domingo, 2 de setembro de 2012

VARIAÇÕES DE TEMAS EM FORMA DE POESIA

P O E M A   D A    G A R E  DE   
A R T E P O V O

Mário Quintana

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astropovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ... e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Este irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A Morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega  pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz : ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos de infância!



falso-profeta

"Mentiras"

Passei o tempo mentindo
menti que não sofria 
menti até que vivia
menti que não morria

E quando descobri a verdade

Menti que não te amava 
menti que não tinha saudade

(
Maia Pinto)




O TEMPO DE DEUS
A D. Nivaldo Monte, in memoriam

Eis o tempo que me resta:
nenhum.

A noite faz de minha voz
uma ilusão.

Mas há a Vossa eternidade
e nela, perene, caminho.

(Horácio PaivaDo Livro 
"Canto da Quase Aurora").



VIDA
Carlos Gomes para Félix Contreras


Profunda, quase abissal,

infinita, quase eterna,

alegre ou aflita.

Começa e, paradoxalmente,

em átimo de tempo, termina.

Retorna?

Mistério profundo, 

quase abissal!



 "Carta a Los Hijos"

 (Carta aos Filhos/Poema: Félix Contreras).
 Tradução: Horário Paiva

"Escrevo-lhes, filhos,
 para que não afastem de mim
 tão depressa a infância que lhes dei.
 Preciosos hóspedes de minhas manhãs, venham todos os dias
 aos recantos paternos de

 minha alma
 e às esquecidas venturas.
 Eu, que fui criança agonizando
 diante da aurora,
 eu, o filho
 daquele pai senhor da angústia.
Filhos que apartam o sal das feridas,
 sigam enchendo de alegria
 este coração de sonhos."

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