ENTRE ADVERSIDADES
E A TÊNUE ESPERANÇA
CARLOS
ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor
Outra
noite sem conciliação com o sono. Varei a madrugada, mas sem devaneios românticos
e sim com preocupações irreversíveis.
Ainda nascituro o sol, consulto o meu “zap” e
nele chega o agravamento do meu estado de espírito, pois logo em mensagem de
voz, um militar da nossa PM conta seu desespero pelas dificuldades financeiras
motivadas pela incapacidade do atual governo do Rio Grande do Norte em honrar
seus compromissos, mais acentuadamente em relação aos seus servidores.
Dei-me
em conta com a minha realidade, servidor aposentado, com uma gama exaustiva de
obrigações familiares, sempre crescente, enquanto congeladas as receitas e
pagas com atraso.
Vieram-me
à lembrança reminiscências da minha caminhada e fui obrigado a permitir a
entrada de temas pouco agradáveis, considerando que tais percalços geram, ainda
hoje, prejuízos que transcendem o material, porque atentam para o psicológico,
alguns dos quais ocorridos em um órgão onde dei parcela do meu labor e pelo
qual deixei outro cargo, federal, em categoria elevada. Foi uma escolha
necessária.
Na
nova Casa, o TCE tive uma estrada lisonjeira, não fosse a convivência forçada
com alguém possuidor de frustrações, que me forçou a uma aposentadoria adiável.
Em
novas missões, continuei a gozar do respeito de outros pares, enquanto o
destino me faz retornar à velha Repartição, onde tive nova oportunidade de
desenvolver trabalho de modernização de procedimentos, com reconhecimento; mais
adiante com a missão de instalar a Escola de Contas, à qual me dediquei de
corpo e alma a ponto de durante esse período ser permanente presença nos
noticiários. Mas outra sombra apareceria no meu caminho, logo ao iniciar certo
ano, ao chegar para a jornada diária, deparo-me com minha exoneração no DOE - “Nossa
comédia acabou, sem aplauso sequer, quando o pano baixou. Numa cena banal, pôs-se um ponto final!” (da
música consagrada por Dick Farney).
Coincidentemente,
no mesmo sítio temporal, num exame de rotina, deparo-me com o diagnóstico de
doença grave. Mas a necessidade de continuar no comando de uma família um tanto
populosa, obrigou-me a continuar.
Poucos
passos adiante, eis que novo vulto ruim aparece, cria do anterior, e logo em
seu primeiro momento administrativo, interrompe, com ato exonerativo, a
trajetória de um filho que trabalhava no mesmo Tribunal há cerca de 17 anos,
com indiscutíveis competência, assiduidade e honra (nomeado quando eu já era
aposentado), em gáudio da indiferença, mal que agrediu a “vítima” psicologicamente
até os dias presentes.
Enfim, hoje vivo o reverso do que seria natural
– não ganhei o direito de uma inatividade pacífica e fico a assistir, em
sofrimento silente, a tênue esperança de melhores dias deste Estado quase
falido, ao mesmo tempo em que constato a desigualdade com o fausto de certas
categorias funcionais, bem remuneradas, com gratificações “esquisitas” e
recebendo absolutamente em dia.
Coisas
da vida! A luta continua e vislumbro a força do CRIADOR, na renovação do seu
nascimento.
PAZ.
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