quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 

A MALDIÇÃO DO VICE

Curiosidades Políticas

 

Valério Mesquita*

mesquita.valerio@gmail.com

 

Todas as eleições municipais que participei e liderei em Macaíba desde 1972, a escolha do vice-prefeito sempre foi traumática. Certa vez, quando fui sondado pelo vereador Anri Protásio de São Gonçalo para ir ao encontro do diretório estadual do PMDB tratar o assunto da sua indicação na vice da chapa do prefeito, neguei-me a acompanha-lo, não por desapreço a sua pessoa que eu respeito e considero, mas em virtude de entender que esse problema pertencia a alçada do então deputado Alexandre Cavalcanti e do próprio Poti Júnior, então candidato a prefeito. Ponto final. Foi ai que me lembrei de 1972, em Macaíba. Candidato a prefeito, fui escolher o meu vice no sistema adversário: vereador Célio de Figueiredo Maia. À época, enfrentei várias dificuldades com o saudodo vereador Silvan Pessoa que se apresentou como candidato natural. Com muita luta a situação foi contornada. Em 1976, escolhemos Silvan Pessoa para prefeito e para vice três nomes disputavam a preferência: Adão Varela Revoredo, José Alves Machado e Jorge Jonas de Lima, todos vereadores. A escolha recaiu, por sorteio, em Jorge Jonas de Lima, deixando várias defecções entre os correligionários.

Em 1982, a candidata a prefeita foi Odiléia Mércia da Costa Mesquita e a vice era disputada pelos comerciantes Elias Abdias e Francisco Saraiva Maia. Detive-me no nome do amigo Francisco Saraiva Maia, vulgo Chicuta, de saudosa memória e amarguei a revolta de Elias Abdias que ficou na oposição. Em 1988, a dose venenosa foi ampla. Apresentei Mônica Dantas à sucessão, cujo nome a então prefeita Odiléia reagiu energicamente. Insisti e mantive a sua candidatura, sendo que, para a vice indiquei o vereador mais votado no nosso sistema: Francisco Pereira dos Santos. A revolta da prefeita Odiléia foi quase incontornável. Havia atritos recentes do escolhido com a sua família. Após um verdadeiro campeonato de persuasões, o nome foi mantido. Em 1992, para suceder Mônica, Odiléia se recandidatou e para vice apontei Silvan Pessoa. No páreo havia outras expectativas de indicação, tais como, o advogado Jansen Leiros Ferreira e o vereador Kleber Moura. O nome de Silvan Pessoa e Silva passou deixando sequelas e ressentimentos, aos dois últimos.

Em 1996, o processo eleitoral foi conturbadíssimo. Pelo PMDB, surgiram candidatos a prefeito as senhoras Mônica Dantas e Cistina Andrade e Dione Almeida pelo PL. Tive que me lançar candidato para manter o nome de Luizinho do PMDB. Aceita a sua candidatura, retirei a minha mas, o PPB não logrou indicar o vice da chapa porque o presidente local do PMDB detinha o controle total do diretório e só homologaria Luis Gonzaga Soares se aceitássemos o professor João Inácio Filho do PMDB para vice. Foi a última decisão de vice, complexa e contraditória que confirmou, mais uma vez, a regra. Depois, no ano de 2000, novamente a escrita foi reeditada. O PPB reivindicou a vice de Luizinho. O professor João Inácio lutou para permanecer na chapa. E, correndo por fora, outros nomes de maior consistência política mas, foram rejeitados. Aí ocorreram mais rompimentos. Seria a vice, em Macaíba, uma função tão maldita, difusa e confusa ao longo desses 40 anos? É provável. É factível. Hoje, em Macaíba, o prefeito e o vice, estão rompidos politicamente. Que coisa!!!

 

(*) Escritor.

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