segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

VIVA 2019


CARTAS DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 01)

        Amigos, cheguei. Com dificuldades de saúde e baita engarrafamento, mas cheguei. Minha preocupação inicial, como não podia deixar de ser, foi de repor as coisas da casa em ordem – algumas peças quebradas, lâmpadas queimadas, mas, todas em segundo plano. O que interessa é o sossego, a paz que os bons ventos de Cotovelo, particularmente da minha varanda, trazem para mim.
        O domingo, como sempre, enche a praia, sobretudo quando este dia é o último de 2018, antevéspera do Ano Novo que se avizinha diferente, inimaginável dentro da lógica do cotidiano de todos os outros, senão de uma expectativa esperançosa de que alguma coisa mude, e para melhor, é claro.
        A praia está convidativa, ainda não recebendo a maré forte de todo mês de janeiro, talvez seja pelo minguante da lua. Vamos aproveitá-la antes que ela se arrependa.
        Deixei passar a noite e raiar o novo dia, o último de 2018. Dei-me ao cotidiano do veraneio – leitura e leitura.
        Logo cedo fui brindado com mais uma mensagem de Albany Dutra que, à guisa de falar do mesmo assunto, o caminhar diário: E eu estava aqui na casa de meus pais na Praia, refletindo como as coisas simples do dia a dia podem nos ensinar a fazer a diferença em nossas vidas! Observei na rotina de um dia de serviços e atividades domésticas, o quanto podemos evoluir como seres humanos, transformando o nosso coração através de pequenos gestos!” .... Nela dá a sua pitada de espiritualidade: “Fechamos as "cortinas" para nos isolarmos quando estamos tristes, solitários, preferindo a ausência da luz! Observei que uma simples lâmpada queimada que trocamos, nos coloca na presença da luz novamente! Observei que ao consertar o braço de uma cadeira, ela vai servir de suporte e amparo para quem nela sentar! Ao entrar na cozinha observei como uma medida correta de sal pode fazer toda a diferença no sabor do alimento. Vi como o varrer a sujeira do chão, o retirar a poeira dos móveis, a maresia dos vidros...deixam o ambiente limpo para usufruto de todos. Observei na família reunida, no correr, na alegria e grito das crianças brincando com os avós, o quanto é bom o convívio de um lar; Finalizando, observei contemplando o mar e o céu, a existência de Deus; e i como somos pequenos e vulneráveis diante da sua criação! Que neste ano possamos abrir as cortinas e janelas que estão obscurecendo o nosso coração; que possamos trocar as lâmpadas queimadas de nosso ser, para que sejamos luz na vida das pessoas; que possamos ser a medida certa do amor, da bondade, solidariedade, perdão, caridade, misericórdia, na vida do nosso próximo; que possamos ser o braço que serve de amparo e suporte para quem precisa; que possamos retirar todo o lixo do egoísmo, orgulho, arrogância, prepotência, desamor, ódio, ressentimento, mágoa... que sujam e mancham o nosso ser e a nossa alma; que possamos ter sempre dentro de nós a pureza e a alegria de uma criança! Que possamos zelar e cuidar dos mais velhos; que possamos semear amor, paz e união em nosso lar, em nossa família! Que tenhamos sempre dentro de nós a chama do amor de Deus, da fé, da verdade, da justiça, da esperança e da caridade, pois são elas que nos mantêm firmes na presença do Senhor que nos ilumina e dá a vida! Feliz ano novo à todos! Por Albany Dutra. 31/12/2018”. Suas palavras me conduziram para continuar a leitura da obra “O Bom Papa”, de autoria de Greg Tobin, onde disserta sobre a criação de um Santo e a recriação da Igreja, tendo como personagem central Angelo Giuseppe Roncalli – o Papa João XXIII.
        Confirmando o muito que já li sobre ele, pincei, apenas, a ratificação do que sempre guardei de sua vida e de sua obra – o homem simples, corajoso e criativo, que rompeu dogmas, implantou o ecumenismo, salvou vidas durante a 2ª Guerra e renovou a Igreja, tirando-a do “mesmismo” que adotava há um século.
        Forjado o caráter com a vida campesina, galgou a experiência e encontrou o seu norte nos sacrificantes ministérios da Bulgária, Grécia, Turquia, França e cidade de Veneza, de onde saiu ungido Papa em 1958, como João XXIII, num pontificado que durou apenas1680 dias, tendo realizado uma obra marcante como o Concílio Vaticano II, que coroou o ecumenismo religioso, após um lapso temporal de 90 anos, editou as Encíclicas Mater et Magistra e Pacem in Terris e outras, evitou a deflagração do 3º Conflito Mundial 1961-1962 e, em 03 de junho de 1963, no Palácio Apostólico do Vaticano cerrou os olhos e voltou aos Braços do Pai, na paz suprema de uma vida profícua.
        Vai raiar um outro dia, um ano novo – Viva 2019.
(Cotovelo, noite de 31 de dezembro de 2018 para o amanhecer de 1º de janeiro de 2019).

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018


Série de Poemas para a Cidade do Natal
postados na Revista de Ouro.
Meus agradecimentos ao Editor da Revista de Ouro - Poeta Radyr Gonçalves e a sua Colaboradora editorial - Poeta Adélia Costa.
DAS MARGENS DO POTENGI.
José Ivam Pinheiro
A flor rega e vive fétida lama,
e do amor reza a viva chama.
Íntimo aplauso dos corações,
encantado pulsar é sobrepor.
Pôr do sol jazz solamente só
no estio das tardes de verão.
Nas margens vida do Passo
da Pátria, rua do Rio Potengi.

As dores regam infecta flama
no susto do fazer gol é assim.
A galera passeia lá na Rampa,
e cola é escola do faltar mais
comida para quem já precisa,
esmola não, vem não resista.
Areais do Mangue e Maruim,
sabor de tiros - todos mortais.

Magia grita no latente sangue,
recantos do Canto do Mangue.
A pobreza se faz tão presente
nas vielas, casas dessa gente
das margens do rio da cidade,
que cospe, bebe e contamina.
Fio e gotas d’água que minam
lágrimas de mágoa no Potengi.
Antiga Comunidade do Maruim - Imagem de autoria não identificada na fonte pesquisada. Disponível no sítio: www.tribunadonorte.com.br

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

E AGORA, O QUE FAZER?


A cidade comemorou a data da sua criação; a humanidade festejou a chegada do MENINO DEUS. Hoje é o dia seguinte. E agora, o que fazer?
Ainda não chegou o ano novo ... é tempo de MEDITAÇÃO, de BALANÇO e PERSPECTIVA PARA 2019.
Na experiência de muitos NATAIS recomendo parcimônia, CONTABILIDADE e ESTUDO DAS VIABILIDADES para um ano novo que, certamente, será de dificuldades extremas.
Contudo, um primeiro conselho - união acima de tudo, na família, no trabalho, das amizades. Nunca precisamos tanto da solidariedade para podermos alcançar algum sucesso.

Devemos interpretar bem a canção:


terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O NATAL DE SÃO FRANCISCO


SOLO, COLOQUIAL E MUSICAL


- HORÁCIO PAIVA, EDUARDO GOSSON
  & ROBERTO LIMA


À Sua Santidade,


O Papa Francisco.



Um poema

uno e trino

que se inicia

se desdobra

e se amplia

na inspiração devocional

de três poetas... 

________________________________________


O início: O POEMA

- por Horácio Paiva


O NATAL DE SÃO FRANCISCO

- Horácio Paiva  


São Francisco refletia
sobre as chagas de Jesus
e a esperar se quedava
transido de frio e jejum.


Que procurais São Francisco
nesta noite de Natal?
A quem chamais, pobrezinho
na noite fria de Assis?


Já não tendes o presépio
e vossa fé bem plantada?
Vosso bordão, vosso hábito
e as vossas orações?


As cinco chagas chamais
de Nosso Senhor Jesus Cristo
profundo e simples quereis
compartir a sua sorte.


Há uma estrela a guiar
o caminho até as chagas.
Há o sangue derramado
sobre a neve sossegada.  

_______________________________________


O meio: O DIÁLOGO

- por Horácio Paiva & Eduardo Gosson



O NATAL DE SÃO FRANCISCO E DO POETA HORÁCIO PAIVA


-   Horácio Paiva  &  Eduardo Gosson  -

São Francisco refletia
sobre as chagas de Jesus
e a esperar se quedava
transido de frio e jejum.

-  Medito em profundo silêncio e solidão!

Que procurais São Francisco
nesta noite de Natal?
A quem chamais, pobrezinho
na noite fria de Assis?

-  Procuro pelos desvalidos deste mundo.

Já não tendes o presépio
e vossa fé bem plantada?
Vosso bordão, vosso hábito
e as vossas orações?

-  Sim, tenho tudo isso. Contudo, preciso buscar a todos,
   para que não se perca nenhum.

As cinco chagas chamais
de Nosso Senhor Jesus Cristo
profundo e simples quereis
compartir a sua sorte.

-  Sim, o verbo é simples!

Há uma estrela a guiar
o caminho até as chagas.
Há o sangue derramado
sobre a neve sossegada.

-  Sim, o seu sangue não foi em vão. Sobre a neve nascerão
   rosas e esperança. 

___________________________________


O final: A CANÇÃO (clique para ouvir.)
A letra (com as alterações textuais) e a  Partitura
- por Roberto Lima


O NATAL DE SÃO FRANCISCO

                        Letra: Horácio Paiva & Eduardo Gosson com adaptação de Roberto Lima
                               Música: Roberto Lima

Prólogo: São Francisco refletia
Sobre as chagas de Jesus
E, no chão, se estendia,
Abrindo os braços em cruz...

1- Que esperais, ó São Francisco, 
Hirto de frio e jejum?
Que fazeis, pobre Francisco, 
A vos quedar sobre o chão?


Eu medito no silêncio
E em profunda solidão! 

2- Que buscais, ó São Francisco,
Nesta noite de Natal?
A quem chamais, pobrezinho,
Na noite fria de Assis? 

Eu procuro pelos pobres,
Desvalidos deste mundo! 

3- Já não tendes o presépio, 
Vossa fé já bem plantada,
O bordão e vosso hábito
E as vossas orações?


Eu preciso buscar a todos
Pra não perder-se nenhum! 

4- As cinco chagas chamais
De Nosso Senhor Jesus Cristo,
Profundo e simples quereis
Compartir a sua sorte? 

Sim, pois o verbo é simples,
Mas traz a vida de Deus! 

5- Há uma estrela pra guiar
O caminho até as chagas, 
Mas há sangue derramado
Sobre a neve sossegada. 

Seu sangue não foi em vão,
Pois se cumpriu a aliança, 
Sobre a neve nascerão
Rosas vivas de esperança! 























segunda-feira, 24 de dezembro de 2018



A NOITE INOLVIDÁVEL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

Acordei ansioso em preparar uma mensagem natalina para a Ceia da família nesta noite, e para reverenciar os meus amigos e amigas.
Imbuído naturalmente, dos melhores propósitos, comecei a meditar sobre sentimentos pertinentes, comparando-os com a hipocrisia que faz parte do nosso ser, e encontrei palavras chaves como: amor, perdão, humanismo, solidariedade, alegria e esperança, entre outros.
Surgiu no horizonte do meu amanhecer lembranças queridas, saudades infindas e a presença atrevida das lágrimas. Teria eu algum arrependimento? Com muito esforço não encontrei nada que me envergonhasse. No balanço da existência não me enxerguei egoísta, vingativo, individualista. Pelo contrário, me encontrei nos atributos positivos, que nunca me deram riqueza material, mas servem para crédito da salvação da minha alma, único bem que busco para o final dos tempos.
Estava, ainda, nesses devaneios, quando recebo pelo WhatsApp uma mensagem completa, perfeita, que se ajusta ao momento, ou melhor, a todos os instantes da vida. Ela é da inteligência e sensibilidade de um grande cristão aqui da terra potiguar, que agora preferi reproduzir – não por oportunismo, mas porque reconheço que não tenho a capacidade de escrever algo tão puro e essencial para as vésperas do nascimento do CRIADOR.Com a sua reprodução cumprimento a todos com quem convivo e aos meus correspondentes virtuais de vários pontos cardeais deste planeta:
“78Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará, 79para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, e dirigir nossos passos no caminho da paz”. Lc 1, 78-79.
      Hoje à noite o sol que brilha sem cessar, a estrela da justiça e da verdade que nos ilumina, salva e liberta, vai nascer! E a pergunta que Deus nos faz, é a mesma descrita pelo profeta Samuel: "Porventura és tu que me construirá uma casa para eu habitar?"
O menino Deus, à cada Natal espera uma nova oportunidade de encontrar em nosso coração, um lugar seguro para nascer e habitar; e nele ser amor, bondade, perdão, gratidão, fé, solidariedade, misericórdia, humildade, caridade, graça e luz; muita Luz!
 Que esta noite, diante da fartura das ceias, das comemorações em família, das trocas de presentes; possamos silenciar um pouco o nosso coração, e parar para escutar o choro de um menino; da nova esperança que está para chegar. Vamos refletir sobre esse choro, e fazer essa pergunta: "por quais motivos, em minha vida, Jesus está chorando?"... Tenho certeza que Ele tem muitos motivos!...Vamos pedir perdão com o desejo de mudar, e acolher Jesus!
Não deixemos Maria e José bater à porta do nosso coração em busca de um lugar para pousar Jesus, e pelo "barulho" da festa que estamos fazendo, terem que ir procurar uma manjedoura em outro lugar! Que a luz de Deus se manifeste trazendo salvação para todos nós.
Que ela venha para iluminar as trevas que muitas vezes obscurecem a nossa vida! Vamos viver neste mundo com paz, amor, harmonia, equilíbrio, caridade, justiça e piedade; aguardando com alegria, a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande
Deus e Salvador, Jesus Cristo! Um Feliz e abençoado Natal para todos!”

Por Albany Dutra.  24/12/2018.

domingo, 16 de dezembro de 2018

UM HOMEM BOM




Cléobulo Cortez Gomes
Filiação: Manoel Genésio Cortez Gomes e Maria Natividade Cortez Gomes.
Nasceu no dia 28 de maio de 1932, em Natal-RN
Atuou nas seguintes comarcas:
1961: Comarcas de Campo Redondo e Jardim de Piranhas
1962: Ficou a disposição do governo do Estado, assumindo a Secretaria do Estado da Agricultura, Viação e Obras Públicas.
1964: Reassumiu as funções de Promotor de Justiça da Comarca de Jardim de Piranhas.
1965: Comarca de Mossoró – Cargo de Curador.
1966: Comarcas de Martins e Mossoró.
1968: Comarca de Natal.
Entre os anos de 1969 a 1971 assumiu as funções de Procurador-Geral de Justiça.
1975: 01 de agosto, assumiu o exercício das funções do cargo de Corregedor-Geral do Ministério Público.

1967: Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde foi Coordenador do Curso de Direito, por muitos anos.
1977: Iniciou o Curso de Mestrado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.
1984: Ano de sua aposentadoria.
Referências: Assentamento Individual (Arquivo do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte).
Entrevista concedida à equipe do Projeto Memorial do Ministério Público, realizada no dia 16 de Agosto de 2007.
Falecimento em Natal, no dia 15 de dezembro de 2018.

Cleóbulo foi uma legenda no Curso de Direito. Sua atuação marcou o traço diferencial da Coordenadoria do começo tradicional e a modernização. Algumas gerações guardam a sua história e o terão em suas memórias. Nada a questionar dos desígnios de Deus, pois nos proporcionou o convívio com um homem de bem que agora vai atuar em outra dimensão da existência. Nossas condolências à família e a saudade do velho companheiro de lutas. 🙏

Recebi muitas referências e votos de pezar ao falecido CLEÓBULO CORTEZ GOMES dos seus colegas e alunos da UFRN, muitos dos quais membros da ALEJURN: Marcelo Navarro, Ivan Maciel, Marcelo Dias, Arthúnio Maux, Lúcio Teixeira, Isabel Helena, Adilson Gurgel, Ivan Lira, Anísio, José Delgado, Lúcia Jales, Edilson Nobre, Francisco Barros, João Rebouças, Walter Nunes Jr., Maria do Perpétuo Socorro, Luiz Marinho, Arthur Bonifácio, Luiz Alberto, Assis Câmara, Zélia Madruga, Antenor Roberto, Albanízia Sena, Joventina Simões, Juan de Assis, por enquanto.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018


A amiga Angela Dieb, sempre zelosa quanto aos aspectos de cultura, arte e tradição, me enviou o áudio da famosa valsa “Royal Cinema”, dando conta de que hoje seria a data natalícia de sua composição, pelo Tonheca Dantas. E ainda opinando que eu elaborasse algo em alusão. Assim, pus mãos à obra, me propondo a cumprir a tarefa sugerida.
Na esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu se erguia o Royal Cinema, única casa de espetáculos do gênero existente na Cidade Alta. Foi inaugurado em 1913, dois anos depois do Polytheama. No início apenas se assistiam a películas do cinema mudo, somente no ano de 1931 é que passou-se a exibir filmes sonoros. Na época dos filmes mudos, e na quase totalidade dos cinemas nacionais, havia sempre a presença de músico (normalmente um pianista), que tocava seu repertório, não só nos intervalos das sessões como também em meio às exibições das fitas. Entre aqueles que se apresentavam no Royal podem se destacar os pianistas Garibaldi Romano, Generosa Garcia, e o popular Paulo Lyra. Em dias especiais, com festa e solenidade, era costume se apresentar um conjunto musical, como o composto por Paulo Lyra ao piano, Manoel Prudêncio Petit na flauta, Cândido Freire no saxofone, Calazans Carneiro no contrabaixo e João Cosme na bateria. Um grupo que se exibiu por longo período no Royal era formado por Eduardo Medeiros no violão, Tibiro no saxofone e Tonheca no clarinete. Certa feita, o proprietário do cinema encomendou a este último, já bem conhecido como compositor, uma valsa para ser tocada na abertura das sessões. E foi assim que surgiu a célebre “Royal Cinema”, em 1913, e que, durante a II Guerra Mundial, ficou famosa no mundo inteiro, através das transmissões da rádio BBC. Quanto ao Royal, deixou de funcionar antes mesmo do início da década de 40, por não ter conseguido enfrentar os concorrentes, mais modernos e com novas tecnologias.
Antônio Pedro Dantas, mais conhecido como Tonheca Dantas, nasceu em Carnaúba dos Dantas/RN a 13/06/1871, e faleceu em Natal/RN no dia 07/02/1940. Sertanejo de origem humilde, filho de escrava alforriada e oficial militar, Tonheca contrariou todos os prognósticos ao se tornar um dos compositores potiguares de maior projeção internacional de todos os tempos. Autor de mais de mil músicas, sua obra mais famosa, a valsa "Royal Cinema", que em 2018 completou 105 anos de composição, é considerada peça obrigatória no repertório de qualquer banda sinfônica que se preze, inclusive no âmbito internacional. Despertou o gosto pela música desde criança, aprendendo com os irmãos em uma banda da sua cidade. Jamais teve formação superior como músico, era autodidata. Em 1898 foi contratado como maestro da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, função que exerceu por três anos. Em 1903, mudou-se para Belém do Pará, sendo contratado como regente da Banda de Música do Corpo de Bombeiros. Em 1910, foi para a Paraíba, onde regeu as bandas de música das cidades de Alagoa Grande e Alagoa Nova. Retornou definitivamente em 1911 para Natal, para integrar a Banda de Música da Polícia Militar. Suas composições eram principalmente valsas, mas também dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a valsa “Delírio”, a suíte “Melodia do Bosque”, a valsa “A Desfolhar Saudades”, a marcha solene “Republicana”, e o dobrado “Tenente José Paulino”.
O ex-prefeito de Natal na década de 60, Djalma Maranhão, costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. O governo do Estado do Rio Grande do Norte prestou-lhe uma homenagem com a inauguração da Sala Tonheca Dantas, no Teatro Alberto Maranhão. Cláudio Galvão, em sua biografia sobre o músico, conta esse episódio ocorrido no teste para maestro da Banda de Música da PMRN, em 1898: “Em seguida foi a vez de Tonheca Dantas. O comandante lhe entregou uma partitura diferente da primeira e perguntou ao candidato qual o instrumento que iria escolher. ‘Qualquer um…’ respondeu, ‘o senhor diga qual o que quer’. Os membros da comissão se entreolharam, surpresos com a audácia daquele sertanejo moreno e franzino, e resolveram por à prova seus conhecimentos, mandando que fosse tocando a peça nos diversos instrumentos da banda.” A citação se encerra aqui, mas é de se supor que o Tonheca tenha tido completo êxito na empreitada.

youtube.com
Antônio Pedro Dantas, conhecido como Tonheca Dantas nasceu em Carnaúba dos Dantas em 1871…
___________________________
Com muita honra, este blogueiro ocupa a cadeira 33 da ANRL, onde Tonheca é o Patrono.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018



ENTRE ADVERSIDADES E A TÊNUE ESPERANÇA
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

                                                            
Outra noite sem conciliação com o sono. Varei a madrugada, mas sem devaneios românticos e sim com preocupações irreversíveis.
Ainda nascituro o sol, consulto o meu “zap” e nele chega o agravamento do meu estado de espírito, pois logo em mensagem de voz, um militar da nossa PM conta seu desespero pelas dificuldades financeiras motivadas pela incapacidade do atual governo do Rio Grande do Norte em honrar seus compromissos, mais acentuadamente em relação aos seus servidores.
Dei-me em conta com a minha realidade, servidor aposentado, com uma gama exaustiva de obrigações familiares, sempre crescente, enquanto congeladas as receitas e pagas com atraso.
Vieram-me à lembrança reminiscências da minha caminhada e fui obrigado a permitir a entrada de temas pouco agradáveis, considerando que tais percalços geram, ainda hoje, prejuízos que transcendem o material, porque atentam para o psicológico, alguns dos quais ocorridos em um órgão onde dei parcela do meu labor e pelo qual deixei outro cargo, federal, em categoria elevada. Foi uma escolha necessária.
Na nova Casa, o TCE tive uma estrada lisonjeira, não fosse a convivência forçada com alguém possuidor de frustrações, que me forçou a uma aposentadoria adiável.
Em novas missões, continuei a gozar do respeito de outros pares, enquanto o destino me faz retornar à velha Repartição, onde tive nova oportunidade de desenvolver trabalho de modernização de procedimentos, com reconhecimento; mais adiante com a missão de instalar a Escola de Contas, à qual me dediquei de corpo e alma a ponto de durante esse período ser permanente presença nos noticiários. Mas outra sombra apareceria no meu caminho, logo ao iniciar certo ano, ao chegar para a jornada diária, deparo-me com minha exoneração no DOE - “Nossa comédia acabou, sem aplauso sequer, quando o pano baixou.  Numa cena banal, pôs-se um ponto final!” (da música consagrada por Dick Farney).        
Coincidentemente, no mesmo sítio temporal, num exame de rotina, deparo-me com o diagnóstico de doença grave. Mas a necessidade de continuar no comando de uma família um tanto populosa, obrigou-me a continuar.
Poucos passos adiante, eis que novo vulto ruim aparece, cria do anterior, e logo em seu primeiro momento administrativo, interrompe, com ato exonerativo, a trajetória de um filho que trabalhava no mesmo Tribunal há cerca de 17 anos, com indiscutíveis competência, assiduidade e honra (nomeado quando eu já era aposentado), em gáudio da indiferença, mal que agrediu a “vítima” psicologicamente até os dias presentes.
Enfim, hoje vivo o reverso do que seria natural – não ganhei o direito de uma inatividade pacífica e fico a assistir, em sofrimento silente, a tênue esperança de melhores dias deste Estado quase falido, ao mesmo tempo em que constato a desigualdade com o fausto de certas categorias funcionais, bem remuneradas, com gratificações “esquisitas” e recebendo absolutamente em dia.
Coisas da vida! A luta continua e vislumbro a força do CRIADOR, na renovação do seu nascimento.
PAZ.


Encerramento do ano cultural da Academia Norte-Riograndense de Letras: inauguração da galeria dos acadêmicos; entrega do Louvor Acadêmico ao Prof. Carlos D Miranda Gomes; lançamento da plataforma digital da ANL. / Tive a honra de representar o Conselho Estadual de Cultura no descerramento da placa e de saudar o Poeta Diógenes da Cunha Lima, Presidente da ANRL. Tudo organizado com esmero pela Acadêmica Leide Camara