Dom Hélder Câmara, pastor de uma Igreja pobre e materna
Logo após o Concílio Vaticano II, numa de suas conversas com Paulo VI Dom Hélder sugeriu: “Santo Padre, abandone seu título de rei e vamos reconstruir a Igreja como nosso Mestre, sendo pobres. Deixe os palácios do Vaticano, vá morar numa casa na periferia de Roma. Pode até ter uma praça para saudar e abençoar as ovelhas. Depois, Santo Padre, convide a todos os bispos a largarem tudo o que indica poder, majestade: báculos, solidéus, mitras, faixas peitorais, batinas roxas. Vamos amontoar tudo na Praça de São Pedro e fazer uma grande fogueira, dizendo de peito aberto para o povo: “Vejam! Não somos mais príncipes medievais. Não moramos mais em palácios. Todos somos pastores, somos pobres, somos irmãos”.
Dom Hélder fez o mesmo quando foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Vestiu uma batina branca, com um cordão pendurou uma cruz no peito; deixou o Palácio dos Manguinhos e foi morar na sacristia da Igreja das Fronteiras. Ergueu uma parede para fazer um quartinho, onde tinha a cama e uma mesa para estudar e escrever. Nunca mais vestiu outro paramento que uma túnica branca e a estola, nem nas mais solenes procissões. Quando ia a recepções em Roma, bispos, arcebispos e cardeais brilhavam nas sedas e púrpuras. Entrava Dom Hélder, baixinho, pobre, vestido apenas com sua batina branca, e as câmaras se afastavam do brilho das vestes para focalizar o brilho carismático de um pastor.
Um pequeno e seleto grupo de bispos assumiu o mesmo compromisso após o Concílio, colocando-o em prática ao retornar a suas dioceses; decisão essa denominada “o Pacto das Catacumbas”.
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