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6 de mar (Há 8 dias)
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DO COTIDIANO EU FAÇO CRÔNICAS – II
Paulo Lyra, pianista inesquecível
Eduardo Gosson (*)
O personagem que vamos enfocar nesta crônica é o pianista Paulo Lyra que viveu entre nós no século passado, tendo colecionado estórias fantásticas. Paulo Lyra era pequeno, cabeça totalmente raspada, parecia um queijo do reino, espirituoso, irmão de Vicentina Lyra, que morava na AV. Rio Branco, vizinho ao órgão de classe dos professores – Associação de Professores do Rio Grande do Norte (APRN), hoje poderoso SINTE.
Paulo Lyra começou sua vida trabalhando nos Correios, no estado do Rio de Janeiro, onde foi colega de repartição de Juscelino Kubischek, até então simples mortal. Certa vez ao sair do trabalho, uma mulher lhe fez uma proposta inusitada:
--Paulo, vamos nos suicidar?
--Sim, pois não!
Subiram no 12º andar de um edifício comercial no centro do Rio de Janeiro. Lá chegando, Paulo saiu-se com essa:
--querida, eu ainda não jantei e aqui é muito alto. Deixa eu ir buscar comida para morrer com dignidade, decentemente pulando do 4º andar.
Moral da estória:
-Nunca mais eu voltei lá e nem ela suicidou-se!
(*) é poeta
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E POR FALAR EM SAUDADE
Foto: Cine Rio Grande - Anos 50
Carta ao amigo Odemar Junior
(Augusto Coelho Leal)
Amigo quando você partiu, não tive coragem de lhe visitar nos últimos dias que
passaste conosco. Não sei se fui covarde, não sei... Mas acho que a velhice já
estava me tornando um velho chorão. Eu não queria chorar perto de você, porque
às vezes que lhe via, você mesmo sentindo dores não reclamava, olhava para mim
sempre com um sorriso. Na verdade nem sei se você partiu, porque os justos
permanecem entre nós. Isto eu sinto quando vou ao seu apartamento, você
continua vivo, perto de Olga e seus quatros filhos, que são figuras
maravilhosas. Aqui você cumpriu sua missão, foi bom amigo, bom pai, bom marido
e na vida profissional um dos mais competentes.
O nosso conhecimento existia desde criança, das peladas nas ruas Maxaranguape
ou Campos Sales. Mas nossa amizade solidificou-se em 1965 no primeiro ano do
curso de engenharia. Eu, você e Sadock Albuquerque, um trio inseparável, que
quase com freqüência se juntava Jovelino Marques formando um quarteto digno de
tomar todas as cervejas de seu Damasceno do bar “A Palhoça”, ali na Av.
Deodoro, vizinho ao Cinema Rio Grande. Quando saíamos para tomar umas e outras
fazíamos festa, era alegria geral. Os mais comportados como Manoel Neto,
Janilson Carvalho, Antonio Gomes, Laércio Medeiros, Xavier Siqueira, Geraldo
Melo, Aldemir Villar, Edílson Medeiros, Carlos Letieri, José Batista, Valmir
Freire, Adilsom, Fernando Leitão e outros, tiravam um tempinho e iam, nos fazer
companhia. Foi na camionete Chevrolet Brasil do Sr. Edgardo Medeiros pai de
Edílson que entramos para o Guinness Book. Colocamos dezesseis machos dentro da
boléia, virou uma lata de sardinha e fomos beber. Na primeira parada quando se
abriu uma das portas foi todo mundo caindo na calçada, mas a alegria continuou
lá na “A Palhoça,” tomamos um “porre” com o primeiro “astronauta” brasileiro
que aos berros gritava que o homem não chegou a Lua. Tinha a voz de Laércio,
cantando e “roendo” Tudo de Mim - As brincadeiras no Centro Cearense, com o
velho Toinho Dantas “Careca” alto funcionário da Assembléia Legislativa, com o
apoio do General leitão. Mas tudo tem seu fim, fui eu o primeiro a abandonar o
grupo, pois logo depois me casei, tive que assumir a responsabilidade. Você foi
o primeiro a partir, a nos deixar aqui na terra. Imagino a sua chegada no céu –
lá é lugar dos justos - sendo recebido pelos seus pais Odemar Guilherme Caldas
e Laura, além do irmão Alfredo, o velho Odemar dizendo para você, como ele
costumava dizer – Essa não meu filho! Você veio muito cedo.
É isto amigo, a menor distância entre duas pessoas é o amor, e isto você tinha
por todos, amigos e familiares, por isto, você estava sempre perto de todos.
Infelizmente o espaço é pequeno para escrever sobre você, da nossa amizade, das
nossas famílias. Como não tive coragem de estar perto de você nos seus últimos
momentos neste mundo, te mando parte de um poema escrito por Ana Luisa Bailac. “Ah!
Como é linda a amizade / Principal fruto da felicidade/ Nasce como uma criança/
Cheia de pureza e firmeza/ E juntos entramos nessa dança / Conseqüência simples
da natureza”.
Adeus amigo, até o dia de juízo.
(Odemar Guilherme Caldas Junior, era Engenheiro
Civil pela UFRN, turma de 1969)
Fonte: Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
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