O filósofo de Cotovelo
Augusto Coelho Leal, do IHGRN
Cotovelo
é uma praia bonita e tranquila. Lá não existem os fuzuês de outras praias. Som
alto, alta burguesia querendo mostrar as suas posses, mesmo que algumas
conquistadas desonestamente. Mas, pouca vergonha é o que sobra e pobres bestas
metidos a ricos tem mais que mosquitos da dengue. Para quebrar a tranquilidade
de lá, inventaram que um Chevrolet Camaro tinha sido lançado ao mar em uma
manobra errada do motorista. Lá na orla marítima, nem velocípede anda, algumas
crianças aparecem com alguns brinquedos. Portando nem Camaro branco nem
amarelo, isso foi história mole para boi dormir.
Mas Cotovelo além das belezas naturais tem pessoas que
surpreendem a gente, com suas conversas, com suas atitudes. Pijuriu é uma delas.
Não tem nem o curso básico completo, mas gosta de ler, e por isso conversa
algumas das mazelas que “açoitam” esse país de norte a sul, de leste a oeste. Eu
digo que ele é o filósofo de Cotovelo.
Pois bem, me vendo sentado olhando para o tempo, foi logo
dizendo.
-
Bom dia “dotô” Guga, como está o
senhor? Olha, eu “sôbe” que o senhor escreveu sobre minha pessoa no seu livro?
Quem me falou foi o Seu João Carlos, eu fiquei muito feliz, não merecia.
- Pijuriu você é uma grande figura humana, e para mim o
filósofo de Cotovelo. Poucas pessoas tem o seu discernimento. Você com pouco
estudo tem melhor conhecimento do que muito doutor, e merece ser lembrado mais
do que muitos vagabundos que vivem por aí se dizendo autoridade.
- “É né dotô
Guga,”, mas eu não sou doido não, tem
coisa difícil de eu entender. O senhor não vê aquela ruma de carro, no sábado e
no domingo, quando muita gente tá vindo de Natal para a banda de cá? Num era para
esse povo acabar com aquela “parada” do posto policial, pelo menos no horário
das dez até uma hora da tarde? Ou será que esse povo pensa que só se “roba”
carro nesse horário e dia de sábado e domingo? E depois, o senhor vê algum
policial por aqui? Uma vez por semana a gente vê um carro passando, com a
policia dentro, o senhor num acha um absurdo?
- Acho Pijuriu, e ainda por cima, a CAERN fica abrindo
buraco, e não concerta. Deixou uma vala imensa na estrada e com isso ela
conseguiu um engarrafamento da rótula da Roberto Freire, até aqui no Pium. Para
mim uma falta de responsabilidade e uma incompetência do ou dos engenheiros
responsáveis, ou irresponsáveis. A CAERN é costumeira nisso, começa o serviço e
não termina o povo que pague a conta.
- Ta certo “dotô” Guga, aliás, aqui
é o país das coisas que não se entende. Falta água, falta luz, falta “home”,
falta mulher. – interrompo a conversa e pergunto: falta homem e falta mulher?
Não entendi Pijuriu!
- “Dotô Guga, falta sim, o senhor
não está vendo a “ruma” de “home” virando mulher e de mulher virando “home” “doto”
Guga? Isso virou esculhambação, é uma putanhice só, num se tem mais vergonha
não, o povo tá perdido. E por falar em perdido o senhor já viu a “robalheira”
que anda por esse Brasil afora?
- É Pijuriu, esse não é o Brasil que
eu queria para os meus filhos, para os meus netos e nem para os seus também,
não queria isso para nenhum brasileiro, e o pior Pijuriu, é que a maioria
escolheu isso que estamos vendo. Dizem que é o Bolsa Família que elegeu esta
“mundiça,” que aí está, mas não é não Pijuriu, tem muita gente que estudou, e
estudou muito que defende esta roubalheira, é difícil de entender.
- É “dotô” Guga é difícil de
entender as coisas, o senhor num vê que um pai de um rapaz lá no Rio, pegou oito
anos de cadeia e “mais três ou quatro em casa” por que tentou subornar um
policial? “Inquanto” isso, esse doleiro, um tal de Youssef “robo” bilhões, mas
bilhões “dotô” Guga, e é condenado a três anos de cadeia e mais “dois em casa”
e o pior “dotô” Guga é que o fela da puta ainda vai receber um premio de num sei
quanto milhões, para recuperar dinheiro “robado”. Isso não revolta a gente?
Diga “dotô” Guga!
- Revolta Pijuriu, e isso é uma
demonstração que no Brasil o crime compensa, compensa para os ricos, para o
poderosos, para os ladrões chamados de colarinho branco, pois o de colarinho
preto, ou muitos sem colarinho se roubarem uma galinha para se alimentar vão
apodrecer na cadeia. A justiça nesse país é falha, muito falha nesse ponto, e
nós mortais não podemos fazer nada, nos resta protestar.
Mas, a conversa
está muito boa, vamos entrar, pois tem uma cervejinha bem gelada esperando a
gente, e Dona Alzira preparou uma ginga com tapioca. Vamos aproveitar ouvindo
Luiz Gonzaga. Vamos lá.
- Vamos “dotô” Guga, a gente não vai
“indireitar” esse Brasil “véio” de Guerra.
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