terça-feira, 19 de abril de 2016

artigo




O HAITI É AQUI
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor


Com a preocupação centrada no impedimento da sua Presidenta, o Brasil vive momentos de extrema dificuldade, com a estagnação da produção gerando uma economia em baixa, tendo como consequências o desabastecimento, o desemprego, o aumento da criminalidade e a esperança em agonia.
A culpa de tudo isso é conjuntural, a partir da falta de discernimento do povo no momento da escolha dos seus governantes, elegendo pelo proselitismo, clientelismo e conluio com as vantagens criminosas da maioria dos políticos, despreparada intelectual e civicamente para conduzir um país rico e de um povo tolerante.
Pelo que se vê, a desgraça é nacional, em especial nos campos mais essenciais – a educação, a saúde e a segurança. Exemplos não faltam. O noticiário, num misto de indignação e sensacionalismo, registra a desgraça e a intemperança.
Ainda hoje, assisti aqui em Natal, um realista depoimento do médico José Madson Vidal, dizendo do estado psicológico da classe médica quando não tem meios de, sequer, evitar a morte de crianças, à falta de equipamentos fundamentais para isso. Os governos perdulários preferem pagar fortunas mensalmente pela construção de arenas de futebol ou coisas semelhantes, concretizadas a custa de muita propina e que pesa no bolso da população gravemente, enquanto não temos hospitais, médicos, estabelecimentos prisionais, nem policiais, as escolas sucateadas e a bandidagem mandando em todas as esferas da vida cotidiana. A dose será repetida este ano com as Olimpíadas, num Estado como o Rio de Janeiro que não dá assistência ao povo e paga os seus servidores de forma fatiada.
A segurança agora terá que ser organizada pela população, pois nenhuma voz é ouvida, num paradoxo de restrições legais para a licença de armas em favor da população ordeira; a saúde terá que ser procurada por conta própria, barganhada ou implorada e a educação terá que voltar ao ensino doméstico, pois as greves, a falta de professores ou até mesmo a falta de compromisso não garantem a alfabetização e a aprendizagem na proporção das necessidades.
Estou revoltado, indignado, sem esperança. Não tem jeito, O Haiti é aqui, sem nenhum menosprezo ao valoroso país do Caribe (La Perle des Antilles), assim conhecido pela sua beleza, mas vitimado pela violência política que o levou a instabilidade dos seus sucessivos governos e hoje vive sob a intervenção das Nações Unidas que, após 12 anos estudam a possibilidade de retirada progressiva das tropas internacionais, dado que termina em outubro o prazo da Operação ONU.
Precisamos encontrar uma solução para o Brasil, a curto prazo. Estamos em ano eleitoral: vamos começar agora?

Nenhum comentário:

Postar um comentário