CARTAS DE COTOVELO –
2013.6
Carlos Roberto de
Miranda Gomes, escritor-veranista
E MUDOU ALGUMA COISA?
De uma só tirada li o livro
“VERDADEIRO – a história do PSD potiguar”, do estimado médico e amigo Lauro
Bezerra, que já transitou pelas lides políticas do nosso Estado e testemunhou
fatos marcantes e pessoas notáveis.
Ao traçar o caminho do Partido
Social Democrático, desde o seu nascedouro em 17 de julho de 1945, a nível
nacional, no embalo da redemocratização do Brasil, até a sua extinção com o Ato
Institucional nº 2, de 26 de outubro de 1965, resgata a biografia de
personagens já esquecidas, mas que deixaram um legado para a nossa história.
Manteve-se no apogeu, elegendo
dois Presidentes da República – o General Eurico Gaspar Dutra e o médico
Juscelino Kubitschek, em 1945 e 1955, respectivamente, participando do segundo
governo Vargas (1951-1954) e elegendo Tancredo Neves como Primeiro Ministro do
efêmero Governo parlamentarista.
Suas origens ideológicas pendiam
para características conservadoras, pragmáticas e realistas, congregando o
clientelismo dos antigos interventores getulistas do Estado Novo, conciliando
com os interesses das elites rurais e da burguesia industrial.
Registra os eventuais
ressurgimentos da legenda, como aconteceu em 1987, no período de transição do
regime militar para o civil, onde foi registrado com o nº 41, mas sem expressão
e a terceira investida em 2011, com o nº 55, ainda em fase de formatação.
Em nosso Estado foi criado em 23
de maio de 1945, tendo em João Severiano da Câmara o seu expoente maior, embora
por prazo diminuto, haja vista o seu prematuro falecimento, quando era apontado
como o futuro governador.
As narrativas do autor me
trouxeram lembranças vividas no seio da família, pois “Vanvão” era casado com
Dona Maria, irmã mais velha de papai e, tempos depois, com Jessé Freire, casado
com minha tia Elza Miranda.
Lembro-me da acirrada campanha
que levou Aluízio Alves ao Palácio Potengi, em 1960, o qual foi logo trocado
para Palácio da Esperança e, em que pese ter realizado uma gestão de grandes
progressos, mas, igualmente, plantou uma semente de discórdia e radicalismo,
que fez vítimas, uma das quais um cunhado meu, que era declaradamente “Dinartista”.
O governador AA empolgava o
eleitorado menos esclarecido, cognominado pejorativamente de “gentinha”,
utilizando-se de uma dialética populista.
Na campanha eleitoral de 1962
dela se utilizou para promover um estado de tensão política, anunciando uma
possível “brejeira” no resultado do pleito, caso não houvesse a garantia de força federal, providência
algumas vezes reivindicadas pelo TRE-RN e não respondida pelo TSE ao ponto de o
Tribunal Regional, com o parecer do Procurador Manoel Varela de Albuquerque,
ter determinado a suspensão das eleições no RN, oportunidade em que foi
interpelado pelo Presidente do TSE sobre o assunto, sendo mantido o seguinte
diálogo:
“Senhor Presidente, é verdade que
o TRE suspendeu as eleições no RN? Sim, Excelência! Por que? Pela falta de
resposta ao nosso pedido de força federal. Mas o General Muricy informou que o
Governador do Estado tem condições de garantir o pleito! Senhor Ministro, neste
exato momento, em frente ao Palácio da Esperança está sendo realizado um
Comício e o Governador aponta para este Tribunal, que fica ao lado, afirmando
que ele não quer tropa federal para admitir uma fraude eleitoral.” Termina o
diálogo, tendo como conseqüência o chamamento da autoridade militar a Recife,
assumindo em seu lugar o Ten-Cel. Rolindino Manso Maciel que determinou o
deslocamento da tropa para o interior.
Registre-se que por medida de
segurança, houve a determinação para que todas as cédulas fossem autenticadas
pelos juízes eleitorais e o pleito transcorreu dentro da normalidade e o fogo
foi apagado, mas não a história!
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