CASA DO ESTUDANTE DO RN, uma breve
história
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Com o
gradual retorno à normalidade política internacional, com o término da 2ª
Grande Guerra, tiveram início os primeiros movimentos reivindicatórios para
projetos e programas consistentes em todos os recantos do mundo.
O Brasil, no
mesmo passo que os demais países, despertou, a partir de 1945 os primeiros
ideais ansiados pela classe estudantil, a mesma que pressionou o País a se
definir no ingresso na guerra junto aos aliados, despertaram a necessidade de
se criar organismos de amparo à classe estudantil, com o ideário de término do
ciclo da ditadura que já perdurava desde 1930.
Com a queda
de Getúlio a eleição de Marechal Dutra, foi aprovada a em 1946 nova
Constituição, conhecida como a da redemocratização, restituindo, de maneira
mais palpável, a possibilidade do atendimento das reivindicações dos
estudantes, criando-se, em vários estados brasileiros, as Casa de Estudantes.
No Estado do
Rio Grande do Norte, a classe estudantil se organizou através do “Comitê da
Juventude Potiguar”, somando um contingente de jovens idealistas que, de
imediato buscam do novo governo um apoio para abrigar os estudantes pobres
vindos do interior, o que se tornou realidade com a fundação da “Casa do
Estudante Pobre do RN”, conforme registra a ata da reunião do dia 7 de outubro
de 1945, realizada na sala 204 do Edifício Bila, no bairro da Ribeira, onde
funcionava a Comissão Executiva do Partido Social Democrático (PSD), por proposição do estudante Wellington Xavier
Bezerra.
Foi Secretário
da sessão, nomeado ad hoc o Senhor Djalma Nunes Fernandes, sendo
presentes Erildo L’ Erestre Monteiro, Dari de Assis Dantas, Wellington Xavier
Bezerra, Pedro Diógenes Fernandes, José Maria de Souza Luz e Pedro Xavier de
Carvalho. Contudo, ficou acertado, que a data considerada como da efetiva
criação da Casa é a de 02 de junho de 1946, e 21 de julho como da apresentação
e aprovação dos seus estatutos, levados a registro em Cartório.
A primeira
sede oficial foi na Rua Seridó, 455, inaugurada no dia 13 de outubro de 1946 e
os primeiros recursos foram obtidos com a ajuda da indústria e do comércio
locais.
Era então
Interventor do Estado o Senhor Ubaldo Bezerra de Melo, de tradicional família
potiguar e os primeiros representantes da Casa os jovens Dari Dantas,
Wellington Xavier e Djalma Nunes.
A Casa
contou com o apoio de agremiações como o Centro Estudantal Potiguar (CEP),
dirigido por Boanerges Soares de Araújo
e da Rádio Educadora de Natal (depois Rádio Poti), que reservou um horário para
servir de órgão informativo e elo com a sociedade, cujo primeiro programa
contou com a participação do historiador Luís da Câmara Cascudo e, em seguida,
do jornalista Eider Furtado de Mendonça e Menezes.
Daí em
diante começa a luta para a consolidação da Casa, que perdeu a expressão “Pobre”,
mediante a busca de fundos para a sua manutenção. Uma Comissão partiu para a
Capital da República, mrcê do apoio governamental do Dr. Claudionor Telógio de
Andrade, Secretário-Geral e do Professor Severino Bezerra, Diretor do
Departamento de Educação e do Dr. Teódulo Avelino, Diretor do SERAS, com um
resultado alvissareiro, graças ao apoio do jornalista Orlando Dantas, do Diário
de Notícias do Rio de Janeiro, dos parlamentares do Rio Grande do Norte e da
Colônia Potiguar ali residente, além de doações substanciais do Major Vaz,
Comandante da Base Aérea de Natal e da Legião Brasileira de Assistência.
Bem forrada
de recursos e com o apoio da sociedade, que abrilhantou inúmeras festas,
ocorreu a transferência da sede para novo endereço – Av. Hermes da Fonseca, em
dependências do Abrigo Melo Mattos, vizinho ao Estádio Juvenal Lamartine, no
Tirol, fato concretizado no dia 10 de setembro de 1946, por cessão do Governo
do Estado.
A solenidade
foi prestigiada por inúmeras autoridades, jornalistas, educadores, estudantes,
com destaque para o Professor Severino Bezerra, que também representou o Interventor
Ubaldo Bezerra, o Prefeito de Natal Sílvio Piza Pedroza, do DoutoresClaudionor
Telógio de Andrade, do Chefe de Polícia Dr. Manoel Varela de Albuquerque, do Juiz
de Menores de Natal, Dr. Carlos augusto Caldas da Silva, do Delegado de Ordem Política
e Social, Dr. Arnaldo Simonetti, do Dr.
Túlio Fernandes de Oliveira, Presidente da LBA, do Padre Eugênio de Araújo
Sales, representando o Bispo diocesano de Natal, do Dr. Otto de Brito Guerra,
representante da Escola Doméstica, do Sr. Richard A. Godfrey, Cônsul dos
Estados Unido9s em Natal, dos representantes da entidades estudantis CEP,
Ginásio 7 de Setembro e Colégio Nossa Senhora das Neves.
O ápice
aconteceu com o grande baile realizado nos salões do Atheneu feminino,
abrilhantado pela famosa orquestra do Maestro Severino Araújo, que tocou
gratuitamente.
Os primeiros
estudantes selecionados para abrigo na nova Casa comente ocorreu em março de
1947, quando, da mesma forma, tiveram inícios os problemas de manutenção,
passando em alguns momentos por crises de grande repercussão, o que vem se
repetindo periodicamente, mercê do menor ou nenhum apoio governamental.
A mudança
para a sua sede definitiva para o prédio histórico do antigo quartel do Batalhão
de Segurança do Estado (Polícia Militar), na Praça Coronel Lins Caldas nº 678,
que persiste até os dias presentes, aconteceu na gestão do Governador Sílvio
Pedroza, a partir de 22 de agosto de 1956.
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Referências:
ALUIZIO AZEVEDO, História da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, Comp.Ed.RN, 1982.
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA
GOMES, Casa do Estudante do RN é
penalizada. Artigo publicado em O JORNAL DE HOE, edição de 18.11.2014.
JOÃO BATISTA
MACHADO, Casa do Estudante: abandono e
insegurança. Artigo publicado em O Novo Jornal, (11.12.2014).
MANOEL MEDEIROS, Minha passagem pela Casa do Estudante do Rio
Grande do Norte, Gráfica Santa Maria, 1988.
NELLY CARLOS MAIA, Denúncia: Casa do Estudante, Abandono e
Perigo. Reportagem publicada na REVISTA BZZZ nº 14, agosto de 2014.
REPORTAGENS e
NOTICIÁRIOS de a Tribuna do Norte.
Declarações e
informações de residentes e ex-residentes da Casa do Estudante do RN.
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