Cine Rio Grande
19/11/2016
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Por suas telas desfilaram reproduções de mocinhos e bandidos,
donzelas e até beijos românticos. Sustos e um gorila audaz. Foi mudo e
preto e branco, depois falado, legendado e colorido, mas sempre em ampla
sala escura de exibições que conduz a plateia a viajar pelas cenas que
passam. Abrigo da sétima arte, grande revolução da imagem posta em
movimento e parte da vida de todos.
Quem não conhece Carlitos e com ele se emocionou, consagrado
personagem do criador e ator, figura maior, Charles Chaplin? Ele, e
tantos outros, um cidadão Kane, um corpo misterioso que caía, uma
revolta de pássaros, psicose e até odisseia no espaço andaram por essas
telas, conquistando multidões entre pipocas, doces e refrigerantes.
Acomodados nas poltronas ao apagar das luzes, à espera do enredo, da
surpresa e do encanto. A pura magia. Tantas turmas de amigos se reuniram
para as sessões, tantas filas se formaram em suas portas, tantos
bilhetes foram vendidos e casais se deram as mãos, suspiraram e sonharam
com o primeiro beijo.
Vida que se passa diante da grande tela. Nas calçadas, os cartazes
anunciavam os horários, fixavam preço, divulgavam os filmes. O sucesso
maior na estreia, a casa lotada, os filmes esperados com ansiedade. Tudo
compõe a história das salas de exibições, os cinemas, o Cine Rio
Grande. Prédio imponente, amplo, com entrada pela esquina, o Rio Grande
foi construído na década de 1940 e conserva todos os elementos do estilo
em moda Art Déco.
Se os planos e as linhas são retas, também coisa do moderno, o jogo
de volumes geométricos, a marquise na fachada e os elementos
decorativos, sem arabescos que o revestem, contam que ele é totalmente
Déco. Prédio mais imponente da Av. Deodoro da Fonseca, Natal/RN, na
época, com mil e seiscentos lugares disponíveis. Iniciativa da firma
natalense Moreira, Souza Ramalho & Cia, com equipamento
cinematográfico adquirido na RCA.
Inaugurado em 1949, com discurso e exibição do filme Minha Rosa
Silvestre, a que se seguiram tantas sessões até fechar as postas, nos
anos 1980. O mais são histórias diante das telas, vividas com emoções de
cada um, a cada fita que se desenrolava.
Comentários
Carlos Gomes - 21/11/2016
Costumava frequentar a sessão das 14 horas e ficava antes e
depois do filme batendo papo sob a sombra de um ficus benjamin no
extremo da Praça Pio X.
Tinha também o Cinema de Arte (no sábado e depois no domingo, pela
manhã).
O Rio Grande era o ponto de encontro dos amigos e dos namorados.
Observação: quando o Cinema de Arte era no sábado, tínhamos aula na
Faculdade de Direito e o Professor do segundo horário sempre achava um
pretexto para terminar mais cedo e também ia para à sessão.
Ah! que saudade me dá.
PARABÉNS POR NOS DEVOLVER UM TEMPO DOS PARDAIS NO VERDE DOS QUINTAIS.
gracinha barbalho - 20/11/2016
Meu caro cofrade,me reportei ao escurinho mágico dos cinemas Rio
Grande, Rex, Nordeste, assim como o Cinema de Arte passados nas
quartas-feiras no Poty já na descida Deodoro para a Ribeira. Saíamos da
Faculdade de Sociologia e Politica para assistirmos filmes de Fellini,
Antonioni,Polanski, Pier Paolo Pasolini e tantos outros cineastas de
minha geração. Após o filme sempre discutia-se o conteúdo e sua relação
com a vida.
gracinha barbalho - 20/11/2016
Meu caro cofrade,me reportei ao escurinho mágico dos cinemas Rio
Grande, Rex, Nordeste, assim como o Cinema de Arte passados nas
quartas-feiras no Poty já na descida Deodoro para a Ribeira. Saíamos da
Faculdade de Sociologia e Politica para assistirmos filmes de Fellini,
Antonioni,Polanski, Pier Paolo Pasolini e tantos outros cineastas de
minha geração. Após o filme sempre discutia-se o conteúdo e sua relação
com a vida.
Zelma Sobral - 20/11/2016
Foram muitas emoções no saudoso "Rio Grande "..... amava o
"Cinema de Arte nas manhãs de Domingo. Belo texto, parabéns 👏👏👏
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