só que com dimensão assustadora.
Ficamos a contemplá-los e comentamos
que estava concretizada a situação que antes já falara, argumentativamente, em
outras cartas. Fizemos fotos, embora seja difícil encontrá-los entre as
folhagens e frutos, porque a camuflagem é a arma característica desse réptil,
pertencente à família Chamaeleonidae,
oriunda da África do Sul.
Somente ficou um pensamento, como
marca desse episódio – a real confraternização da natureza com seus habitantes.
Ficamos felizes.
(Cotovelo/Natal,
24 de janeiro).
Encantada com o texto tão bem elaborado e por tratar, dentre outras, de questões que me remeteram a minha infância.
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