Sexta, 23 de Setembro Meus escritos por Flávio Rezende
Tendo como gancho um congresso espírita utilizei serviços de uma agencia de turismo e de férias do trabalho, direcionei meu corpo e minha mente para breve estada em Asunción, no Paraguai.
Da mesma maneira que procedo em quase todas as viagens que realizo sozinho, utilizo o transporte comum como ônibus de linha, eventualmente um taxi ou metrô e muitas caminhadas, para ir curtindo o cotidiano dos cantos e recantos que visito, jogando olhar para as pessoas, os prédios, ruas, parques e, eventos culturais que minha situação financeira possa alcançar.
Em Asunción tive a oportunidade de ir por duas noites para um festival internacional de jazz, podendo relembrar este estilo musical tão rico e emoldurar minha presença no evento com pensamentos elevados do quanto é importante incorporar a nosso cotidiano, ritmos que possibilitam satisfação interior, como é o caso do jazz.
A lição que reforcei dentro do meu ser foi a de que a música precisa estar cada vez mais presente em vários momentos de nossa existência, ou seja, no ambiente de trabalho, nas relações familiares, nas comemorações de uma maneira geral e, em sendo uma melodia que promova o engrandecimento pessoal, agregará sublimado valor tornando tudo mais divino e maravilhoso.
No congresso espírita, apesar de ter ido muito pouco, reforcei internamente a necessidade de manter a conduta do bem, tendo ouvido de uma proeminente autoridade no assunto, relatos de devotos de Jesus que, mesmo acossados pelo perigo da crença que professavam em tempos difíceis, eram rochas na fé que seguiam e hoje exemplificam perseverança em eventos por todo o planeta, sendo considerados os pilares do universo cristão em que boa parte dos terráqueos esta inserida.
As caminhadas por ruas paraguaias revelaram muitas outras coisas. Andando por vários países, percebemos as diferenças econômicas, os costumes, a paciência, a gastronomia, com uns estando mais avançados nuns aspectos, que por sua vez complicam outros, existindo ganhos e perdas no ranking de se estar mais ou menos modernos, digamos assim.
A alta tecnologia, na medida em que nos insere num novo universo, possibilitando diversões e ferramentas uteis no trabalho comum, promove nosso isolamento, com ilhas de seres navegando por universos paralelos, mesmo que fisicamente agregados num mesmo continente.
Em países onde a tecnologia não está tão presente ainda, podemos perceber mais ajuntamentos humanos nos moldes antigos, menos luzinhas acesas e, a certa precariedade em diversos setores da vida, passa a ter certo charme, vez que a nova sociedade cibernética, também tem seu lado negativo, principalmente esse de ficarmos individualizados em meio a coletivos.
No Paraguai ainda não existem muitos carros e o trânsito flui tranquilamente. Semáforos são raros, as pessoas ainda tomam a bebida nacional em todo canto, as roupas não exibem tantas estampas estrangeiras, tudo é meio anos 80, oferta de produtos limitada, preços baixos, raros turistas, simpatia por todo lado e um lugar onde nos sentimos seguros.
As opções não são tantas e até minha cidade Natal do nordeste do Brasil creio ser mais moderna que a capital Asunción, mesmo assim, sinto que é importante o planeta ter muitos lugares ainda assim, afinal, essa vida mais ou menos que ainda se pratica na maior parte do planeta é a vida mais sentida, mais vivida, mais próxima de certa humanidade em que nos reconhecemos como seres.
No futuro vamos estar todos nivelados por uma alta tecnologia que vai nos elevar a outro patamar de existência. Isso terá um preço e ele passa pela relativização da nossa humanidade. Vamos renunciar a uma parte humana em favor de uma parte máquina.
No futuro, ao voltar a Asunción, deverei comparar os sentimentos de um humano puro caminhando por uma cidade ainda discretamente moderna, com um humano híbrido, navegando por uma metrópole digital.
Hoje sou feliz, amanha também serei?
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