Maria, a maior entre todas as pioneiras
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Filho de Natal, Rio Grande do Norte, Estado pródigo em pioneirismos
femininos, pois foi a primeira unidade federativa a conceder o direito de voto
à mulher, foi onde primeiramente uma mulher se fez eleitora e onde outra se fez
a primeira prefeita do Brasil, deveria estar preparado para registrar em dia o
transcurso, ontem, do aniversário de um dia memorável para a causa do gênero.
Foi a 24 de fevereiro de 1932 que, seguindo o exemplo do nosso Estado, o Brasil
oficializou o voto feminino. No entanto, a data foi-me lembrada já no avançar
do dia pela amiga Carla Roberta Duarte, natalense nascida e de novo residente
em Fortaleza, Ceará.
Sua informação me trouxe à mente a necessidade de revermos os avanços
que as mulheres lograram nas últimas décadas sem nos esquecermos de que ao lado
de ganhos auferiram muito desgaste, pois sem prejuízo da grande
responsabilidade de seu papel no lar assumiram outras ao adentrarem o mercado
de trabalho antes exclusividade masculina.
O exame dos muitos avanços terminou me remetendo ao início dos
pioneirismos femininos e nele desembarquei prontamente na constatação de que
Maria de Nazaré, humilde judia da Galiléia, foi quem mais se destacou, na
história de toda a humanidade, como quem abre portas para seu gênero. É certo que
antes de seu nascimento a história dos hebreus falava em mulheres que foram
proeminências, desde Eva, mitológica para muitos, passando por Sara, Raquel,
Rute, Judite, Lia, Dafne, Betsabá. Porém, respeitadas as singularidades com que
estas viraram história, cabe lembrar e proclamar que nenhuma, antes ou depois
dela, chegou perto daquela mulher que Deus elegeu para mãe de Jesus e cujo
corpo foi levado para o céu conforme consta do Evangelho.
Campo do primeiro milagre vinculado à missão de Jesus na terra, a Virgem
Criada do Senhor que deu seu corpo a Deus para o cumprimento da profecia
relativa à chegada do Ungido, concebeu-O, cobriu-O com sua carne, deu-Lhe seu
sangue e seu leite e fez tanto mais que se tornaria incomparavelmente
importante para a evolução do conhecimento do homem sobre os desígnios do
Criador.
Para começar, segundo consta, Maria de Nazaré foi o único de seus
rebentos ao qual Ele consultou sobre o que lhe destinara. Nada mais do que isto
foi o que ocorreu quando, ainda saindo da puberdade, ela recebeu o anjo Gabriel
e deste a notícia de que, por escolha Divina, seria a mãe do Messias aguardado
havia séculos.
Concordando ao dizer que se fizesse nela a vontade do Pai ao saber que
Este havia decidido levar Seu corpo impoluto até o dela, através do nascimento
do Cristo, assim como levaria o dela até o Seu, nas alturas Celestiais, através
da ascensão que ainda hoje, dois mil anos depois, não encontrou similar, e
permitindo-lhe várias aparições ao longo dos séculos, sempre a renovar os
ensinamentos divinos e a pregar a renovação moral dos homens.
Só a pobre Maria gerou Jesus e O nutriu em seu seio, ensinou-O a andar
e a falar, ouviu Suas primeiras palavras infantis, fez Suas roupas, embalou-O
em seus braços, conversou com Ele como as boas mães sabem fazer ternamente com
seus nascituros, ajudando-O a se desenvolver como o homem sério e feliz que se
revelaria precocemente como o divisor da história da humanidade através da
introdução, em nossas consciências, de valores antes desconsiderados.
A missão, porém, não seria um oceano de alegrias. Como estava escrito,
não surpreenderia que às alegrias da maternidade se somasse o imenso sofrimento
que lhe havia sido reservado. Da mesma forma como veio a ser a primeira pessoa
a obter de Jesus um milagre, na boda de Caná, Maria teve que acompanhar,
vivenciando uma dor inenarrável, a Paixão do Cristo até o falecimento da carne,
para então adotar como seus filhos todos os discípulos Dele, reagrupando-os,
orientando-os, encorajando-os e exortando, tanto quanto possível à sua cultura,
para difundirem a Boa Nova, a palavra e a exemplificação do Filho
singularíssimo.
A mesma Maria que cozinhou os alimentos de Jesus, fez Seu pão, colheu
frutas e tirou leite de cabras para Ele, teve o privilégio de acompanhá-lo ao
longo dos trinta anos em que o filho se preparou para os três de pregação com
destino ao calvário na praça dos Crâneos, em Jerusalem. De quantas maravilhas
não participou, e quantas outras Ele não lhe revelou sem tê-lo feito a mais
ninguém! Como deve ter chorado silenciosamente, em algumas ocasiões, decerto,
com Ele no colo, convencendo-se reiteradamente de que um dia Jesus largaria seu
lar para cumprir Seu desiderato e imaginando, tanto quanto possível, o
sofrimento que O esperava.
Elegendo-a Mãe de Seu Filho, Deus apontou Maria como Mãe de Todos os
Homens, e foi isto que Jesus disse na Cruz infame ao apontá-la ao único
apóstolo presente:
“Mulher, eis o teu filho!”, disse Jesus, dirigindo Sua voz a Maria e
Seu olhar ao discípulo, para em seguida falar a João: “Meu filho, eis a tua
mãe”.
Amada por Jesus antes que este viesse a amar a outros em nossa forma
humana, Maria não encerrou sua missão com o Calvário. Sua preponderância no
roteiro do Cristianismo se manifestou quando ela procurou se avultou ainda
durante Pentecostes, quando o fogo sagrado se abateu sobre os apóstolos
chorosos, maravilhando-os com o Conhecimento que passariam a disseminar pelos
quatro cantos do mundo.
Jesus amou e honrou Maria legando-nos a missão maravilhosa de
seqüenciar-Lhe este tratamento. Invariavelmente, as mulheres encontram em Maria
de Nazaré o exemplo a seguir na busca do melhor comportamento, da melhor
conduta, da construção da paz e da harmonia em suas vidas, em seus lares, em
seu derredor, sem que nenhuma outra se nivele ao seu modelo.
Por isto, num dia marcante da história da evolução das mulheres no
campo social brasileiro, em lugar de visitar os vários exemplos que a história
oficial poderia nos apresentar, vi-me de repente batendo à porta do mais
completo e perfeito de todos, o de Maria de Nazaré, apresentando-o aqui
exatamente para a renovação da observância de seus méritos maravilhosos por
quantos, homens e mulheres, queiram de fato se tornar cada vez melhores na vida
com Jesus.
É esta reflexão que lhes proponho nesta quarta-feira, 25 de fevereiro
de 2015, a partir de Parnamirim (RN), Brasil, lembrando-lhes ainda de que, como
ensinou o filho de Maria, longe da Caridade não há salvação.
Roberto Guedes da Fonseca.
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