A
primeira tentativa de se negar a ressurreição de Cristo foi feita pelos próprios
sacerdotes judeus. Justamente aqueles que deveriam se arrepender de seus
erros, tentam, diante das evidências dos fatos, ocultar a verdade mediante
suborno (Cf. Mt 28.11-15). Entretanto, eles nada podiam fazer de eficaz
contra a realidade do Senhor Jesus ressurreto.
Aqui
não nos ocuparemos com as tentativas dos incrédulos em negar o fato da
ressurreição; para nós, basta o que a Bíblia nos diz; todavia, apresentaremos
alguns elementos bíblicos que manifestam com clareza a realidade da
ressurreição de Cristo.
O TÚMULO VAZIO
Mateus
registra que um anjo do Senhor removeu a pedra (de cerca de duas
toneladas)[4] que fechara o sepulcro de Jesus (Mt 28.2-4); certamente isto
não foi feito para que Jesus pudesse sair, visto que a matéria não servia
de empecilho para o corpo glorificado do Senhor ressurreto (Cf. Jo
20.19,26); todavia isto foi feito, segundo me parece, a fim de que
primeiramente Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27.56,61;
28.1), pudessem constatar com os seus próprios olhos o túmulo vazio (Lc
24.1-3) e, posteriormente, também o fizessem João e Pedro (Jo 20.1-10). O
túmulo continuou vazio como evidência concreta da ausência do corpo de
Jesus. Todavia, o túmulo vazio pode ser explicado de três formas: 1) Os discípulos de Jesus
levaram o corpo; 2) Os inimigos de Jesus levaram o
corpo; ou 3) ele realmente ressuscitou.
Analisemos
rapidamente as possibilidades: Quanto à primeira, podemos observar que não
aconteceu, pois eles ficaram desanimados e desesperados com a morte de
Jesus, não esperando ressurreição alguma (Cf. Lc 24.17-21;36,37); e, mesmo
que eles tentassem raptar o corpo de Jesus, isto seria impossível visto
que havia uma escolta de sobreaviso guardando o túmulo (Cf. Mt 27.62-66).
O mesmo é válido para a possibilidade dos inimigos de Jesus tentarem
roubar o seu corpo; e, também, por que eles fariam isso? Para dar uma
pista errada aos crédulos? Ora, se fosse assim, e o rapto tivesse
ocorrido, quando os discípulos começassem a proclamar a ressurreição de Cristo,
eles viriam a público apresentando o corpo morto de Cristo ou alguma evidência
irrefutável, silenciando definitivamente a pregação apostólica e pondo fim
à Igreja de Cristo; entretanto eles silenciaram; tentaram pela força
fazê-los calar, visto que não tinham como argumentar contra a evidência do
túmulo vazio. Jesus realmente ressuscitou!
AS APARIÇÕES DE JESUS
O
Senhor ressurreto apareceu durante quarenta dias (At 1.3) a várias pessoas em
cerca de 13 ocasiões diferentes, dando prova evidente da sua ressurreição.
Paulo faz um sumário das aparições de Jesus ressurreto (1Co 15.3-8).
A TRANSFORMAÇÃO DOS DISCÍPULOS
Apesar
de sua a priori autoconfiança ingênua, os discípulos, diante da
prisão
de Jesus, fogem deixando-o em mãos de seus algozes (Mt 26.33-35;56). Após
a sua crucificação, estão atemorizados, às portas trancadas (Jo 20.19,26);
agora, após a confirmação da ressurreição de Cristo, Pedro – que antes
negou a Cristo três vezes –, juntamente com João, dá testemunho corajoso
diante das autoridades judaicas (At 4.13,18-20; 5.29). Esta transformação
só pode ser explicada pela certeza da presença confortadora do Cristo vivo
entre eles (Mt 28.20).
Os
apóstolos jamais extrairiam esta coragem de uma mentira por eles inventada;
esta ousadia era fruto do Espírito de Cristo que neles habitava (2Tm 1.7).
A PREGAÇÃO APOSTÓLICA
A
certeza e o significado da ressurreição de Cristo estavam tão nítidos na
mente e nos corações dos discípulos, que todos os seus sermões tinham como
clímax histórico, a ressurreição. A mensagem apostólica apontava para a vitória
de Deus sobre o pecado e a morte, por meio da ressurreição de Cristo. A
pregação apostólica se baseava nas Palavras e nos atos salvadores de Deus
na História; e, a ressurreição foi um fato histórico (Ver: At 1.22; 2.24; 3.15;
4.10,33. 5.30; 10.39-41; 17.2,3,17,18; 26.23; 1Co 15.12).
Como
temos enfatizado, Paulo em Atenas, “pregava (εὐαγγελίζομαι) a Jesus e a
ressurreição” (At 17.18). A ressurreição era a tônica de toda mensagem
apostólica; sem a ressurreição de Cristo não haveria pregação, nem fé, nem
esperança. No livro de Atos, não encontramos nenhum sermão em que a ressurreição
não fizesse parte da proclamação (At 8.5; Rm 10.8-10; 1Co 15.1,3,4,12; 2Tm
2.8). Mesmo que muitos estudiosos céticos não creiam na ressurreição de Cristo,
têm de admitir: os discípulos criam e a proclamavam.
A CONVERSÃO DE MUITÍSSIMOS SACERDOTES
Humanamente
falando, os sacerdotes judeus para aceitarem a pregação de Jesus como o Cristo,
precisavam estar certos da realidade da sua ressurreição, já que tudo parecia
ser o oposto (por exemplo: A crença predominante de um Messias militar, o boato
forjado pelos principais sacerdotes de que os discípulos de Jesus roubaram o
seu corpo, etc.). Entretanto, o Deus que age mediante a verdade, agiu em suas
mentes e corações por meio da realidade da ressurreição histórica de Cristo
(Cf. At 6.7).
A CONVERSÃO DE SAULO
Saulo
teve a sua vida transformada pelo confronto com o Cristo ressurreto (At 9.1-6).
Saulo, o perseguidor, agora é Paulo o perseguido, disposto a dar a sua vida –
como de fato deu –, por amor ao Cristo vivo (Vejam-se: At 20.22-24; 21.13; 2Tm
4.6-8). Paulo transforma-se no pregador efetivo do Cristo ressurreto, o qual
lhe aparecera no caminho de Damasco e, era uma realidade viva em sua existência
(At 22.6-10; 26.8-18). Vinte anos depois do seu encontro com Senhor vivo, Paulo
se inclui entre aqueles que viram o Senhor ressurreto, dizendo: “E, afinal,
depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo”
(1Co 15.8).
A OBSERVÂNCIA DO DOMINGO [5]
É
fato que no Novo Testamento não encontramos nenhuma ordem ou mesmo ensinamento
para a Igreja se reunir no domingo; se isto é assim, por que, então, a Igreja
substituiu o sábado pelo domingo? A resposta para esta pergunta encontra-se nas
páginas do Novo Testamento e, também, na História da Igreja dos séculos
posteriores. O Novo Testamento nos mostra que a ressurreição de Cristo deu-se “no
primeiro dia da semana” (domingo)
e, que algumas das suas aparições deram-se também no domingo (Cf. Mc 16.2,9; Jo
20.1,19,26).
O
sábado está relacionado ao evento histórico da libertação do povo do Egito (Dt
5.15). Além, obviamente da lembrança desse fato histórico, o sábado assume um
caráter de gratidão a Deus por sua libertação e preservação; é um convite
irrestrito a meditarmos na bondade e misericórdia de Deus para com o seu povo.
Guardar o sábado significa preservar a aliança (Ex 31.16).
No
Novo Testamento, a associação do dia de descanso com a ressurreição de Cristo
foi mais do que natural, visto que é em Cristo que encontramos a verdadeira e
total liberdade (Jo 8.32,36) e o padrão que assinala “antecipadamente a
perfeição da obra recriadora”.[6] “Na ressurreição, Deus trouxe ao cumprimento
final seu programa criativo/redentivo. A criação original produziu o mundo. Mas
a criação-ressurreição trouxe o mundo à sua destinada perfeição”.[7]
A
Igreja do Novo Testamento era primordialmente composta de judeus, os quais
jamais mudariam a guarda do sábado – que era um sinal da aliança feita entre
Deus e o povo (Ex 31.13; Ez 20.12,20) –, pelo domingo, se não tivesse um motivo
bastante consistente e, mais ainda, se não estivessem convictos da aprovação
divina. Deve ser mencionado que mesmo as Igrejas estando sempre com um grande
número de judeus, em Atos e nas Epístolas, não encontramos nenhuma discussão ou
mesmo menção de problemas relacionados à substituição gradual do sábado pelo
domingo.
O
único motivo que nos parece plausível para esta mudança, é a certeza de que
Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana, passando aos poucos os cristãos a
se reunirem em casas, no primeiro dia da semana, já que ainda não havia templo
cristão (At 20.7; 1Co 16.2). Mais tarde, já no final do primeiro século, João
narrando a visão que teve do Senhor, diz que a recebeu no “dia do Senhor” (Ap
1.10), provavelmente se referindo ao dia que a Igreja reservara para o culto
cristão.
Outro
documento que atesta a antiguidade da guarda do domingo por parte da Igreja
Cristã, é o Didaquê(c. 120 AD),
texto anônimo, o qual usa a mesma linguagem de João se referindo ao domingo
como o “dia do Senhor”.
Assim, aludindo à reunião da Igreja, diz: “Reunindo-vos no dia do Senhor, parti
o pão e dai graças….”.[8]
Do
mesmo modo, em outro documento escrito por Justino (100-167 AD), por volta do
ano 150 – no qual temos a mais completa descrição do culto na Igreja Primitiva
–, temos a mesma referência.
“No
dia que se chama do sol [domingo],[9] celebra-se uma reunião de todos os que
moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as
Memórias dos apóstolos [quatro Evangelhos] [10] ou os escritos dos
profetas….”.[11]
Justino,
explicando o motivo porque a Igreja se reunia para cultuar a Deus no domingo,
diz: “Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em
que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em
que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos”.[12]
Portanto,
meus irmãos, a observância do primeiro dia da semana é um sinal evidente de que
a Igreja sempre creu na ressurreição de Jesus Cristo.
OUTRAS EVIDÊNCIAS
1) A Existência da Igreja
A
Igreja Cristã só pode ser explicada e compreendida à luz da ressurreição de
Cristo, porque se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé (1Co 15.14,17). Ladd
(1911-1984), de modo enfático afirma: “Não foi a esperança da continuidade da
vida no além-túmulo, uma confiança na supremacia de Deus sobre a morte ou a
convicção da imortalidade do espírito humano que deu origem à igreja e à
mensagem a ser proclamada. Foi a crença em um evento acontecido no tempo e no
espaço: Jesus de Nazaré ressuscitou dentre os mortos. Fé na ressurreição de
Jesus é um fato histórico inevitável. Sem essa evidência não haveria
igreja”.[13]
2) A Crença na Divindade de Cristo
Um
dos elementos que atestam a divindade de Cristo é o cumprimento das suas
promessas. Se Cristo não tivesse ressuscitado, os discípulos jamais aceitariam
a sua divindade, pois, assim, Cristo teria sido o motivo de suas decepções
(Ver: Lc 24.13-21).
3) A Existência do Novo Testamento
Se
Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria história a ser contada visto que o
Novo Testamento é a narrativa do cumprimento das promessas de Deus em Jesus
Cristo nosso Senhor (1Co 15.1-5).
Estas
são apenas algumas evidências que a Bíblia apresenta da ressurreição de Cristo.
A ressurreição para nós é um fato que encontra o seu apoio no registro
infalível da Palavra de Deus e, isto nos basta; por isso, a nossa confissão é
como a de Paulo: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos….” (1Co
15.20).
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