Umas anotações ajuntadas
Lívio Oliveira [ Advogado público e poeta - livioalvesoliveira@gmail.com ]
Em Natal e em outros pontos do Rio Grande do Norte não há mais como ficar parado. Só não vai quem já esmoreceu. A cena cultural tem se fortalecido, apesar das intermitências e de alguns desequilíbrios. Vale, no entanto, a afirmação de que estamos produtivos e inquietos. Até certo ponto, ousados. Com as críticas que naturalmente surgem (e têm que surgir), há novidades na praça e há a confirmação de alguns valores individuais, coletivos e os espaços criados em torno (virtuais/reais), postos no incremento da mesa cultural e artística. O debate tem se pronunciado, vozes em algaravia, às vezes silentes, mas logo de volta ecoando e retumbando. Há que se ter bons ouvidos para saber ver. Há que se ter bons olhos para saber ouvir. E sabendo ver e ouvir, saber escolher diante das múltiplas atrações ou armadilhas que se nos põem diante.
Mais uma vez, em face da diversidade de assuntos, subo e caminho pela balaustrada paralelamente ao mar Atlântico, correndo os meus riscos e rabiscos desajeitados e brincantes, tentando apontar para um norte bussolar, que é somente meu, mas que é bom que percebam existir em meio à cena que corre e se alonga, enquanto a cortina não cai. E trago as minhas anotações produzidas por lápis grafite no macio do bloquinho de bolso. E agora as digo, lendo-as algumas ajuntadas, pois que:
A Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), já se aproximando de ser uma senhora octogenária (2016), tem aperfeiçoado as cores de sua existência, mostrando um quadro de realizações interessantes e crescentes nos últimos anos, destacadamente no de 2014, quando deu relevo a diversos projetos (dentre eles, a “Academia para os Jovens” e o “Momento do Livro”), lançamentos de livros, publicação contínua e assídua da “Revista da ANL” (com novo visual e interessante conteúdo), encontros literários, concurso “Câmara Cascudo e a Identidade Nacional”, dentre outras tantas realizações. Vale destacar, além da atuação do seu Presidente e membros-acadêmicos (o valoroso Carlos Roberto de Miranda Gomes é o mais recente deles), a importante contribuição de Thiago Gonzaga e Francisco Martins, colaboradores permanentes e imprescindíveis daquela casa de letras e de cultura potiguar.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte vem produzindo cultura (e não somente ciência) com seriedade, bastando buscar para encontrar gemas valiosas como as preciosidades que estão na sua produção recente de livros, nas exposições artístico-visuais, na música da EMUFRN (esta possuidora de talentos individuais, grupos de elevado nível e uma espetacular orquestra, que no presente momento se apresenta e labora parcerias educativas e musicais por terras alemãs).
Do Seridó – mais especificamente de Currais Novos – vêm nos chegando sempre as melhores notícias acerca de um grupo artístico-literário que se reúne num denominado “Casarão da Poesia”, de lá surgindo belezas musicais, dramáticas, visuais, literárias que somente confirmam a qualidade do que sempre se produziu naquela região digna, mítica e bela. Gente como Wescley J. Gama, Iara Maria Carvalho, Theo G. Alves, Luma Carvalho, Maria Maria Gomes, além de muitos outros que a esses se assomam, têm feito um trabalho decente e que merece a mais forte atenção e apoio, até porque se espraia pela coletividade. E o Seridó é produtivo por todo lado. É terra que, nesse campo da cultura, sempre nos dá bons frutos.
De Mossoró e arredores são tantos os bons nomes e os bons acontecimentos que nem me atrevo a citá-los, bastando lembrar que anda e verseja por lá um dos maiores poetas que o Rio Grande do Norte já possuiu e possui, bem vivo e dinâmico: Antônio Francisco, um gigante na arte de poetar, por escrito e no gogó. Antônio Francisco, diga-se, supera qualquer discussão mesquinha sobre eventual dualidade “erudito versus popular”. É POETA e pronto. E ponto.
Importante destacar, ainda, que a Samba (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências), entidade cultural do reduto boêmio natalense, está com nova Diretoria, capitaneada por Tárcio Fontenele. E promete realizar coisas boas pra todas as gentes. De perto. De longe. Também vale firmar que esta nossa Tribuna do Norte tem trazido novos e competentes colegas colaboradores que escrevem sobre cultura e arte, ampliando a possibilidade da discussão nessa seara e na imprensa escrita. E o site cultural Substantivo Plural (www.substantivoplural.com.br), do aguerrido Tácito Costa, completa, neste mês de junho, oito anos de existência intimorata. E como há muito mais a falar e mais nomes e pessoas a lembrar, trarei adiante outras misturadas e ajuntadas anotações acerca da cena, à luz da “potiguaressência”.
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