sexta-feira, 11 de janeiro de 2019




Saiba quem é o escritor de ficção mais lido do Rio Grande do Nor

Pouca gente sabe que o Rio Grande do Norte é tema de todo um livro de poesia intitulado “Terra Iluminada”, cujo autor, Homero Homem, nascido no Engenho Catu, em Canguaretama (1921), teve a sua formação em Natal, mas ainda jovem transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu até o fim dos seus dias (1991).
Nosso Homero tornou-se credor da gratidão dos potiguares, mas talvez nem sequer seja nome de Rua em Natal.
Além de poeta, notabilizou-se como contista e novelista, voltado para o público infantojuvenil. Seu romance “Cabra das Rocas” obteve sucesso de público em todo o país. Êxito ainda maior, o livro subseqüente, “Menino de Asas” já está na 22ª edição.
Vários outros trabalhos de sua autoria, no campo da ficção, despertam interesse, notadamente “O Goleador”, romance (primeiro volume de uma trilogia do futebol), e “O Moço da Camisa 10”, novela.
Pelo número de edições dos seus livros, constata-se que ele é o mais lido de todos os ficcionistas norte-rio-grandenses. E outra constatação não menos importante: é um dos poucos traduzidos (“Gente delle Rocas”, tradução italiana de “Cabra das Rocas”).

HOMERO HOMEM POETA

Homero Homem tem, no entanto, maior importância como poeta. Entre os expoentes da geração pós-45, ele se afigura um romântico desgarrado em pleno Século XX. Toda a sua obra poética está repassada de valores românticos: subjetivismo, comunhão com a natureza (o mar, especialmente), exaltação da mulher amada, crítica social e política, etc.
Isto não quer dizer que ele seja um retardatário. De modo algum. Na verdade, o seu claro poema, de tanto ritmo, de tanta musicalidade, trouxe inegável contribuição para a poesia contemporânea, e dúvida não há quanto à sua modernidade.
Estreou em livro com um poema em prosa, “A Cidade, Suíte de Amor e Secreta Esperança” (Rio, 1954). Surgiu depois “Calendário Marinheiro” (1958) e ao longo das décadas, vários outros livros reunidos, em 1981, num volume sob o título “O Agrimensor da Aurora”. Depois vieram: “O Luar Potiguar” (Rio, 1983), renovada homenagem à sua terra, e “Eu sem Ego” (Natal, 1990).
A poesia de HH tem sido estudada por alguns críticos de estatura nacional, como Wilson Martins, Gilberto Mendonça Teles e Leo Gilson Ribeiro. Deste último esta definição exata e concisa: “poeta de inquieta raiz social. (…) lirismo entre a emotividade, a erudição, o tom popular irônico e a musicalidade rítmica.”
Com toda a relevância, que indiscutivelmente lhe cabe em nível nacional, o poeta e escritor permanece quase desconhecido na terra que tanto exaltou. É preciso, com urgência, resgatá-lo desse injusto ostracismo.

2 comentários:

  1. Professor, suponha que gostaríamos de difundir esse é outros poetas potiguares junto aos nossos jovens. Qual caminho para isso? O ensino médio. Todavia, agora, com o Enem nacional, autores regionais tendem a desaparecer dessa avaliação. E o jovem, na sua grande maioria, motivado por obter boas notas, vai ler autores que fazem parte da exigência colocada pela avaliação. O resultado todos sabemos: autores de mérito podem ficar de fora. E, se o jovem não lê, o futuro de uma obra expressiva pode ser a espera por leitores que nem sempre aparecem.
    Ou seja, uma obra de valor intrínseco poderá tender a perder o reconhecimento público. Infelizmente.
    Que se insira no referido exame autores regionais, pois.
    Abraços do promovendo Rogério Cruz

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  2. Onde se lê promovendo leia-se Promovec iano

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