domingo, 18 de janeiro de 2015


CASA DO ESTUDANTE DO RN, uma breve história

Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Com o gradual retorno à normalidade política internacional, com o término da 2ª Grande Guerra, tiveram início os primeiros movimentos reivindicatórios para projetos e programas consistentes em todos os recantos do mundo.
            O Brasil, no mesmo passo que os demais países, despertou, a partir de 1945 os primeiros ideais ansiados pela classe estudantil, a mesma que pressionou o País a se definir no ingresso na guerra junto aos aliados, despertaram a necessidade de se criar organismos de amparo à classe estudantil, com o ideário de término do ciclo da ditadura que já perdurava desde 1930.
            Com a queda de Getúlio a eleição de Marechal Dutra, foi aprovada a em 1946 nova Constituição, conhecida como a da redemocratização, restituindo, de maneira mais palpável, a possibilidade do atendimento das reivindicações dos estudantes, criando-se, em vários estados brasileiros, as Casa de Estudantes.
            No Estado do Rio Grande do Norte, a classe estudantil se organizou através do “Comitê da Juventude Potiguar”, somando um contingente de jovens idealistas que, de imediato buscam do novo governo um apoio para abrigar os estudantes pobres vindos do interior, o que se tornou realidade com a fundação da “Casa do Estudante Pobre do RN”, conforme registra a ata da reunião do dia 7 de outubro de 1945, realizada na sala 204 do Edifício Bila, no bairro da Ribeira, onde funcionava a Comissão Executiva do Partido Social Democrático (PSD),  por proposição do estudante Wellington Xavier Bezerra.
            Foi Secretário da sessão, nomeado ad hoc  o Senhor Djalma Nunes Fernandes, sendo presentes Erildo L’ Erestre Monteiro, Dari de Assis Dantas, Wellington Xavier Bezerra, Pedro Diógenes Fernandes, José Maria de Souza Luz e Pedro Xavier de Carvalho. Contudo, ficou acertado, que a data considerada como da efetiva criação da Casa é a de 02 de junho de 1946, e 21 de julho como da apresentação e aprovação dos seus estatutos, levados a registro em Cartório.
            A primeira sede oficial foi na Rua Seridó, 455, inaugurada no dia 13 de outubro de 1946 e os primeiros recursos foram obtidos com a ajuda da indústria e do comércio locais.
            Era então Interventor do Estado o Senhor Ubaldo Bezerra de Melo, de tradicional família potiguar e os primeiros representantes da Casa os jovens Dari Dantas, Wellington Xavier e Djalma Nunes.
            A Casa contou com o apoio de agremiações como o Centro Estudantal Potiguar (CEP), dirigido por  Boanerges Soares de Araújo e da Rádio Educadora de Natal (depois Rádio Poti), que reservou um horário para servir de órgão informativo e elo com a sociedade, cujo primeiro programa contou com a participação do historiador Luís da Câmara Cascudo e, em seguida, do jornalista Eider Furtado de Mendonça e Menezes.
            Daí em diante começa a luta para a consolidação da Casa, que perdeu a expressão “Pobre”, mediante a busca de fundos para a sua manutenção. Uma Comissão partiu para a Capital da República, mrcê do apoio governamental do Dr. Claudionor Telógio de Andrade, Secretário-Geral e do Professor Severino Bezerra, Diretor do Departamento de Educação e do Dr. Teódulo Avelino, Diretor do SERAS, com um resultado alvissareiro, graças ao apoio do jornalista Orlando Dantas, do Diário de Notícias do Rio de Janeiro, dos parlamentares do Rio Grande do Norte e da Colônia Potiguar ali residente, além de doações substanciais do Major Vaz, Comandante da Base Aérea de Natal e da Legião Brasileira de Assistência.
            Bem forrada de recursos e com o apoio da sociedade, que abrilhantou inúmeras festas, ocorreu a transferência da sede para novo endereço – Av. Hermes da Fonseca, em dependências do Abrigo Melo Mattos, vizinho ao Estádio Juvenal Lamartine, no Tirol, fato concretizado no dia 10 de setembro de 1946, por cessão do Governo do Estado.
            A solenidade foi prestigiada por inúmeras autoridades, jornalistas, educadores, estudantes, com destaque para o Professor Severino Bezerra, que também representou o Interventor Ubaldo Bezerra, o Prefeito de Natal Sílvio Piza Pedroza, do DoutoresClaudionor Telógio de Andrade, do Chefe de Polícia Dr. Manoel Varela de Albuquerque, do Juiz de Menores de Natal, Dr. Carlos augusto Caldas da Silva, do Delegado de Ordem Política e Social,  Dr. Arnaldo Simonetti, do Dr. Túlio Fernandes de Oliveira, Presidente da LBA, do Padre Eugênio de Araújo Sales, representando o Bispo diocesano de Natal, do Dr. Otto de Brito Guerra, representante da Escola Doméstica, do Sr. Richard A. Godfrey, Cônsul dos Estados Unido9s em Natal, dos representantes da entidades estudantis CEP, Ginásio 7 de Setembro e Colégio Nossa Senhora das Neves.
            O ápice aconteceu com o grande baile realizado nos salões do Atheneu feminino, abrilhantado pela famosa orquestra do Maestro Severino Araújo, que tocou gratuitamente.
            Os primeiros estudantes selecionados para abrigo na nova Casa comente ocorreu em março de 1947, quando, da mesma forma, tiveram inícios os problemas de manutenção, passando em alguns momentos por crises de grande repercussão, o que vem se repetindo periodicamente, mercê do menor ou nenhum apoio governamental.
            A mudança para a sua sede definitiva para o prédio histórico do antigo quartel do Batalhão de Segurança do Estado (Polícia Militar), na Praça Coronel Lins Caldas nº 678, que persiste até os dias presentes, aconteceu na gestão do Governador Sílvio Pedroza, a partir de 22 de agosto de 1956.
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Referências:
ALUIZIO AZEVEDO, História da Casa do Estudante do  Rio Grande do Norte, Comp.Ed.RN, 1982.
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Casa do Estudante do RN é penalizada. Artigo publicado em O JORNAL DE HOE, edição de 18.11.2014.
JOÃO BATISTA MACHADO, Casa do Estudante: abandono e insegurança. Artigo publicado em O Novo Jornal, (11.12.2014).
MANOEL MEDEIROS, Minha passagem pela Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, Gráfica Santa Maria, 1988.
NELLY CARLOS MAIA, Denúncia: Casa do Estudante, Abandono e Perigo. Reportagem publicada na REVISTA BZZZ nº 14, agosto de 2014.
REPORTAGENS e NOTICIÁRIOS de a Tribuna do Norte.
Declarações e informações de residentes e ex-residentes da Casa do Estudante do RN.

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