quinta-feira, 26 de maio de 2011


Fonte: ALDEIA POTI
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quarta-feira, 25 de maio de 2011
ATRASOS RECOMENDAM ADIAR DEMOLIÇÃO
Atrasos em relação à Copa recomendam adiar demolição
ROBERTO GUEDES

Algumas constatações divulgadas nos últimos dias por observadores credenciados daqui e do centro-sul do país deixaram na contramão a governadora Rosalba Ciarlini, a prefeita Micarla de Souza e o choque entre a veemência verbal e o desalento visual com que o secretário estadual da Copa, engenheiro Demétrio Paulo Torres, tentou desfazer a imagem de que Natal está na marca do pênalti em termos de sediar jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2.014.

Três delas merecem destaque. A mais recente edição da “Veja”, de longe a mais vendida revista semanal de informação do país, desembarcou aqui dizendo que Natal não tem a menor possibilidade de construir o estádio “Arena das Dunas”, adredemente
planejamento como sede dos jogos.

Num quadro apensado à reportagem para mostrar quando estariam prontos os catorze estádios eleitos para o certame, a revista disse que o “Arena das Dunas” nunca será concluído.

Em seguida, veio o “site” Globoesporte, mostrando que Natal é “uma das sedes mais atrasadas para a Copa do Mundo de 2014”.

Por último, falou o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), exatleta e um dos maiores defensores da atração de jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2.014 para Natal. Trata-se do homem que em janeiro deste ano conseguiu ressuscitar a permanência de Natal como sub-sede da copa. Recorde-se que o parlamentar exerceu então fortíssima pressão pessoal, dessas que só muita amizade permite, sobre o presidente da Confederação Brasileira de Futebol(CBF), empresário Ricardo Teixeira, que esta semana novamente se viu enrascado em denúncias de corrupção na Federação
Internacional (Fifa), da qual foi diretor na gestão do sogro João Havelange.

Apesar de Demétrio ter procurado desqualificá-lo anteontem, declarando-o desinformado, Henrique Eduardo deve ser o norte-rio-grandense que mais investiu de capital próprio na tentativa de garantir a permanência de Natal na Copa, pois arrostou em várias frentes seu prestígio pessoal e o de seu cargo de líder do PMDB na câmara federal, chegando até a desfazer declarações de ministros de Estado a respeito do insucesso da candidatura potiguar.

Depois de recorrentes intervenções em que lutou contra quase tudo e todos para garantir para Natal a sub-sede ainda hoje pleiteada por outras capitais estaduais que sobraram na escolha da Fifa, no último fim de semana Henrique Eduardo capitulou.

Reconheceu, pela primeira vez que a situação desta cidade está muito difícil perante o calendário de obras para a Copa:

“Sou forçado a admitir entraves na consolidação da Copa de 2014 em Natal”, disse o Deputado a um jornal natalense. “Providências e fatos concretos em relação ao Estado e Prefeitura precisam de urgente reavalição e consequente aceleração”, avançou.

Ou seja: de maioria, Demétrio, Micarla e Rosalba viraram minoria. Antes porta-vozes do monólito que sobre a Copa detinha a verdade na ponta da língua, arvorando-se num projeto de estádio plasticamente composto apenas em versão gráfi ca em computador
e sem qualquer correspondência técnica, como provou o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), engenheiro Adalberto Pessoa de Carvalho, os três passaram, em poucos dias, a ser os únicos norte-rio-grandenses a dizer cabalmente que Demétrio, Micarla e Rosalba, assim como os ex-governadores Iberê Ferreira de Souza e Wilma de Faria e o ex-prefeito Carlos Eduardo Nunes Alves
fizeram, e no devido tempo, o dever de casa em relação à Copa que, de outra forma, talvez hoje até lhes rendesse o capital eleitoral que gostariam de criar e poupar em função do evento.

O confronto entre o discurso de Demétrio, Micarla e Rosalba, pela ordem alfabética, e as constatações em contrário sugere que mais do que nunca o Rio Grande do Norte está na iminência de reproduzir aquele salto do início do filme “Um corpo que cai”, de Alfred Hitchcock.

É a cena em que um policial tenta pular do alto de um edifício para outro, a poucos metros de distância, e cai, estatelando-se vários metros abaixo, entre as duas construções.

Seria igual a Natal saltar do Machadão apenas para a miragem da “Arena das Dunas”
e se estatelar sobre os escombros do estádio atual.

Esta é a imagem que há mais de dois anos alguns defensores da preservação do estádio João Machado invocam quando dizem que a conduta dos governantes potiguares pode destruir o estádio atual e deixar Natal sem o sucedâneo exigido pela CBF.

Talvez seja em decorrência destas constatações que, contrapondo-se cautelosamente
a seu próprio discurso de até então, neste início de semana Demétrio passou a admitir que ainda não tem data para o início da destruição do “Poema de Concreto” erigido pelo arquiteto Moacir Gomes da Costa. E talvez seja por isto que desde a última sexta- feira alguns defensores do Machadão passaram a espalhar em Natal a informação de que os governantes locais resolveram demolir o estádio na calada da noite, alojando esta cidade, irremediavelmente, no papel do malfadado policial hitchcockiano que se perdeu entre fi car no lugar seguro em que estava e aventurar-se em vôo além do seu alcance.

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