A MALDIÇÃO DO VICE
Curiosidades Políticas
Valério Mesquita*
Todas as eleições
municipais que participei e liderei em Macaíba desde 1972, a escolha do
vice-prefeito sempre foi traumática. Certa vez, quando fui sondado pelo
vereador Anri Protásio de São Gonçalo para ir ao encontro do diretório estadual
do PMDB tratar o assunto da sua indicação na vice da chapa do prefeito,
neguei-me a acompanha-lo, não por desapreço a sua pessoa que eu respeito e
considero, mas em virtude de entender que esse problema pertencia a alçada do
então deputado Alexandre Cavalcanti e do próprio Poti Júnior, então candidato a
prefeito. Ponto final. Foi ai que me lembrei de 1972, em Macaíba. Candidato a
prefeito, fui escolher o meu vice no sistema adversário: vereador Célio de
Figueiredo Maia. À época, enfrentei várias dificuldades com o saudodo vereador
Silvan Pessoa que se apresentou como candidato natural. Com muita luta a
situação foi contornada. Em 1976, escolhemos Silvan Pessoa para prefeito e para
vice três nomes disputavam a preferência: Adão Varela Revoredo, José Alves
Machado e Jorge Jonas de Lima, todos vereadores. A escolha recaiu, por sorteio,
em Jorge Jonas de Lima, deixando várias defecções entre os correligionários.
Em 1982, a candidata a
prefeita foi Odiléia Mércia da Costa Mesquita e a vice era disputada pelos
comerciantes Elias Abdias e Francisco Saraiva Maia. Detive-me no nome do amigo Francisco
Saraiva Maia, vulgo Chicuta, de saudosa memória e amarguei a revolta de Elias
Abdias que ficou na oposição. Em 1988, a dose venenosa foi ampla. Apresentei
Mônica Dantas à sucessão, cujo nome a então prefeita Odiléia reagiu
energicamente. Insisti e mantive a sua candidatura, sendo que, para a vice indiquei
o vereador mais votado no nosso sistema: Francisco Pereira dos Santos. A
revolta da prefeita Odiléia foi quase incontornável. Havia atritos recentes do
escolhido com a sua família. Após um verdadeiro campeonato de persuasões, o
nome foi mantido. Em 1992, para suceder Mônica, Odiléia se recandidatou e para
vice apontei Silvan Pessoa. No páreo havia outras expectativas de indicação,
tais como, o advogado Jansen Leiros Ferreira e o vereador Kleber Moura. O nome
de Silvan Pessoa e Silva passou deixando sequelas e ressentimentos, aos dois
últimos.
Em 1996, o processo
eleitoral foi conturbadíssimo. Pelo PMDB, surgiram candidatos a prefeito as
senhoras Mônica Dantas e Cistina Andrade e Dione Almeida pelo PL. Tive que me
lançar candidato para manter o nome de Luizinho do PMDB. Aceita a sua
candidatura, retirei a minha mas, o PPB não logrou indicar o vice da chapa
porque o presidente local do PMDB detinha o controle total do diretório e só
homologaria Luis Gonzaga Soares se aceitássemos o professor João Inácio Filho
do PMDB para vice. Foi a última decisão de vice, complexa e contraditória que
confirmou, mais uma vez, a regra. Depois, no ano de 2000, novamente a escrita
foi reeditada. O PPB reivindicou a vice de Luizinho. O professor João Inácio
lutou para permanecer na chapa. E, correndo por fora, outros nomes de maior
consistência política mas, foram rejeitados. Aí ocorreram mais rompimentos.
Seria a vice, em Macaíba, uma função tão maldita, difusa e confusa ao longo
desses 40 anos? É provável. É factível. Hoje, em Macaíba, o prefeito e o vice,
estão rompidos politicamente. Que coisa!!!
(*) Escritor.
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