POEMAS DISPERSOS DE CIRO TAVARES
RONDÓ
Ciro José Tavares.
“É a tua tristeza o
que antiquíssimas estrelas
Dançando com sandálias de prata sobre o mar,
Cantam em sua alta e solitária
melodia.”
W. Yeats, in À Rosa na Cruz do
Tempo.
Ah!
Musa divina que solitária habitas
estrela nascente de constelação
inatingível.
Apenas tu sabes da adônica paixão
que me domina.
Alongo-me total para inexistir distância entre nós dois e peço
Que doída atravesses meu doído corpo
e venhas
ao meu encontro inspirar minha
canção.
Não tardes musa dos sonhos quero
sentir
o aroma de dálias e rosas desprendido do louro acobertado
pelo azul celeste da
tua túnica inconsútil.
Desejo embriagar-me dos teus beijos e neles ser eterno,
ao beber na taça dos teus lábios de romã o néctar dos deuses.
Amanhã, musa estelar, ao voltares à amplidão do universo,
antes que eu me afogue na tristeza da ausência,
leva-me na ternura das mãos entrelaçadas
DESPEDIDA
Ciro José Tavares.
No fim da madrugada veio e
despediu-se,
a claridade de miríades de acesos candelabros.
Por uma fração de segundos
aquietei-me nos Seus raios
que sumiram quando corri à janela
para abraçá-la e falar de amor.
Ressentido gritei para que deuses
escutassem:
Foges de mim, Selene porque tens
medo. Não queres a revelação
da enlouquecida e tardia paixão do
teu poeta solitário.
Amanhã serás quarto minguante, no
escuro do céu abandonada,
como se fosses uma cimitarra
suspensa na tristeza.
Ainda assim seguirei
esquecido amante dos mistérios,
até voltares
plenilúnio, explosão de luz de acessos candelabros
a mostrar sombras
silenciosas dos teus mares inalcançáveis.
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