sábado, 23 de janeiro de 2016



Discursos sem fim
Geraldo Duarte*

Avesso à exteriorização da falsa intelectualidade e dos infindáveis discursos, saudoso mestre criticava os superegos.



Dizia-os sem freios e destruidores de qualquer exposição. No uso da fala, mostram esquecimento do existir de começo, meio e fim, como em tudo que ocorre na vida. Desembestam na intolerância e na ignorância. Sem rumo, indo e voltando. Do nada à coisa nenhuma. Em desafio as paciência, educação e compreensão dos ouvintes. Anestesiam ouvidos, causam leseira, sono e cochilos na plateia.



Ainda acrescia. Tais pessoas, inadvertidas e desprovidas de autocensura, tornam-se furtadoras do tempo alheio.



Afirmava apiedar-se das sofredoras vítimas submetidas a palavrórios rebuscados e termos exóticos e ocos. Asseverava parecer tratar-se de mal contagioso e, por sorte, atacar tão somente aos vaidosos e aos ditadores.



Citava Hitler, Mussolini, Stalin e um rosário interminável de mandatários seus imitadores.



Enfeixava aduzindo a mais longa alocução de posse presidencial americana: 8433 palavras de William Henry Harrison. E a mais breve: 133, de George Washington.



Parece inacreditável, porém verdadeiro. Na cidade de Perpignan, Sul da França, viveu o homem que conseguiu tagarelar, ininterruptamente, durante cinco dias e quatro horas.



O francês Lluis Colet, guia do Museu de Artes e Tradições Catalãs. Ingerindo alimentações rápidas conseguiu o recorde mundial de falação. Das 10 horas do dia 12 até as 14 do dia 17 de janeiro de 2009. Exatas cento e vinte e quatro horas de falatório. Os temas enfocaram a cultura Catalunha e o pintor surrealista Salvador Dali.
                                 
                                              *Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.

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