O HAITI É AQUI
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
Com a
preocupação centrada no impedimento da sua Presidenta, o Brasil vive momentos
de extrema dificuldade, com a estagnação da produção gerando uma economia em
baixa, tendo como consequências o desabastecimento, o desemprego, o aumento da
criminalidade e a esperança em agonia.
A culpa
de tudo isso é conjuntural, a partir da falta de discernimento do povo no
momento da escolha dos seus governantes, elegendo pelo proselitismo,
clientelismo e conluio com as vantagens criminosas da maioria dos políticos,
despreparada intelectual e civicamente para conduzir um país rico e de um povo
tolerante.
Pelo
que se vê, a desgraça é nacional, em especial nos campos mais essenciais – a educação,
a saúde e a segurança. Exemplos não faltam. O noticiário, num misto de
indignação e sensacionalismo, registra a desgraça e a intemperança.
Ainda
hoje, assisti aqui em Natal, um realista depoimento do médico José Madson Vidal,
dizendo do estado psicológico da classe médica quando não tem meios de, sequer,
evitar a morte de crianças, à falta de equipamentos fundamentais para isso. Os
governos perdulários preferem pagar fortunas mensalmente pela construção de
arenas de futebol ou coisas semelhantes, concretizadas a custa de muita propina
e que pesa no bolso da população gravemente, enquanto não temos hospitais,
médicos, estabelecimentos prisionais, nem policiais, as escolas sucateadas e a
bandidagem mandando em todas as esferas da vida cotidiana. A dose será repetida
este ano com as Olimpíadas, num Estado como o Rio de Janeiro que não dá
assistência ao povo e paga os seus servidores de forma fatiada.
A
segurança agora terá que ser organizada pela população, pois nenhuma voz é
ouvida, num paradoxo de restrições legais para a licença de armas em favor da
população ordeira; a saúde terá que ser procurada por conta própria, barganhada
ou implorada e a educação terá que voltar ao ensino doméstico, pois as greves,
a falta de professores ou até mesmo a falta de compromisso não garantem a
alfabetização e a aprendizagem na proporção das necessidades.
Estou
revoltado, indignado, sem esperança. Não tem jeito, O Haiti é aqui, sem nenhum
menosprezo ao valoroso país do Caribe (La Perle des Antilles), assim conhecido
pela sua beleza, mas vitimado pela violência política que o levou a
instabilidade dos seus sucessivos governos e hoje vive sob a intervenção das
Nações Unidas que, após 12 anos estudam a possibilidade de retirada progressiva
das tropas internacionais, dado que termina em outubro o prazo da Operação ONU.
Precisamos
encontrar uma solução para o Brasil, a curto prazo. Estamos em ano eleitoral:
vamos começar agora?
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