domingo, 1 de junho de 2014



 

POEMAS DISPERSOS DE CIRO TAVARES


RONDÓ

                        Ciro José Tavares.

            “É a tua tristeza o que antiquíssimas estrelas

            Dançando com sandálias de prata sobre o mar,

            Cantam em sua alta e solitária melodia.”

            W. Yeats, in À Rosa na Cruz do Tempo.

 

            Ah!  Musa divina que solitária  habitas

            estrela nascente de constelação inatingível.

            Apenas tu sabes da adônica paixão que me domina.

            Alongo-me total  para inexistir distância entre nós dois e peço

            Que doída atravesses meu doído corpo e venhas

            ao meu encontro inspirar minha canção.

            Não tardes musa dos sonhos quero sentir

o aroma de dálias e rosas desprendido do louro acobertado

pelo azul  celeste da tua túnica inconsútil.

Desejo embriagar-me dos teus beijos e neles ser eterno,

ao beber na taça dos teus lábios de romã o néctar dos deuses.

Amanhã, musa estelar, ao voltares à amplidão do universo,

antes que eu me afogue na tristeza da ausência,

leva-me na ternura das mãos entrelaçadas

e frente ao tempo e ao espaço hás de ser  poema irresgatável.

 

DESPEDIDA
                        Ciro José Tavares.
 
            No fim da madrugada veio e despediu-se,
            a claridade de miríades de acesos candelabros.
            Por uma fração de segundos aquietei-me nos Seus raios
            que sumiram quando corri à janela para abraçá-la   e falar de amor.
            Ressentido gritei para que deuses escutassem:
            Foges de mim, Selene porque tens medo. Não queres a revelação
            da enlouquecida e tardia paixão do teu poeta solitário.
            Amanhã serás quarto minguante, no escuro do céu abandonada,
            como se fosses uma cimitarra suspensa na tristeza.
Ainda assim seguirei esquecido amante dos mistérios,
até voltares plenilúnio, explosão de luz de acessos candelabros
a mostrar sombras silenciosas dos teus mares inalcançáveis.
           
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário